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Ibovespa tenta retomar os 86 mil pontos; dólar ronda R$ 3,50

26/04/2018 13h50

O Ibovespa entra na segunda etapa do pregão de olho no patamar dos 86 mil pontos. O índice é impulsionado pelo exterior, onde as bolsas operam em alta e o rendimento dos Treasuries oscila abaixo dos 3%, e por uma sequência de elementos corporativos, depois de balanços divulgados entre ontem e hoje.

Às 13h45, o Ibovespa subia 0,99%, aos 85.882 pontos, depois de ir à máxima nos 86.090 pontos. O giro financeiro era de R$ 3,6 bilhões.

Operadores citam que a bolsa segue barata do ponto de vista do estrangeiro, depois da recente valorização da moeda americana contra o real. Além disso, depois de oscilarem sem força nos últimos dias, os preços dos ativos ainda são atrativos ao investidor.

Ao mesmo tempo, porém, o cenário ainda é de falta de catalisadores que renovem a demanda a ponto de levar a bolsa acima da resistência em 86.165 pontos ? o que mantém o mercado "travado" no nível dos 85 mil pontos. "O Ibovespa continua com o desafio de superar a resistência [no fechamento] para consolidar a alta", diz o Itaú BBA, em relatório.

Entre os destaques do dia, o noticiário corporativo, em especial depois da divulgação de uma sequência de balanços, dá o tom dos negócios. A WEG (+4,15%) segue na liderança das altas, depois que o Itaú BBA elevou a recomendação e o preço-alvo das ações da companhia, citando o papel como um bom mecanismo de proteção contra a recente desvalorização do real e a instabilidade do mercado.

A Multiplan também figura entre os destaques, em alta de 3,71%, a segunda maior Ibovespa, depois que a companhia informou um crescimento de lucro de 80,6% no primeiro trimestre ante igual período há um ano. O balanço veio acima do esperado, segundo o Credit Suisse, e a receita e as vendas no conceito mesmas lojas foram os principais números, afirmou o Bradesco BBI.

Na ponta negativa, Estácio (-4,82%) lidera as quedas desde que a teleconferência com executivos da empresa sobre o resultado do primeiro trimestre desenhou um cenário mais negativo. Segundo um operador, a política de descontos em mensalidades para atrair novos alunos e a dificuldade na captação de estudantes preocuparam o investidor e forçaram uma redução de exposição ao papel hoje.

As units da Via Varejo (-4,55%) também seguem na segunda maior queda, na sequência da publicação do balanço na noite de ontem. O lucro líquido da empresa no primeiro trimestre caiu 26% ante igual período de 2017.

"O exterior está colaborando com a trégua hoje, mas o Ibovespa ainda não tem muito motivo para superar os 86 mil pontos, com o cenário eleitoral, principalmente, ainda sem clareza", diz um operador.

O avanço da bolsa desta tarde é suportado pelo movimento de ações como Petrobras ON (+2,21%) e Petrobras PN (+2,30%), em dia de alta firme do petróleo no exterior, e Itaú Unibanco (+1,73%). Na outra ponta, Bradesco ON (-0,86%) e Bradesco PN (-0,84%) são os destaques negativos no setor bancário, depois que o balanço do trimestre mostrou dados favoráveis, mas sem surpresa.

Dólar

A taxa de câmbio do Brasil se desvaloriza hoje pelo sexto pregão consecutivo e renova o menor patamar em quase dois anos. A queda do real prossegue apesar do sinal melhor para algumas divisas emergentes no exterior, o que reforça o peso de fatores idiossincráticos na mais recente espiral de baixa que tem alvejado a moeda brasileira.

A moeda chegou a reduzir as perdas após declarações do presidente do Banco Central,Ilan Goldfajn, em entrevista exclusiva aoValor. Ilan disse que está monitorando a desvalorização do real e que não permitirá dinâmica "perversa" no câmbio. Ele acrescentou que a autoridade monetária suavizará o movimento na taxa cambial quando for necessário. O presidente da instituição reiterou que o país possui reservas e swaps "confortáveis" para deixar o câmbio flutuar da melhor forma possível.

As declarações de Ilan vêm num momento em que opróprio governoavalia a depreciação cambial como um fator mais negativo do que positivo para a economia.

Ainda assim, o dólar segue em alta. Às 13h45, subia 0,22%, a R$ 3,4916. Na máxima, voltou a operar acima de R$ 3,50, batendo R$ 3,5073.

Apenas nesta semana, os ganhos do dólar já somam 2,46%. Em abril, vão a 5,81%, enquanto em 2018 a alta é de 5,48%. Em 12 meses, o dólar dispara 10,19%.

O real é destaque global de queda em todos esses intervalos de tempo. E essa persistente "underperformance" tem intrigado analistas aqui e lá fora e colocado em xeque previsões de uma taxa de câmbio abaixo de R$ 3,40 por dólar até o fim do ano.

Em estudo divulgado nesta quinta-feira, a economista do Bradesco Andréa Bastos Damico reconhece que a estimativa do banco de dólar a R$ 3,20 ao término de 2018 "está mais incerta". Ela diz que a depreciação do real de R$ 3,30 para R$ 3,50, ao longo de abril, foi provocada mais por fatores locais, diferentemente da desvalorização que levou o câmbio à casa de R$ 3,30 (em fevereiro e março), quando o ambiente internacional se mostrou mais arisco e afetou moedas emergentes de forma geral.

"Ainda assim, a robustez das contas externas do País - evidenciada no elevado nível de reservas internacionais, no baixo estoque de swaps cambiais, no reduzido déficit em conta corrente e na significativa melhora na posição externa de muitas empresas - tende a limitar uma depreciação elevada nos próximos meses", afirma a economista.

Juros

O mercado de juros futuros tenta escapar de uma nova rodada de valorização do dólar nesta quinta-feira, mas não encontra força para uma melhora mais expressiva. As taxas dos contratos de DI iniciam o período vespertino bem próximas da estabilidade, após darem sinais de que engatariam numa trajetória de queda mais cedo.

A cautela prevalece, principalmente, para as taxas com vencimentos mais longos. O quadro é desenhado pelas persistentes incertas no Brasil e ambiente externo mais duro, por causa das preocupações sobre o aperto monetário do Federal Reserve.

ODI janeiro/2019 marcava 6,250% (6,250% no ajuste anterior);DI janeiro/2020 apontava 6,960% (6,960% no ajuste anterior);DI janeiro/2021 registrava 7,960% (7,970% no ajuste anterior);DI janeiro/2023 projetava 9,250% (9,240% no ajuste anterior); eo DI janeiro/2025 marcava 9,810% (9,820% no ajuste anterior).