Juros futuros deixam patamares máximos, mas sobem com incerteza fiscal
As taxas de DI se afastaram das máximas em uma semana alcançadas mais cedo nesta quinta-feira, mas ainda assim chegaram ao fim do pregão regular na BM&F em alta pelo segundo dia consecutivo.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro de 2021 subia a 10,010% ao ano, ante 9,990% no ajuste de ontem e máxima hoje de 10,100%.O DI janeiro de 2019 indicava 9,550%, contra 9,530% no último ajuste e pico hoje de 9,610%. E oDI janeiro de 2018 apontava 9,975% (9,955% no ajuste anterior e máxima de 10,005%.
No leilão de venda de LTN feito pelo Tesouro Nacional nesta sessão, os títulos saíram a taxas mais altas que o consenso de mercado, numa indicação de que investidores demandaram mais prêmio para financiar a dívida pública.
O dia foi marcado pela piora relativa dos ativos brasileiros ante seus pares, diante do acúmulo de incertezas sobre a capacidade do governo de evitar mudanças drásticas no texto proposto para a reforma da Previdência.A cautela, que se fez presente mais claramente ontem, depois da exclusão de servidores municipais e estaduais da reforma, ganhou força com a frustração pela não divulgação do corte do Orçamento e - posterior e principalmente - pelo placar da votação do projeto de lei que permite ampla terceirização em empresas privadas e no serviço público.Dos 428 deputados que estavam presentes, 231 votaram a favor da proposta e 188, contra, com oito abstenções. O placar foi considerado apertado. A Reforma da Previdência precisa de 308 votos a favor na Câmara dos Deputados.
"Ainda não há mudança estrutural de expectativa, mas é natural que o mercado ajuste os preços para considerar mais riscos de algum revés no caminho da reforma da Previdência", afirma o economista do Banco Pine Marco Caruso.
A MCM diz que o governo "perdeu um argumento forte" a favor da reforma da Previdência: o de que ela era geral e atingiria praticamente todos os trabalhadores, com exceção dos militares. A casa entende que o recuo do governo reforça o cenário de que o texto será aprovado até agosto ou setembro, em versão "desidratada", mas com manutenção da idade mínima de 65 anos para aposentadoria "ao menos" para os homens.
Para a consultoria, já está na hora de o governo construir a maioria de 308 votos para garantir a aprovação da proposta no plenário da Câmara dos Deputados, o que requer concessões, segundo a MCM. "O resultado final não será o ideal do ponto de vista fiscal e econômico. Será o possível, dadas as condicionalidades políticas", avalia em relatório.
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