Dólar sobe mais de 1% e se reaproxima de R$5,50 sob influência de exterior e Campos Neto

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subiu mais de 1% nesta terça-feira e se reaproximou dos 5,50 reais, em um dia marcado pela busca global por ativos mais seguros, por ajustes técnicos no Brasil e por declarações consideradas mais brandas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a política monetária.

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 1,34%, cotada a 5,4862 reais. Em agosto, no entanto, a divisa acumula queda de 3%.

Às 17h12, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,28%, a 5,4865 reais na venda.

O dólar avançou ante o real durante toda a sessão, influenciado por um conjunto de fatores.

No exterior, a moeda norte-americana também subia ante o peso mexicano e o rand sul-africano -- moedas pares do real -- e cedia ante o iene, o euro e a libra.

“É o voo para a qualidade”, resumiu o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, pontuando que os investidores se mostraram mais cautelosos antes da agenda do restante da semana, que tem a divulgação da ata do último encontro do Federal Reserve, na quarta-feira, e o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira.

De acordo com Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio, o mercado estará atento em especial às palavras de Powell, em busca de pistas sobre o futuro dos juros nos EUA.

“O dólar se recuperou hoje, voltando a se aproximar dos 5,50 reais, em um movimento que não se restringiu ao real, mas se estendeu a outras moedas de mercados emergentes”, disse Costa em comentário enviado a clientes. “Esse fortalecimento da moeda norte-americana reflete um movimento mais amplo de aversão ao risco, e é parcialmente impulsionado pelas incertezas em torno das próximas decisões de política monetária nos Estados Unidos.”

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No Brasil, participantes do mercado também aproveitavam os recuos mais recentes do dólar para ajustar posições e realizar parte dos lucros, o que dava sustentação às cotações.

Além disso, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo cederam, com investidores reduzindo as apostas de que o Banco Central elevará a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano, em setembro. A perspectiva de uma Selic não tão elevada -- o que torna o Brasil um pouco menos atrativo ao capital estrangeiro -- também deu força ao dólar ante o real.

“Se o BC não aumentar a Selic, ainda existe um diferencial bom de juros para o Brasil, mas não tão bom quanto se aumentar. Isso também pegou no câmbio hoje”, disse Rugik.

Por trás do movimento no mercado de DIs esteve a percepção de que Campos Neto foi mais brando ao tratar de política monetária em uma entrevista ao jornal O Globo. Nela, Campos Neto repetiu uma mensagem recente de autoridades do BC, de que a autarquia subirá a Selic se for necessário, mas ponderou que o cenário internacional melhorou.

Campos Neto também disse, conforme O Globo, que os economistas não estão prevendo alta de juros para 2024, mas o mercado sim, acrescentando que é preciso ter “calma” e “cautela” nos momentos de volatilidade.

Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a mínima de 5,4344 reais (+0,39%) às 9h01, logo após a abertura, e a máxima de 5,4935 reais (+1,48%) às 15h55.

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No exterior, às 17h11, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,46%, a 101,400.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.

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