Calote da dívida causaria dano "irreparável" aos EUA, volta a alertar Yellen
(Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, concordou nesta quinta-feira que qualquer calote da dívida dos EUA causaria danos irreparáveis, bem como uma crise financeira e recessão.
Questionada por um membro do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara se o dano causado pelo não cumprimento das obrigações de dívida do governo federal seria "irreparável", Yellen respondeu: "Sim".
Seus comentários foram os mais recentes de uma série de advertências que Yellen tem emitido, conforme o Congresso dos EUA permanece num impasse em torno da questão de levantar ou suspender o limite da dívida, em meio ainda a disputas sobre a agenda legislativa da maioria democrata e do governo Biden.
Yellen disse que o governo ficará sem dinheiro por volta de 18 de outubro, a menos que o Congresso aumente o limite da dívida federal, atualmente de 28,4 trilhões de dólares. Após essa data, o Tesouro estaria "simplesmente em uma situação impossível", disse ela durante apresentação perante o comitê nesta quinta-feira.
"Não seremos capazes de pagar todas as contas do governo", completou.
O teto da dívida voltou a entrar em vigor em agosto, após uma suspensão de dois anos, e o Departamento do Tesouro tem empregado "medidas extraordinárias" para financiar o governo desde então.
Yellen, no início desta semana, disse aos parlamentares que essas medidas se esgotarão em meados de outubro, antes do que a maioria dos analistas esperava, e, depois disso o país não terá fundos suficientes para cumprir todas as suas obrigações, que vão desde pagamentos da Previdência Social a pagamentos de juros sobre os Treasuries.
Deixar de cumprir essas obrigações marcaria o primeiro calote dos EUA, que Yellen disse repetidamente que seria "uma catástrofe".
"Provavelmente acabaremos em uma crise financeira, certamente uma recessão", disse Yellen ao Comitê da Câmara nesta quinta-feira. Também teria "consequências mais duradouras de juros mais altos para todos que tomam empréstimos".
Isso porque a classificação de crédito dos EUA certamente seria rebaixada, e os credores internacionais —que há muito procuram a dívida do Tesouro norte-americano devido à credibilidade do governo dos EUA— não veriam mais esses títulos como "livres de risco". Isso tornaria mais caro para o governo federal —e todos os outros— tomar empréstimos.
O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a capacidade do banco central dos EUA de conter as consequências de tal evento é limitada.
"Ninguém presuma que podemos realmente fazer muito", disse Powell aos parlamentares nesta quinta-feira. "Ninguém deve presumir que o Federal Reserve ou qualquer outra pessoa pode proteger o povo norte-americano das consequências disso."
(Por Dan Burns)
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