Lagarde diz que economia da zona do euro ainda anda de muletas
FRANKFURT (Reuters) - A economia da zona do euro ainda está apoiada nas "duas muletas" do estímulo monetário e fiscal, e isso não pode ser retirado até que haja uma recuperação total, disse nesta quarta-feira a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
Os comentários, feitos no evento Reuters Newsmaker, marcaram uma rara intervenção de Lagarde no debate de política econômica e sinalizaram um contraponto a sugestões, expressas por alguns presidentes de bancos centrais da zona do euro na semana passada, de que o BCE comece a reduzir suas compras emergenciais de títulos já em julho.
"Pense em um paciente que saiu de uma crise profunda, mas ainda usa duas muletas", disse Lagarde no evento Reuters Breakingviews.
"Você não quer remover nenhuma muleta, a fiscal ou a monetária, até que o paciente possa realmente andar bem, e fazer isso significa dar suporte até que a recuperação esteja bem avançada."
Em março, o BCE acelerou o ritmo de seu Programa de Compra de Emergência Pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) para conter um aumento nos rendimentos dos títulos e manter o crédito barato para governos, empresas e famílias afetadas pela Covid-19.
Os membros do comitê que define as taxas de juros da zona do euro devem se reunir novamente na próxima semana e, embora nenhuma mudança de política monetária seja esperada, os chefes dos BCs do bloco devem começar a discutir o futuro do PEPP.
O presidente do banco central holandês, Klaas Knot, pediu em entrevista à Reuters na semana passada redução no ritmo de compras de títulos a partir do terceiro trimestre, apelo ecoado por seu colega austríaco, Robert Holzmann.
O tom de Lagarde nesta quarta-feira parecia mais cauteloso do que na reunião do BCE em março. Ela citou dúvidas entre as autoridades de saúde sobre as vacinas contra a Covid-19 produzidas por AstraZeneca e Johnson & Johnson.
"Ainda estamos inundados de incerteza", disse Lagarde.
O instável processo de vacinação na Europa se deparou com mais problemas nesta quarta-feira, depois de a J&J adiar a distribuição de vacinas no continente e a Dinamarca informar que descartaria a vacina da AstraZeneca por causa do risco de coagulação do sangue.
(Reportagem de Francesco Canepa e Balazs Koranyi)
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