Lula volta a criticar patamar de juros e diz que BC atrasa crescimento do país

Por Maria Carolina Marcello e Andre Romani

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a bater na tecla de que não há razões para o patamar elevado da taxa básica de juros da economia -- a Selic, atualmente em 11,25% ao ano -- e afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, contribui para o atraso do crescimento econômico.

Não é a primeira vez que o petista reclama do patamar da taxa de juros, e o Banco Central, desde agosto, vem cortando a Selic em 0,5 ponto percentual por reunião, após manter a taxa por cerca de um ano em seu nível mais alto desde 2016.

"Não tem nenhuma explicação os juros da taxa Selic estarem a 11,25%. Não existe nenhuma explicação econômica, nenhuma explicação inflacionária, não existe nada. Nada. A não ser a teimosia do presidente do Banco Central em manter essa taxa de juros", disse Lula em entrevista ao SBT nesta segunda-feira.

"O que ele está fazendo nesse instante é contribuir para o atraso do crescimento econômico desse país. Vamos ter que ter paciência, na expectativa de que não se faça mais bobagem", acrescentou.

O relacionamento de Lula com Campos Neto tem melhorado nos últimos meses, após uma série de ataques contra o presidente da autarquia no ano passado, especialmente em relação ao nível da Selic, o que naquele momento levantou preocupações de investidores sobre o compromisso do governo com a independência do banco.

Na entrevista desta segunda-feira, Lula disse ter uma "conversa civilizada" com Campos Neto.

Lula também disse esperar que a regulamentação da reforma tributária nos próximos seis meses no Congresso Nacional não piore a linha principal do texto já aprovado pelo Parlamento.

"Agora tem que regulamentar. O que eu espero é que na regulamentação a gente não piore aquilo que nós aprovamos, sabe, o principal da lei. Mas eu estou otimista", afirmou.

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O presidente aproveitou ainda para defender um sistema tributário que não onere os que têm menor renda e que não penalize o investimento do setor privado.

Lula reiterou seu compromisso de campanha de garantir, até o fim de seu mandato, a isenção do Imposto de Renda a pessoas físicas que ganhem até 5 mil reais.

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