Vereador do Rio é preso acusado de matar enteado, polícia diz que mãe sabia de agressões
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O vereador pelo Rio de Janeiro Dr. Jairinho (Solidariedade) foi preso nesta quinta-feira acusado de torturar e matar o enteado de apenas 4 anos de idade, e a mãe da criança também foi presa acusada pela Polícia Civil de saber das agressões sofridas pelo filho e, ainda assim, se manter ao lado do vereador, informou a polícia.
Os dois foram detidos em Bangu, na zona oeste, na casa de um parente, um mês após a morte do menino Henry Borel. Os dois ficarão presos por 30 dias também sob acusação de atrapalharem as investigações do caso, disse a polícia.
"A mãe não comunicou a polícia, não afastou o agressor de uma criança de quatro anos. Ela esteve em sede policial, prestando depoimento por quatro horas, dando uma declaração mentirosa e protegendo o assassino do próprio filho. Ela aceitou esse resultado. Ela se manteve firme ao lado dele, mantendo uma versão absolutamente mentirosa", disse a jornalistas o delegado do caso, Henrique Damasceno.
"Nós encontramos no celular da mãe prints de conversa que foram uma prova extremamente relevante, já que são do dia 12 de fevereiro, e o que nos chamou a atenção é que era uma conversa entre a mãe e a babá que revelava uma rotina de violência que o Henry sofria", acrescentou.
A criança vivia com a mãe e com o padrasto em um apartamento na Barra da Tijuca. O casal sempre negou envolvimento na morte, mas a Polícia Civil do Rio de Janeiro tratava os dois como investigados.
Ao longo de um mês de investigação a polícia ouviu quase 20 pessoas, incluindo o casal, e apreendeu celulares e computadores. De acordo com a polícia, conversas em grupos de mensagem apontaram que o vereador agredia o menino e a mãe tinha conhecimento. A babá de Henry também denunciou as agressões.
Segundo a polícia, o vereador tem um histórico de agressões a ex-companheiras e ex-enteados, o que reforçou as suspeitas dos investigadores.
"Não há dúvidas da autoria do crime", disse Damasceno.
No dia da morte da criança, o pai de Henry o deixou com a mãe e o padrasto e, horas depois, foi avisado de que o menino estava no hospital em estado grave.
Segundo as investigações, o menino chegou ao hospital já praticamente morto. Um executivo do hospital recebeu uma ligação de Jairinho para pedir a pronta liberação do corpo, mas o pedido não foi aceito.
Um exame feito pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que a criança tinha lesões, edemas e lacerações que seriam incompatíveis com a suposta queda da cama alegada pela mãe e pelo padrasto e indicavam uma agressão.
O vereador foi afastado do partido e pode ser expulso do Solidariedade. A Câmara Municipal do Rio suspendeu os salários de Jairinho e o Conselho de Ética da Casa se reúne nesta quinta para definir punições ao parlamentar.
"Precisamos de uma medida cautelar contra o vereador e a Justiça tem que ser provocada. Defendemos o afastamento imediato do vereador e, com base no inquérito, vamos elaborar uma representação para que haja um processo de cassação dele. O crime de que Jairinho é acusado é hediondo e abominável", disse a jornalistas o vereador Chico Alencar (PSOL).
Jairinho foi líder de governo dos prefeitos Marcelo Crivella (Republicanos) e no mandato anterior do atual prefeito Eduardo Paes (DEM).
Procurados, os advogados do vereador não responderam a pedidos de comentários.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.