Diretora do Fed diz que riscos de inflação estão para cima e que novos cortes devem ser graduais
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - A diretora do Federal Reserve Michelle Bowman disse que ainda espera que a desaceleração da inflação permita novos cortes de juros neste ano, mas acredita que o aumento dos salários, o dinamismo dos mercados, os riscos geopolíticos e as políticas do governo dos Estados Unidos podem adiar o processo ao manter as pressões de preços elevadas.
"O núcleo da inflação continua elevado, mas minha expectativa é que ele se modere ainda mais este ano. Mesmo com essa perspectiva, continuo vendo riscos de alta para a inflação", disse Bowman em comentários a um grupo de executivos.
"Eu preferiria que os futuros ajustes fossem graduais. Devemos reservar um tempo para avaliar cuidadosamente o progresso na perseguição de nossas metas de inflação e emprego", disse Bowman, que apoiou a decisão do Fed nesta semana de deixar a taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,5%.
Além de observar os próximos dados, Bowman disse que a decisão do Fed fornecerá às autoridades tempo para "obter clareza sobre as políticas do governo e seus efeitos sobre a economia. Será muito importante ter um melhor noção das políticas reais e de como elas serão implementadas, além de maior confiança sobre como a economia responderá."
As medidas do novo governo já incluíram a deportação de imigrantes e se espera que sejam ampliadas para incluir novas tarifas de importação, que o presidente Donald Trump disse que poderia implementar já neste fim de semana.
Bowman, nomeada para o Fed por Trump durante seu primeiro mandato, tem sido uma das mais rigorosas em relação ao que pode ser necessário para controlar a inflação e, em seus comentários, tem apresentado uma extensa lista de fatores que ela acredita que podem retardar o progresso.
Trump disse que acha que o Fed deveria reduzir os juros.
"Continuo preocupada com o fato de que as condições financeiras mais frouxas no ano passado podem ter contribuído para a falta de mais progresso na desaceleração da inflação", disse Bowman.
"À luz da força contínua da economia e com os preços das ações substancialmente mais altos do que há um ano, parece improvável que o nível geral dos juros e os custos dos empréstimos estejam exercendo uma restrição significativa."
(Por Howard Schneider)
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