Importações de aço perdem fôlego em outubro, aponta Inda

SÃO PAULO (Reuters) - A importação de aços planos pelo Brasil perdeu ritmo em outubro após atingir um pico em setembro, com redução de estoques em um dos principais portos do país para a chegada do material, em um momento em que as usinas siderúrgicas têm reforçado cobrança para o governo impor restrições comerciais.

"(A importação) de outubro foi menor que o pico de setembro", disse o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos (Inda), Carlos Loureiro, a jornalistas.

Questionado sobre as indicações sobre o movimento futuro das importações nos próximos meses, o executivo comentou que "não tem havido aumento de fechamentos (de negócios de importação)", mas citou que as informações são preliminares entre alguns operadores do mercado.

Segundo os dados do Inda, a importação de laminados a quente no Brasil em outubro caiu quase 26% ante o pico de setembro, quando o volume importado somou 90,7 mil toneladas. Em laminados a frio, houve queda de cerca de 44%, ante o ápice de 73,5 mil de setembro.

As siderúrgicas, incluindo Usiminas, Gerdau, CSN e ArcelorMittal, estão há meses cobrando do governo federal a imposição de tarifa de importação de 25% sobre a importação de aço no Brasil, citando prática de dumping pela China.

Na véspera, o presidente-executivo do Aço Brasil, entidade que representa produtores da liga no país, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou que se o governo não tomar medidas urgentes para proteger o mercado interno "vamos parar unidades, haverá desemprego e postergação de investimentos".

O Aço Brasil projetou na véspera queda de 6% nas vendas internas do setor em 2024, para cerca de 18 milhões de toneladas, citando uma expectativa de que as importações avancem 20% sobre este ano, para cerca de 6 milhões de toneladas.

Na avaliação de Loureiro, apesar da clareza da situação de dumping pela China, "ninguém diminui produção se tiver mercado...tem um pouco de jogo de pressão" das usinas. As vendas de aço plano no Brasil em outubro cresceram 5,2% ante setembro e 9,7% na comparação anual, para 340 mil toneladas, segundo os dados do Inda. No acumulado do ano, as vendas somam 3,2 milhões de toneladas, praticamente estáveis sobre o mesmo período de 2022.

As importações totais de aços planos de janeiro a outubro subiram 47% sobre o mesmo período de 2022, para quase 2 milhões de toneladas, segundo os dados do Inda. Considerando apenas outubro, houve crescimento de 15% sobre um ano antes, mas queda de 15% ante setembro, a 204,6 mil toneladas.

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Segundo o presidente do Inda, nos próximos meses as importações "não devem crescer muito", em função da insegurança do mercado com questões que incluem taxas de câmbio.

Enquanto isso, no porto de São Francisco do Sul (SC), uma das principais portas de entrada de aço importado no país, estoques de laminados esperando por nacionalização caíram para volumes entre 150 mil e 200 mil toneladas, disse Loureiro. Em outubro, o Inda informou volume de cerca de 300 mil toneladas no porto, semelhante ao de setembro.

A rede de distribuidores nacionais segue mantendo em níveis comportados os seus estoques, com volume de 855,7 mil toneladas ao final de outubro, ligeiramente maior que setembro e 2% acima de um ano antes. O volume equivale a 2,5 meses de comercialização, dentro da média histórica apurada pelo Inda.

Com isso, o espaço para as usinas conseguirem impor aumentos de preço de aço no Brasil, diante de altas nos custos com matérias-primas como minério de ferro e carvão, segue pequeno, disse Loureiro.

"Não vejo no curto prazo nenhuma mudança de preço nos próximos meses", disse o presidente do Inda, lembrando ainda que a Usiminas retornou com seu maior alto-forno recentemente após uma reforma que ampliou sua capacidade de produção em 20%.

Por outro lado, Loureiro comentou que as usinas seguem "resistindo a baixar mais seus preços". Segundo ele, o chamado "prêmio", que mede o quão mais caro é o aço nacional em relação ao preço internacional, está em 14% a 15%, em relativa estabilidade em relação aos últimos meses.

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(Por Alberto Alerigi Jr.)

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