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BC está otimista com crescimento e vigilante com disseminação da inflação, diz Campos Neto

Presidente do BC também se disse confiante na possibilidade de reabertura da economia no 2º semestre - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Presidente do BC também se disse confiante na possibilidade de reabertura da economia no 2º semestre Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

31/05/2021 14h44

BRASÍLIA (Reuters) -O Banco Central está otimista com a reação da economia e vigilante com a inflação, disse nesta segunda-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

Em intervenção em painel no Fórum de Investimentos Brasil 2021, organizado pelo governo, Campos Neto destacou que os indicadores antecedentes mostram que a economia brasileira teve uma melhora no primeiro trimestre e que o segundo trimestre está "um pouquinho melhor".

"Acho que a grande dúvida é o segundo semestre, o quanto de recuperação de serviços já veio, quanto vai vir", disse Campos Neto. "Mas a gente acha que, olhando o tema da vacinação, vai nos proporcionar uma abertura, uma possibilidade de abertura maior no segundo semestre."

Ele acrescentou que a economia parece estar reagindo melhor à segunda onda da pandemia, mesmo com os índices de hospitalizações e óbitos mais severos do que o visto na primeira onda, no ano passado.

"De uma forma geral estamos otimistas aí com o crescimento da economia, com a forma como a economia está reagindo. Estamos otimistas também com a possibilidade de reabertura no segundo semestre."

O presidente do BC disse, ainda, que ao promover uma alta de juros acima do esperado pelo mercado, a intenção foi conter a disseminação da inflação. O Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu duas altas de 0,75 ponto percentual na taxa Selic desde março, a 3,5% ao ano, e indicou a intenção de promover um terceiro aperto da mesma magnitude em junho.

"O Banco Central está olhando vigilante a inflação, olhando a disseminação", afirmou Campos Neto.

EMERGENTES X DESENVOLVIDOS

Ao ser questionado sobre como a economia mundial vai emergir da crise da pandemia, Campos Neto chamou atenção para as diferenças do impacto da crise para o mundo desenvolvido e os mercados emergentes.

Ele afirmou que, ainda que o aumento do endividamento tenha sido generalizado, o aumento do fator de risco para os emergentes foi muito maior. O impacto da alta das commodities também pesou mais para a inflação nos países emergentes, onde houve desvalorização das moedas e o peso da inflação de alimentos é proporcionalmente maior. Além disso, o acesso à vacinação tem sido mais lento entre os emergentes, lembrou.

Para ele, o fator mais importante será a constatação de que esse processo inflacionário nos países desenvolvidos é temporário ou, ao contrário, de que os bancos centrais possam estar atrasados no processo de aperto monetário.

"No primeiro caso é um processo benigno para o mundo emergente, no segundo não. Acho que esse é o ponto que a gente precisa observar", afirmou.

Campos Neto disse, ainda, que o crescimento econômico no Brasil só virá com investimentos privados, o que requer credibilidade --que por sua vez está relacionada à questão fiscal. Nesse sentido, ele reforçou a importância das reformas econômicas, frisando que elas são fundamentais para o crescimento sustentável.

(Por Isabel Versiani; edição de Camila Moreira e Maria Pia Palermo)