Cemig ainda não vê alta recente de preço de longo prazo de energia como sustentável
SÃO PAULO (Reuters) - A Cemig não enxerga como sustentável a alta recente de preços de longo prazo de energia elétrica no Brasil, uma vez que ainda permanece um grande desequilíbrio entre oferta e demanda no sistema, disse nesta quinta-feira o diretor financeiro da companhia elétrica, Leonardo Magalhães.
"Eu acho que para 2025 ainda é muito cedo para entender que os preços agora, em níveis mais altos, vieram para ficar", afirmou o executivo a jornalistas após participar de evento do banco Inter.
Depois de quase dois anos de estagnação, nos últimos meses os preços de energia no mercado livre começaram a apresentar elevação para contratos de mais longo prazo, reagindo principalmente à frustração das chuvas.
A maior volatilidade se refletiu em aumento do "trading" de energia e animou geradores e comercializadores.
Na visão da Cemig, que detém uma das maiores comercializadoras de energia do país, é "preciso esperar um pouco mais" para falar em alta de preços para este ano até 2025, já que a avaliação é de que os reservatórios de hidrelétricas deverão fechar o ano ainda "em níveis confortáveis", disse Magalhães.
Para ele, o próximo período úmido, que se iniciará mais para o fim deste ano, poderá determinar uma alta mais prolongada dos preços de energia.
Se a próxima temporada de chuvas for ruim, mesmo que os reservatórios ainda fiquem em nível mais confortável, você pode ter uma percepção de risco mais aguçada no mercado, e aí o mercado aceitando preços superiores para o longo prazo."
Magalhães afirmou ainda que a execução do plano estratégico da Cemig, tanto para investimentos quanto para venda de participações, não tem sido afetada pelas discussões do acionista controlador, o governo de Minas Gerais, para eventual federalização ou privatização da companhia.
"A gente entende que esses assuntos de federalização e privatização são agendas do controlador, não afeta", disse. A elétrica mantém seu interesse em alienar fatias na transmissora Taesa, na hidrelétrica de Belo Monte e na Aliança Energia, joint venture com a Vale, disse o executivo.
"Como todo processo de M&A, você precisa achar um potencial comprador interessado, por isso que esses negócios não aconteceram até o momento", explicou.
Ele ressaltou ainda os 23 bilhões de reais em investimentos planejados pela Cemig até 2028 para o segmento de distribuição de energia, com foco em ampliar a prestação de serviços principalmente à classe do agronegócio e melhorar a rede.
(Por Letícia Fucuchima)
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