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Meta fiscal traz alívio, mas desafio político pesa sobre bolsa e dólar

16/08/2017 13h38

O dólar opera bem próximo da estabilidade no dia seguinte ao anúncio de novas metas fiscais do governo. A deterioração das contas públicas não foi tão grave como se temia. Agora, a projeção de déficit primário é de R$ 159 bilhões para 2017 e 2018, ante especulações de que poderia chegar a R$ 170 bilhões. Ainda assim, os números são superiores aos alvos anteriores, de R$ 139 bilhões e R$ 129 bilhões, respectivamente. E denotam um cenário ainda difícil para o ajuste fiscal, incluindo a tramitação da reforma da Previdência.


Para viabilizar a meta de 2018, vieram esforços adicionais com vistas a aumentar a arrecadação e reduzir o tamanho da máquina pública. Constam na lista mudanças na forma de tributação de fundos exclusivos, suspensão do aumento do Reintegra (que iria subir de 2% para 3%), prejudicando exportadores, reoneração da folha de pagamentos e cobrança previdenciária de 14% para salários de servidores civis acima de R$ 5 mil.


"Não acredito que seja aprovado todo o pacote de contenção de gastos para com o servidor público federal às vésperas de ano eleição", diz o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior. "Mas, enquanto tivermos o excesso de liquidez e juros baixos lá fora, em meio à aposta de ajuste fiscal em algum momento no país, não há muito espaço para o dólar subir", afirma.


Por volta das 13h20, o dólar comercial recuava 0,26%, a R$ 3,1653, depois de cair 0,69% na sessão anterior. Especialistas apontam que, no fim do pregão passado, o mercado já parecia antecipar o anúncio da revisão nas metas fiscais e as novas medidas orçamentárias, o que explica a variação ainda contida das cotações hoje.


O contrato futuro para setembro, por sua vez, caía 0,27%, a R$ 3,172.


Juros


Nos juros futuros, continua a aumentar gradualmente a distância entre vencimentos longos e mais curtos, sinalizando o prêmio elevado exigido para posição de maior risco.


Uma série de fatores compõem agora um cenário mais difícil. Entre os pontos destacados, está a reavaliação dos resultados fiscais esperados para 2019 e 2020, além do ajuste na expectativa para o crescimento PIB em 2018. Por outro lado, "o mercado não chegou a achar tão ruim assim, pois no final quem ganhou, ao menos por enquanto, foi o [ministro da Fazenda, Henrique] Meirelles. Não que ele saia fortalecido, mas fica no governo", diz o estrategista da Coinvalores, Paulo Nepomuceno.


As atenções se voltam também para a tramitação do projeto que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) e da reforma da Previdência.


Na Quantitas, há preferência hoje por posições vendidas na inclinação na ponta longa da curva em juros, uma vez que o "nível está relativamente elevado". Nisso, entra também a visão de que a reforma da Previdência pode "evoluir bem", tendo em vista que sua aprovação "chegou a ser descartada e agora voltou a pauta", diz o gestor Rogério Braga.


"O governo parece estar com força para conseguir coordenar as negociações. Talvez tenha uma simetria positiva. E quanto a TLP - pelo que se viu nos últimos dias - o governo tem mecanismos para seguir em frente. Mesmo que o projeto atual caia, consegue lançar outro", acrescenta Braga.


Por volta das 12h40, o DI janeiro/2018 opera a 8,115% (8,135% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 exibe 8,060% (8,060% no ajuste anterior).O DI janeiro/2021 marca a 9,380% (9,380% no ajuste anterior).


Bolsa


A dificuldade para a bolsa dar continuidade à trajetória positiva desenhada antes da crise política ficou bastante evidente na sessão de hoje. O mercado até tentou superar caminhar rumo os 69 mil pontos - onde existe uma importante barreira técnica, segundo operadores. Mas não teve fôlego para tanto. Além da força da briga entre comprados e vendidos no vencimento do contrato futuro do índice, a ausência de elementos suficientemente novos no cenário limitam as compras, o que mantém o Ibovespa "patinando" no patamar atual.


No início da sessão, o Ibovespa atingiu a máxima de 68.846 pontos, sustentado pelas chamadas "blue chips" - Vale, Petrobras, siderúrgicas e ações de bancos. Os ganhos eram atribuídos à reação positiva do mercado à definição da meta fiscal e da reafirmação do rating do país.


Mas a alta perdeu força e, por volta das 13h30, o índice caía 0,01% para 68.345 pontos. Para profissionais, embora as notícias de ontem tragam algum alívio, eles são insuficientes para impulsionar de forma mais consistente o mercado.


As ações do setor de papel e celulose, que têm mostrado um desempenho bastante firme nas últimas sessões, hoje respondem por algumas das maiores altas do índice. Fibria ganhava 5,17%, maior alta do índice, enquanto Suzano subia 4,29% e Klabin tinha valorização de 2,93%.


A alta do preço da celulose e também a correção do preço do dólar por aqui - que subiu 1,70% no mês explicam essa reação das ações.


Esta semana, a Citi Corretora elevou a recomendação das ações de Suzano e e Fibria de neutra para compra, justamente porque os fundamentos da celulose proporcionaram uma oportunidade tática para o fim do ano.


Entre as maiores quedas do horário estão Qualicorp ON (-3,24%), BRF SAON(-2,84%) e MRV ON (-2,75%).