Ibovespa fecha com alta modesta antes de feriado e dado de inflação dos EUA
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira, refletindo certa cautela antes de feriado no Brasil, quando estão previstos dados de inflação nos Estados Unidos que podem ajudar a calibrar as expectativas de agentes financeiros para os próximos passos do Federal Reserve.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,27%, a 117.050,74 pontos, no quarto avanço seguido e recuperando o patamar dos 117 mil pontos perdido em setembro. O desempenho foi apoiado principalmente nas ações dos bancos e da Vale. O volume financeiro somou 18 bilhões de reais.
Na quinta-feira, a B3 estará fechada, mas Wall Street funciona e a pauta do dia destacará o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA do mês passado, que deve ajudar a calibrar as apostas para as próximas decisões de política monetária do banco central norte-americano.
De acordo com o analista da Terra Investimentos Luis Novaes, desde os dados do mercado de trabalho conhecidos na semana passada, com criação acima do previsto de vagas de emprego, investidores aguardam a divulgação do CPI para ter uma noção melhor do que deve acontecer.
Ele acrescentou que falas recentes de membros do Fed ajudaram a diminuir o receio de investidores quanto à chance de uma nova alta dos juros ainda esse ano, considerando que o avanço recente nos rendimentos dos Treasuries pode aperta as condições financeiras sem a necessidade da atuação do BC.
"Ainda assim, a perspectiva de que o Fed irá manter as taxas por um período maior do que se esperava nos últimos meses permanece", afirmou, avaliando que a ata da última reunião de política monetária do Fed contribui para essa tese.
O CPI está previsto para as 9h30, com previsões apontando para uma alta de 0,5% na base mensal.
Novaes ainda chamou a atenção para o aumento da tensão no Oriente Médio, em meio aos confrontos entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas, que tem preocupado dado o risco de mais países se envolverem no conflito e os potenciais efeitos negativos na cadeia produtiva e logística do petróleo.
"Vemos o mercado bem cauteloso, até mesmo no exterior, considerando a perspectiva ainda incerta para os juros americanos e impactos do conflito no Oriente Médio", disse.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou com um acréscimo de 0,43%. No mercado de Treasuries, os rendimentos voltaram a ceder. O título de 10 anos marcava 4,5603% no final da tarde, de 4,655% na véspera.
No Brasil, o IBGE divulgou que o IPCA fechou setembro com elevação de 0,26%, depois de alta de 0,23% em agosto, ficando abaixo das expectativas de economistas (+0,34%). Em 12 meses até setembro, houve avanço de 5,19%, de 4,61% em agosto, contra projeção de 5,27%.
"O resultado divulgado hoje é consistente com o processo de desinflação e com o cenário de inflação corrente benigna apontado pelo Banco Central no Brasil nas suas últimas comunicações", avaliou a equipe da Azimut Brasil Wealth Management.
Em nota a clientes, a equipe acrescentou que os dados permitem ao BC continuar o ciclo de cortes de juros ao ritmo de 0,50 ponto percentual por reunião com tranquilidade. "Dadas as incertezas do cenário externo, consideramos que poder continuar o ciclo de afrouxamento monetário já é uma grande vitória."
DESTAQUES
- VALE ON subiu 0,87%, a 67,36 reais, tendo como pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na China, em meio ao retorno das esperanças de que a China possa considerar a implementação de medidas de estímulo mais impactantes para apoiar sua economia em declínio. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações do dia com alta de 1%.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,27%, a 27,98 reais, enquanto BRADESCO PN fechou em alta de 1,45%, a 14,71 reais, fortalecendo o Ibovespa.
- PETROBRAS PN recuou 0,26%, a 35,12 reais, conforme os preços do petróleo no exterior fecharam em queda no exterior após dispararem no começo da semana. O barril de Brent encerrou o dia em baixa de 2,09%, a 85,82 dólares.
- GOL PN valorizou-se 4,56%, a 7,11 reais, e AZUL PN subiu 2,33%, a 13,64 reais, favorecidas pela queda do petróleo e relativa estabilidade do dólar ante o real. CVC ON, por sua vez, caiu 2,57%, a 3,03 reais, após ter avançado 20% nos dois pregões anteriores.
- 3R PETROLEUM ON avançou 1,59%, a 31,31 reais, tendo como pano de fundo relatório do Citi começando a cobertura dos papéis com recomendação de "compra" e preço-alvo de 55 reais.
- IRB(RE) ON perdeu 6,89%, a 40,97 reais. De acordo com reportagem publicada no site da revista Veja, a associação de investidores Instituto Empresa apresentou uma denúncia criminal no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra a resseguradora, citando ocorrência de crime de fraude contábil que teria lesado milhares de investidores em 2020. Procurado pela Reuters, o IRB(RE) não comentou de imediato.
- BRASKEM PNA cedeu 1,43%, a 19,31 reais. A companhia disse que "tomou conhecimento por meio da mídia" de decisão da Justiça que dá ganho de causa para demandas do Estado de Alagoas, mas que o valor a ser pago dependerá de avaliação de perícia. A ação foi aberta pela Defensoria e Estado de Alagoas em abril, que na época demandava da empresa indenização de 1,7 bilhão de reais para moradores da região de Flexais, atingidos, segundo o órgão, pelo afundamento de solo em Maceió.
- AMERICANAS ON, que não está no Ibovespa, saltou 6,25%, a 0,85 real, após a varejista revelar nova proposta encaminhada aos credores financeiros, que contempla uma injeção de curto prazo de 12 bilhões de reais em dinheiro pelos acionistas de referência da companhia. Na máxima do dia, os papéis chegaram a 0,95 real.
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