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Dólar segue desvalorização no exterior e fecha em queda

21/11/2016 17h45

O dólar fechou em queda frente ao real pelo segundo pregão consecutivo, acompanhando a desvalorização da moeda americana frente às principais divisas emergentes. Essa recuperação é sustentada pela pausa na alta das taxas dos Treasuries, o que trouxe um alívio no movimento de aversão a ativos de risco.

A correção dessas divisas foi intensificada por comentários do vice-presidente do Federal Reserve (Fed, BC americano), Stanley Fischer. Fischer alertou sobre impactos negativos do dólar forte sobre as exportações americanas e disse que o movimento de alta de 40 pontos-base nos juros dos Treasuries é "muito", mas não é tão inusual.

O mercado começa a rever as apostas para o ciclo de aperto monetário depois dos exageros verificados após a vitória inesperada de Donald Trump na eleição americana. A expectativa de uma política econômica mais inflacionária, com aumento de gastos e corte de impostos, chegou a provocar uma forte alta das taxas dos Treasuries, com o mercado vendo a possibilidade do Fed ter de subir os juros além do esperado pelo mercado. "A volatilidade menor lá fora fez com que o mercado reduzisse o movimento de ?stop loss [limite de perda] e deu suporte para os juros, mas as taxas não devem voltar para o nível antes da vitória de Trump", afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos.

No mercado local, o dólar comercial caiu 1,03% e fechou a R$ 3,3516. No mercado futuro, o dólar para dezembro cedia 0,99% para R$ 3,3516. O real era hoje a segunda moeda com melhor performance frente ao dólar, só perdendo para o rand sul-africano.

Nesse cenário, o Banco Central deu uma pausa na venda líquida de swaps cambiais tradicionais, que equivalem a uma venda de dólar no mercado futuro. Em novembro, o BC fez uma injeção líquida de US$ 2,453 bilhões no mercado por meio da venda desses contratos, o que ele não fazia desde setembro de 2015.

A autoridade monetária manteve apenas a operação de rolagem do lote de US$ 6,490 bilhões em contratos de swap cambial tradicional que vence em 1º de dezembro e renovou hoje mais 20 mil contratos, operação equivalente a uma venda de US$ 1 bilhão no mercado futuro.

No Rio, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, repetiu que a autoridade monetária pode usar os instrumentos de que dispõe em momentos de falta de liquidez. Voltou a defender, contudo, o regime de câmbio flutuante. "O BC deve ficar mais fora do mercado e tende a deixar o câmbio livre, uma vez que o movimento do dólar agora está favorável a ele", diz Petrassi.

O diretor de política econômica do BC, Carlos Viana, afirmou que a situação de volatilidade do mercado parece ter se normalizado após as primeiras reações à eleição de Trump. "É razoável esperar que essas mudanças impliquem um ambiente mais desafiador para as economias emergentes, na forma, provavelmente de taxas de juros mais altas nas economias centrais, especialmente dos Estados Unidos, e taxa de câmbio mais desvalorizada", disse.

O Morgan Stanley, por exemplo, reabriu posição comprada em real, desta vez contra o peso colombiano. O banco reconhece riscos de ordem macro no Brasil, mas diz que os efeitos negativos sobre a moeda vindos da alta dos juros americanos tendem a ser "mitigados" em parte pelas intervenções do BC. O Morgan segue projetando dólar a R$ 3,20 no fim deste ano, queda de 4,4%.