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Maia reforça pessimismo com Previdência e azeda mercado

30/11/2017 15h04

As declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nesta quinta-feira (30) frustraram os mercados e reforçaram a visão de que as chances de haver reforma da Previdência ainda este ano são muito pequenas.


Maia reafirmou que o governo não conta com os 308 votos necessários para a aprovação do projeto. Como o tempo é muito curto - para dar tempo que a reforma seja aprovada em dois turnos este ano, ela precisaria ser votada em primeiro turno já na semana que vem -, o mercado vê crescente risco de o governo naufragar nesse objetivo.


Essa leitura afetou todo o mercado, inclusive a bolsa. O Ibovespa tenta se segurar pouco abaixo dos 72 mil pontos. Às 13h41, o índice era negociado a 71.850 pontos, baixa de 1,17%. Na mínima, foi a 71.818 pontos.


Embora o discurso corrente no mercado fosse de que a aprovação da reforma, mesmo numa versão reduzida, não estava nos preços, muitos profissionais veem espaço para uma piora ainda maior caso seja confirmado que não vai ter mesmo reforma. Isso porque, durante esta semana, a expectativa em torno da Previdência ganhou alguma força depois que o mercado ouviu de Rodrigo Maia, em encontros particulares, um discurso mais otimista sobre as perspectivas de alcançar os votos necessários para aprovação da reforma.


Essa piora de humor nos mercados diante da redução das chances de haver reforma da Previdência está afetando de forma especial as ações da Eletrobras. Na leitura dos investidores, a dificuldade do governo em compor uma base de apoio ao projeto que muda as regras da Previdência pode sinalizar que também a privatização da companhia será um desafio maior do que o previsto.


Às 13h49 horas, Eletrobras ON caía 5% para R$ 18,99.


Outra empresa do setor elétrico que se destaca no terreno negativo é CPFL, com queda de 13,88%, para R$ 21,77 - liderando as perdas do Ibovespa no horário. O papel responde à operação de recompra de ações pela State Gride, que acontece hoje à tarde.


Câmbio


A desconfiança com o avanço da reforma da Previdência ampara as operações mais defensivas na última sessão do mês, marcada também por fatores técnicos.


A moeda americana chegou a subir até a máxima no dia de R$ 3,2746, quando avançava 1,08%. O nível é mais elevado desde que tocou R$ 3,2884 em 17 de novembro.


Por volta das 13h50, a alta era de 0,51%, cotada a R$ 3,2615.O contrato futuro para dezembro avançava 0,83%, a R$ 3,2664.


A intensidade do movimento do dólar durante a manhã se ampara ainda em fatores técnicos: a definição da taxa Ptax de fim de mês, que serve de referência para derivativos cambiais. Passado este processo, é a partir do período da tarde que se espera verificar com um pouco mais clareza o efeito da política nos preços.


"O que tinha de piorar já ocorreu", diz o estrategista da Coinvalores, Paulo Nepomuceno. O comportamento dos ativos nas últimas semanas sinaliza que crescia, aos poucos, a expectativa de aprovação da reforma da Previdência. "Foi necessário devolver praticamente tudo porque a aprovação na Câmara ficou bem comprometida", diz.


Juros


Os juros futuros revertem os avanços no começo da tarde desta quinta-feira e voltam a operar próximos da estabilidade. A acomodação das taxas ocorre após operaram pela manhã sob pressão vinda de fatores técnicos e o agitado noticiário político.


Por volta das 13h50, o DI janeiro de 2021 é negociado a 9,320%, ante 9,330% no ajuste anterior. Na máxima do dia, a taxa subiu a 9,400%, maior nível desde o último dia 17. O vencimento é afetado por fatores mais estruturais, como o debate em torno da reforma da Previdência, mas hoje também pelo leilão de títulos prefixados.


O Tesouro Nacional vendeu todos os 6,5 milhões de títulos públicos ofertados em leilão nesta quinta-feira, dentre LTN e LFT. A oferta de 6 milhões de LTN foi a menor desde a operação do dia 1º de novembro, quando foram ofertados e colocados 5 milhões de papéis.