Ibovespa fecha em alta com apoio de Vale após sessão sem direção única
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa contou com o apoio das ações da mineradora Vale e do banco Bradesco para fechar com uma alta modesta nesta terça-feira, após trocar de sinal algumas vezes durante o pregão, registrando uma mínima intradia desde novembro de 2023 no pior momento.
Investidores continuam tendo dificuldades para enxergar catalisadores benignos para as ações brasileiras e seguem preocupados com os efeitos de condições financeiras mais apertadas em 2025 nos resultados das companhias, com alguns estrategistas posicionando-se para um mercado mais desafiador no horizonte.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa mostrou um acréscimo de 0,25%, a 119.298,67 pontos, após os ajustes finais, tendo marcado 118.222,64 na mínima e 119.451,01 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro somava 19,2 bilhões de reais.
"O momento segue de cautela e esperar sinais mais claros de uma melhora", afirmaram analistas do Itaú BBA no relatório Diário do Grafista, citando que o Ibovespa continua pressionado na região de suporte em 118.600 pontos, correndo risco de mais uma rodada de baixa.
O cenário norte-americano também ocupa as atenções de agentes no Brasil, particularmente o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Ele toma posse no próximo dia 20.
De acordo com o trader Diogo da Silva, da Daycoval Corretora, repercutiu bem uma notícia sugerindo que a equipe de Trump estaria considerando movimentos graduais na implementação de tarifas de importação, mas persistem as incertezas sobre as retóricas das propostas do novo governo.
Dados de dezembro sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos previstos para a quarta-feira também são aguardados, uma vez que podem influenciar apostas sobre os próximos movimentos do Federal Reserve, particularmente após números fortes do mercado de trabalho norte-americano na última sexta-feira.
"O mercado está estacionado, aguardando a inflação", afirmou William Queiroz, sócio e advisor da Blue3, explicando que, dependendo do número, o Fed pode entender ser necessário interromper o ciclo de cortes e optar por um período de manutenção dos juros na maior economia do mundo.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA será divulgado na quarta-feira, às 10h30 (horário de Brasília). As estimativas no mercado apontam alta de 0,3% em relação ao mês anterior.
DESTAQUES
- VALE ON avançou 0,66%, acomanhando os futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 2,22%, a 783 iuanes (106,81 dólares) a tonelada, atingindo o patamar mais alto desde 3 de janeiro.
- BRADESCO PN subiu 1,87%, em dia positivo para bancos do Ibovespa e tendo no radar que precificou 750 milhões de dólares em notas sêniores de cinco anos, segundo dados do IFR, serviço da LSEG. No setor, BANCO DO BRASIL ON ganhou 1,82% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou em alta de 0,92%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN terminou com variação positiva de 0,06%.
- PETZ ON avançou 4,88%, completando o terceiro pregão com sinal positivo, em movimento amparado pelo alívio nas taxas dos contratos de DI, mas também expectativas relacionadas ao posicionamento do órgão antitruste Cade sobre a fusão da companhia com a rival Cobasi.
- MARCOPOLO ON fechou em alta de 4,12%, recuperando-se após duas quedas seguidas. A ação da fabricante de carrocerias de ônibus é uma das novidades da carteira do Ibovespa que passou a vigorar no começo deste ano. Em relatório nesta terça-feira, o Citi afirmou que começou a cobertura dos papéis com recomendação de "compra", citando entre os argumentos que a empresa tem um perfil de margem resiliente.
- TOTVS ON subiu 3,14%, com analistas da XP reiterando compra para os papéis, embora tenham reduzido o preço-alvo de 39 para 33 reais em razão da perspectiva de maior custo de capital. Entre os argumentos para a manutenção da recomendação, citaram que a empresa tem modelo de negócios e uma estrutura de capital resilientes, bem como poder de precificação e perspectivas de crescimento robustas em todos os segmentos.
- ASSAÍ ON caiu 2,17%, descolada de GPA ON, que subiu 2,28%, e CARREFOUR BRASIL ON, que ganhou 1,52%. Analistas da XP esperam que o Assaí mostre resultado misto no quarto trimestre, com o crescimento da receita acelerando, mas em níveis moderados, apesar da crescente inflação alimentar, potencialmente refletindo um cenário competitivo mais difícil e a deterioração do poder de compra.
- SUZANO ON recuou 1,85% e KLABIN UNIT perdeu 1,86%, tendo como pano de fundo a queda do dólar ante o real. Analistas do Bank of America cortaram sua previsão para o preço da celulose de fibra curta na China em 2025 de 600 dólares para cerca de 575 dólares a tonelada. Para a Europa, passou de 1.005 dólares para 962 dólares a tonelada.
- PETROBRAS PN cedeu 0,67%, minada pelo declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 1,35%. Analistas do Goldman Sachs estimam que a estatal brasileira esteja vendendo diesel e gasolina com preços 17% e 10%, respectivamente, abaixo da paridade internacional. Para a equipe do Santander, esses percentuais estão em 12% e 7%.
(Por Paula Arend Laier)
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