Cogna reduz prejuízo no 2º tri com melhora em resultado operacional

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O grupo de educação Cogna teve prejuízo líquido de 8,32 milhões de reais no segundo trimestre, bem menor do que a perda de 47,30 milhões apurada um ano antes, em desempenho apoiado por melhora no resultado operacional.

"Nós continuamos confiantes de que vamos fechar o ano com lucro líquido", afirmou o presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério Neto, em entrevista à Reuters.

Em termos ajustados, a companhia teve lucro líquido de 50,45 milhões de reais, um salto de 359% na comparação ano a ano, com a margem líquida ajustada passando de 0,8% para 3,5%, segundo os dados divulgados pela companhia nesta quarta-feira.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente somou 481,63 milhões de reais, alta de 13,1% frente ao mesmo período do ano passado, com a margem nessa métrica melhorando de 30,7% para 33,4%.

A receita líquida aumentou 4%, para 1,44 bilhão de reais na comparação ano a ano, enquanto o total de custos cresceu 2,6% e as despesas operacionais tiveram queda de 9,6%.

Projeções de analistas compiladas pela Lseg apontavam lucro líquido de 53,19 milhões de reais, com receita de 1,451 bilhão e Ebitda de 450,26 milhões.

Entre as unidades de negócio, Kroton, de ensino superior, teve alta de 4,9% no faturamento puxada pela divisão de medicina Kroton Med e expansão de 12,7% no ensino a distância (EAD).

Valério destacou a alta de 15,8% na base de alunos da graduação no primeiro semestre, para a 1,1 milhão de estudantes, reflexo de aumento da captação e queda na evasão, com as bases de EAD e Kroton Med subindo 19,2% e 11,5%, respectivamente, enquanto no presencial caiu 0,6%.

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"Quando somamos a graduação e a pós, temos 1,22 milhão de alunos. Isso mostra que estamos consistentemente crescendo", afirmou. No primeiro semestre de 2024, a base da pós-graduação aumentou 24,8%, para 85,1 mil alunos.

O executivo também citou que especialmente a Kroton está ajudando a Cogna a ser mais rentável, e isso decorre de melhorias em várias linhas do balanço, incluindo queda em despesas operacionais, despesas corporativas, provisões para inadimplência de alunos e marketing.

No caso de marketing, Valério adiantou que as despesas tendem a aumentar no trimestre corrente, com a empresa buscando "largar bem" no começo do ciclo de captação de alunos.

Valério afirmou que não houve novidade relacionada ao programa de financiamento estudantil do governo federal Fies, acrescentando que o tema está bem "frio" nas discussões dentro do setor.

"Olhando o déficit fiscal e as contas do governo, eu não acho que tem espaço para um Fies", acrescentou.

Nesta quarta-feira, as ações da Cogna terminaram cotadas a 1,54 real, em alta de 5,48%. No ano, porém, acumulam uma perda de quase 56%.

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SISTEMA DE ENSINO

A Vasta teve um aumento de 8,5% na receita líquida no trimestre, para 294,35 milhões de reais, com o ciclo de 2024 apurando uma expansão de 11%, puxada por produtos de assinatura, com alta de 13,8%, mas também produtos "B2G", de vendas para governos, que está crescendo 70,6% frente ao ciclo de 2023.

"Nesse (segundo) trimestre especificamente, a companhia não teve nenhum contrato novo (em B2G), mas tem vários no pipeline", adiantou Valério.

De acordo com a Cogna, a receita de subscrição já atingiu 85,3% do guidance do Valor de Contrato Anual (ACV) acumulado no ciclo de vendas de 2024, representando um aumento de 1,4 ponto percentual em relação ao mesmo período anterior.

GCO DE R$1 BI NO ANO SEGUE NO PÁREO

A geração de caixa operacional após capex (GCO) totalizou 96,92 milhões de reais, uma queda de 43,3% ano a ano, o que a Cogna atribuiu a maior pagamento de fornecedores. No primeiro semestre, essa linha ficou positiva em 307,145 milhões de reais.

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"A redução da GCO no trimestre não traz preocupação ao 'management', tão pouco coloca em risco o atingimento do guidance de 1 bilhão de reais de GCO após capex (investimentos) para 2024", afirmou a Cogna no balanço.

No final de junho, a alavancagem da Cogna medida pela dívida líquida dividida pelo Ebitda ajustado era de 1,79 vez, estável em relação ao final do primeiro trimestre, mas menor do que o nível de 1,98 vez um ano antes.

A companhia realiza conferência com analistas na quinta-feira, a partir das 11h, para comentar os números.

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