Brasileiro não é caloteiro

Dívidas ocorrem por desemprego e falta de educação financeira de pobre e rico, diz chefe da Serasa

Beth Matias Colaboração para o UOL, em São Paulo Carine Wallauer/UOL e Arte/UOL
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No vermelho

O brasileiro não é caloteiro, e a inadimplência acontece, independentemente de ser rico ou pobre, porque há descontrole financeiro. A conclusão é do CEO da Serasa Experian e da Serasa Experian América Latina, José Luiz Rossi, em entrevista exclusiva na série UOL Líderes.

Para ele, o desemprego alto é uma das principais causas desse descontrole. Outro motivo importante é a falta de educação financeira. Ele diz que o cadastro positivo ajudará os bons pagadores e aconselha as empresas a se prepararem para a Lei de Proteção de Dados.

Ricos também têm nome sujo

UOL - O brasileiro é caloteiro?

José Luiz Rossi - Não acho. O nosso perfil é muito semelhante ao de outros países, como, por exemplo, os Estados Unidos. O mais curioso é que não só não acho que ele é caloteiro, como também não é "privilégio" de um extrato social. O percentual da população que é inadimplente é igual nas classes A, B, C, D e E.

A diferença é que na classe E é uma inadimplência de alguém que comprou um tênis e não conseguiu pagar. Na classe A, o produto é um carro, que ele não conseguiu pagar. Mas os percentuais são iguais. Está mais ligado a um descontrole de gestão financeira do que efetivamente com o poder aquisitivo.

Por que as pessoas acabam entrando em grandes dívidas?

É preciso ter disciplina financeira. O conhecimento hoje é difundido, todo mundo sabe que, se não pagar uma conta, terá juros. A atitude também é conhecida. Se gastar mais do que ganha é uma má atitude. Você tem o conhecimento, mas a atitude e o comportamento são inadequados. Esse perfil independe de classe social.

Por que existe esse comportamento inadequado?

Por várias razões. Primeiro, uma parte da inadimplência é estrutural, com o desemprego, mesmo com o comportamento adequado. Sem reservas e sem emprego, a pessoa fica incapaz de cumprir com seus compromissos.

Mas há aqueles que têm o comportamento inadequado. É uma questão, talvez, de educação financeira. Nunca foi um valor ensinado em casa. O descontrole financeiro era uma coisa normal na família, e a pessoa nunca deu valor a isso.

Para resolver esse problema, seria muito importante que educação financeira fosse algo ensinado nas escolas, para que as pessoas soubessem como gerenciar um orçamento. Aprender que, se você não se planejar, não fizer uma reserva para eventos fortuitos, se você não se preparar para isso, vai chegar à vida adulta e não vai ter condições de ter disciplina financeira. Se a gente quiser resolver isso no longo prazo, é preciso incutir nas crianças essa ideia do raciocínio financeiro.

Como diminuir a inadimplência com mais de 13 milhões de desempregados?

Esse é um problema sério. Temos 62 milhões de pessoas no cadastro negativo da Serasa. Com o cadastro positivo, vamos receber dados de 137 milhões de pessoas, então cerca de 45%, que são economicamente ativas estão no cadastro negativo. Uma das principais razões para estar inadimplente é o desemprego.

Com mais 13 milhões de desempregados, reduzir esse número de inadimplentes é um desafio. Mas se a economia melhorar, se as pessoas voltarem a ter emprego formal ou informal, naturalmente isso vai diminuir. Essa situação de fragilidade econômica gera outros tipos de problema, como estresse social, baixa autoestima. É um desafio.

Se a economia melhorar, em quanto tempo a inadimplência deve diminuir?

Nesse conjunto de pessoas, há um grupo que está lá por alguma situação fortuita, mudou de apartamento e não recebeu a última conta de gás e acabou não pagando. Não é um devedor contumaz, mas está devendo, representando um percentual da população. Mas, se a economia começar a melhorar e houver uma redução do número de desemprego, podemos voltar ao patamar de 50 milhões ou 45 milhões de pessoas com dívidas.

Sempre haverá um volume de pessoas inadimplentes. Isso não é um "privilégio" do brasileiro, acontece em todas as sociedades que têm um mercado de créditos desenvolvido.

O brasileiro poupa pouco?

Essa percepção é correta. No Brasil, realmente há um nível de poupança menor do que o desejado. Em alguns casos, isso acontece porque a renda é muito baixa, e a capacidade de poupança é tão pequena que não faz diferença, e a pessoa prefere não poupar. Esse é um problema.

Eu diria que, mesmo tendo uma capacidade muito baixa, alguma reserva é importante ter. O fato é que o Brasil está entre os países que poupa menos, diferente de alguns países da Ásia onde o nível de poupança é muito maior. Se você olhar o Japão, o problema lá é que os japoneses poupam muito e têm pouco consumo.

Há outros fatores que fazem com que o brasileiro poupe menos?

Acho que o principal é a renda muito baixa. O custo para manter uma família, para viver e ter uma vida digna praticamente bate na sua renda, sobra muito pouco. E poupar R$ 10 ao mês não faz diferença. A pessoa corre o risco de não ter reserva.

Esses 62 milhões de inadimplentes mostram que muitos brasileiros não têm reservas, e é porque não poupam, e não poupam porque a renda é baixa. Só aumentando a renda é que vamos ter também uma capacidade de poupança maior da sociedade.

Como se livrar do círculo vicioso?

Não existe nenhum distribuidor de renda melhor do que o crescimento econômico. Enquanto os países emergentes, nos últimos 15, 20 anos, cresceram mais de 100%, os Estados Unidos mais de 40%, o Brasil cresceu menos de 20%.

Infelizmente é um país pobre. Precisamos aumentar o crescimento econômico para que a população tenha uma renda maior. Não dá para continuar em crescimento de 1%, 1,5%. Temos que passar ao patamar de 3%, 4%. Se não mudarmos isso, não vejo como vamos conseguir aumentar a renda da população de uma forma geral.

Pobre deve tênis, rico deve carro

Consumidor não é um coitadinho, ele também erra

UOL - Quais são as melhores práticas das empresas para resolver conflitos com consumidor?

José Luiz Rossi - É muito importante que a relação com o consumidor seja de transparência e de não surpresa. Para que o consumidor saiba exatamente qual o parceiro de negócio que ele está interagindo. Contratos claros, sem pegadinhas, em que a relação com o consumidor seja objetiva. O consumidor não é um coitadinho. Muitas vezes ele erra, mas, se ele errou de forma não intencional, que exista uma transparência, e a empresa possa ter esse diálogo. Acho que o consumidor valoriza isso: a honestidade da relação, a transparência. Essa é a melhor forma de a empresa ter uma boa relação com o consumidor.

Qual é a percepção do consumidor em relação à própria Serasa?

Eu diria que a Serasa é o pai severo. Ninguém recebe uma cartinha da Serasa e joga fora. Não gosta, mas abre. Somos respeitados porque temos um cuidado muito grande em não errar. O número de vezes em que erramos é muito pequeno. Aquela notícia ruim é verdadeira.

Mas há algum tempo percebemos que só a confiança não bastava. Tínhamos que estar mais próximos do consumidor. Só países que têm um mercado de crédito forte têm uma sociedade forte. As pessoas precisam de crédito, de uma forma geral, para fazer patrimônio ou atingir seus sonhos, como comprar um carro, uma casa, pagar a faculdade.

E o nosso propósito é ajudar as pessoas a ter crédito. Começamos a nos aproximar do consumidor, primeiro dando a ele o direito de conhecer a sua inadimplência. Depois, entendemos que precisávamos ajudar o consumidor. Criamos um portal chamado Limpa Nome, para negociação de dívida.

Acreditamos que, com isso, estamos mostrando para o consumidor que, tudo bem, somos o portador da má notícia, mas também estamos lá para ajudá-lo a sair daquela situação difícil.

O senhor diria que a última coisa que a empresa deve fazer é mandar o consumidor para o serviço de proteção ao crédito?

Como consumidor, por exemplo, eu já esqueci de pagar uma conta. Recebi ligação, SMS [da empresa]. A minha experiência é essa, sempre fui procurado. Depois que você é procurado e não responde, seu nome é enviado, por exemplo, para a Serasa. Então mandamos uma carta. Às vezes mandamos também um SMS. O consumidor tem dez dias para tomar uma decisão e só depois ele é negativado.

Há um processo inicial de tentativa de comunicação, na qual pode haver uma negociação, uma extensão de prazo, um novo parcelamento. A carta só é enviada pela Serasa quando não há nenhuma comunicação, nenhum tipo de retorno do consumidor. Esse processo, para as empresas que são cuidadosas com o consumidor, é bastante extenso antes de a pessoa ser negativada.

Como está a situação do crédito hoje?

Está aumentando, comparado há um ano. Existe uma expectativa que a economia vai girar e, portanto, o crédito em 2019 será maior do que o crédito em 2018. Mas em 2014, antes da crise, chegamos a ter crédito que era 52% do PIB [Produto Interno Bruto], hoje está em 47%, perdemos cinco pontos.

Em 2002, depois que o Plano Real saneou as finanças públicas e dos bancos privados, [o crédito] era 25%. Saímos de um patamar que é mais ou menos o do México, de 25%, para chegar a 52%, voltou a 47%. No Chile, é 80%. Temos um caminho que não é muito longo, basta ter crescimento econômico e distribuir renda para as famílias para que tenham acesso a crédito novamente.

Os bancos estão perdendo espaço na distribuição de crédito com o surgimento das fintechs?

Não acho que os bancos estejam perdendo, mas eu prestaria atenção. No nosso caso, por exemplo, olhamos para todas as fintechs que entram na área de dados para ver se estão fazendo alguma coisa que não estamos prestando atenção. Todo o custo de ser disruptivo hoje é muito baixo, basta uma boa ideia e uma capacidade de interagir com o mercado de uma forma que antes não era vista.

Exemplos com Uber, Airbnb estão aí para mostrar que indústrias estabelecidas podem ser 'desintermediadas', se você não prestar atenção. Os bancos estão trabalhando muito com fintechs, conectando-se a elas, e buscando entender como esse modelo pode impactar o negócio deles.

Existe algum olhar especial da Serasa para as fintechs?

Totalmente. Temos uma área que trabalha exclusivamente com as fintechs. Muitas deles precisam de dados para desenvolver seu negócio. Temos um olhar especial para elas, o que significa ser muito ágil, trabalhar na velocidade deles com tecnologia diferente das que são usadas para os clientes tradicionais.

Empresa tem de falar com devedor

Cadastro positivo dá força ao bom cliente

UOL - Vamos ter algum dia juros de apenas dois dígitos ao ano?

José Luiz Rossi - Um dos problemas que temos para os juros altos é a própria assimetria que o modelo de cadastro negativo tem no Brasil. Ou seja, eu conheço a minha condição de pagador, e o ente financeiro não conhece essa realidade, então ele estima. Ao fazer essa estimativa, errar ou acertar, ele se protege aumentando os juros.

Com o cadastro positivo, tivemos uma grande mudança no país. Vou lhe dar um exemplo: um casal de baixa renda, morando na periferia, sem emprego formal, um pedreiro e uma empregada doméstica, por exemplo. Eles têm a vida absolutamente controlada, sempre pagaram as contas em dia e nunca tiveram problemas. Um belo dia acontece um evento, uma doença em que a pessoa precisa ir a um médico particular e não pode esperar o atendimento do SUS [Sistema Único de Saúde].

Essa consulta médica vai sair de algum lugar porque eles não têm reserva. Sai de uma prestação, por exemplo, de um eletrodoméstico. Como essa pessoa é vista no cadastro negativo? Um casal, morando na periferia, emprego informal, de baixa renda, uma notação negativa que deixou de pagar uma prestação de eletrodoméstico.

Cadastro positivo: empregada doméstica, um pedreiro, morando na periferia, de baixa renda, 12 prestações de celular pagas, 12 prestações de luz pagas, 12 prestações de água paga, 11 prestações de um eletrodoméstico pagas e uma não paga. Eu pergunto: esse casal é igual ao outro? Não é. Esse último é visto como um casal que tem disciplina financeira, mas que teve um evento. Mas, o outro, a única coisa que eu vejo é que ele não pagou uma conta, tem baixa renda e mora na periferia.

Automaticamente eu crio juros altos porque tenho essa assimetria de informação. No longo prazo, em sociedades nas quais o cadastro positivo está implementado, há uma redução do custo do dinheiro e um aumento do crédito. Acreditamos que o crédito no Brasil, que hoje está em 45% do PIB, possa chegar a 67% do PIB com o advento do cadastro positivo. Melhorando essa situação em que o custo do dinheiro é muito alto.

O senhor não acha que com o cadastro positivo estamos criando cidadãos de segunda classe?

Não. A situação hoje é: há o cidadão que é devedor e o que não é devedor. São 62 milhões de pessoas devedoras, e o resto não é devedor. Com o cadastro positivo, vamos ter uma fotografia mais fidedigna, mais realista, de quem efetivamente é um bom pagador e de quem não é.

Os bancos estão dispostos a dar crédito para essa camada mais pobre da população tendo apenas o cadastro positivo?

Acredito que sim. Porque, para qualquer ente financeiro, bancos, varejo, o que todos eles querem é vender mais, é dar mais crédito. O que os impede é a falta de informação. Quanto mais informação de qualidade tiverem para poder tomar uma boa decisão, mais negócio eles têm.

Imagine um varejista. Se ele puder conhecer mais o seu público e puder dar mais crédito, ele vai dar. A restrição hoje é a falta de conhecimento sobre o cliente para poder tomar uma decisão acertada. Quando eu digo que 23 milhões entrarão no mercado é que, com as atuais avaliações de crédito que são feitas, mais pessoas passarão da régua porque tenho mais informações sobre elas. E essa ignorância do perfil dessas pessoas desaparece ou diminui bastante com o cadastro positivo.

Cadastro ajuda bom pagador

A Serasa Experian (Brasil) é assim:

  • Fundação

    1968

  • Funcionários diretos

    2.500

  • Número de consultas/dia

    6 milhões

  • Clientes

    500 mil (diretos e indiretos)

  • Escritórios e Centros Tecnológicos

    4

  • Pontos de atendimento

    60

Risco de exposição de dados pessoais

UOL - Algumas instituições alertam que o cadastro positivo automático vai expor dados que hoje não estão expostos. Como o senhor vê essas críticas?

José Luiz Rossi - Na verdade, o consumidor continua com o mesmo direito. Se ele quiser sair, basta optar por sair. Mas o cadastro positivo é bom porque os bons pagadores e aqueles que eventualmente têm uma situação fortuita [uma dívida eventual] são distinguidos dos outros [devedores frequentes].

A nossa estimativa é que 23 milhões de pessoas de classes menos favorecidas entrarão no mercado de crédito. Então, o cadastro tem um poder de inclusão financeira muito grande e socialmente responsável.

Em relação à privacidade de dados, a própria lei da privacidade não tem nenhum elemento contra a lei do cadastro positivo, porque essas informações continuam sendo absolutamente sigilosas. As informações são acessadas de forma a não expor o consumidor, mas o ajuda a saber qual a responsabilidade no pagamento das suas contas, qual a pontualidade e, portanto, pode premiar aquelas pessoas que são boas pagadoras.

E a privacidade das informações?

Essa é uma questão muito válida. O que é importante quando usamos os dados é saber para qual finalidade. Se você está usando os dados para fim de crédito, não pode usar para outro fim. A privacidade está associada a: tenho uma vida financeira, e ela está sendo avaliada para que eu consiga crédito.

Está na mão do consumidor tomar essa decisão. Ele continua dono das suas informações, continua com o poder de chegar e dizer que não quer que seus dados sejam vistos para análise de crédito.

Na sua opinião, quem deve fazer a fiscalização na Lei de Proteção de Dados?

A lei prevê um órgão que vai ser regulamentado. Há alguns anos, quando eu cheguei à Serasa, verifiquei duas tendências muito interessantes: direito do consumidor e privacidade de dados. Privacidade de dados é algo que vem para ficar, e a nossa lei é bastante abrangente.

Acredito que a sociedade e as empresas ainda não aquilataram o impacto da lei. Vamos ter realmente algumas mudanças estruturais porque você será o fiel depositário dos dados das pessoas com as quais você se relaciona. Acredito que a lei prevê isso de uma forma muito organizada.

Na Serasa, temos um cuidado extremo com a legitimidade dos dados. Temos uma área de mais de 300 pessoas em São Carlos, interior de São Paulo, dedicada exclusivamente a gerir os dados que compramos. Parte desse trabalho é verificar se são dados legítimos.

Sabemos que nem todo mundo tem esse padrão de qualidade e que muita gente usa dados sem o consentimento. Isso vai ser crime e com penalidades muito altas. É muito importante que organizemos isso para que o cidadão saiba que a sua informação está legitimamente depositada e, principalmente, cuidada para que não haja vazamentos.

Como a crise econômica afetou os negócios da Serasa?

A crise foi um desafio porque somos um negócio que tem cobertura nacional, temos liderança de mercado, e o crédito enxugou. Realmente tivemos um impacto nos nossos negócios tradicionais.

Mas a Serasa Experian hoje é muito mais do que uma empresa só de informação de crédito. Temos plataformas tecnológicas, trabalhamos com certificado digital, temos alternativas de negócio que nos ajudaram a equilibrar a parte da restrição de crédito que houve neste período. Mas, para uma empresa que tem como carro-chefe o crédito e ele contraiu, foi um período bastante desafiador.

Qual a sua opinião sobre a reforma da Previdência que foi apresentada ao Congresso?

Acho que foi apresentado um projeto bom que será negociado. A minha expectativa é que se preservem os pontos fundamentais da reforma e que as economias que estão sendo planejadas sejam preservadas. Porque se for uma reforma meramente cosmética que, ao final não economiza nada, é melhor nem fazer.

Que dicas daria hoje para quem quer construir uma carreira de sucesso?

Para começar, o mundo vai mudar muito nos próximos anos e numa velocidade muito maior. Eu diria: pense que você não vai ter uma única carreira, provavelmente você vai ter duas ou três, e se prepare para se reinventar.

Isso quer dizer estar continuamente antenado com o que está acontecendo na sociedade, seja na área tecnológica, seja na área de costumes. Se reinventar de forma rápida e antenado com o que está acontecendo no mundo é quase uma forma de sobrevivência.

Vou dar um exemplo muito interessante: eu vejo, por exemplo, muitos colegas já obsoletos, e estou vendo que a obsolescência hoje está em gente muito jovem, pessoas de 45, 50 anos obsoletos porque não se atualizaram, porque não entenderam com que velocidade o mundo está se transformando. As pessoas irão viver mais, vão ter vidas profissionais mais longas e, portanto, não vai dar tempo de ter uma única carreira.

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