Inflação do Reino Unido sobe menos do que o esperado; apostas de corte nos juros crescem

Por David Milliken

LONDRES (Reuters) - A inflação ao consumidor do Reino Unido subiu pela primeira vez este ano em julho, mostraram números oficiais nesta quarta-feira, mas a alta foi menor do que a esperada, uma vez que os preços dos serviços -- observados de perto pelo Banco da Inglaterra -- desaceleraram.

A taxa de inflação ao consumidor aumentou para 2,2% na base anual, após atingir por dois meses a meta de 2% do Banco da Inglaterra, informou o Escritório de Estatísticas Nacionais, ficando ligeiramente abaixo da mediana de 2,3% prevista em uma pesquisa da Reuters com economistas.

A libra caiu de forma acentuada em relação ao dólar após a publicação dos dados e os mercados financeiros passaram a precificar uma chance de 44% de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do banco central britânico em setembro, acima dos 36% antes da divulgação dos dados.

Quando o Banco da Inglaterra começou a cortar os juros de 5,25%, patamar mais alto em 16 anos, no início deste mês, disse que as leituras de inflação de 2% em maio e junho provavelmente teriam marcado um ponto baixo para a inflação.

O banco central esperava que os preços subissem para 2,4% em julho e atingissem cerca de 2,75% até o final do ano, à medida que o efeito das fortes quedas nos preços de energia em 2023 se dissipa, antes de retornar a 2% no primeiro semestre de 2026.

"Os dados de hoje darão ao Comitê de Política Monetária do banco central alguma medida de confiança de que as pressões internas dos preços têm menos probabilidade de inviabilizar um retorno sustentável à meta de 2%", disse Martin Sartorius, economista-chefe da Confederação da Indústria Britânica.

A inflação britânica atingiu o pico de 41 anos a 11,1% em outubro de 2022, impulsionada por um aumento nos preços de energia e dos alimentos após a invasão da Ucrânia pela Rússia, bem como pela escassez de mão de obra causada pela Covid-19 e pelos distúrbios na cadeia de suprimentos.

O Banco da Inglaterra continua relativamente concentrado nas pressões inflacionárias de longo prazo, incluindo os preços dos serviços e os salários, bem como no mercado de trabalho.

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Os dados desta quarta-feira mostraram que a inflação anual dos preços dos serviços desacelerou para 5,2% em julho, ante 5,7% em junho, abaixo de todas as previsões em uma pesquisa da Reuters e o menor nível desde junho de 2022. O banco central previa uma queda para 5,6%.

A queda na inflação de serviços refletiu uma inversão do forte aumento registrado em junho no custo dos hotéis, bem como a pressão descendente das tarifas aéreas, dos pacotes de viagens e dos serviços culturais, incluindo shows.

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