Pare de xingar e reclamar

País vive crise de raiva e xingamento; saída é parar de lamentar e fazer, diz Luiza Trajano

Beth Matias Colaboração para o UOL, em São Paulo Simon Plestenjak/UOL e Arte/UOL
Simon Plestenjak/UOL

Mão na massa

A sociedade civil deve parar de reclamar, de falar mal de político e começar a trabalhar pelo Brasil, sem esquerda ou direita. A opinião é da presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, na série UOL Líderes.

Na entrevista ela revela a importância do sistema de cotas para compensar anos de escravidão, critica quem compra contrabando e produtos sem nota fiscal e defende a privatização de uma parte dos Correios.

Luiza Trajano também fala sobre a violência contra a mulher e como a empresa mudou depois que uma funcionária foi assassinada pelo marido.

Assumir papel político sem esquerda, sem direita, sem ódio

UOL - Qual o maior desafio que a rede enfrentou na crise econômica?

Luiza Helena Trajano - Costumo dizer que essa crise econômica foi longa, ética e política, mas não é a única. Já enfrentei crise em que o presidente Collor tirou o dinheiro de todo mundo e deixou alguns cruzeiros na época, e todo mundo ficou sem dinheiro. Eu morava em Franca [SP] e, quando cheguei aqui à avenida Paulista, parecia que haviam jogado uma bomba lá, porque não havia nem carro na rua.

Não foi a primeira. O Magazine sempre enfrentou crises de cabeça erguida, e nós tivemos estratégia. Os diretores tiveram muita consistência porque passamos a crise com a atitude certa e crescemos, com lucros e tudo mais.

É uma crise que existe, e ela é triste. Para mim, depois da saúde, o emprego é a melhor coisa que um ser humano pode ter. É muito triste ver 13 milhões de desempregados, sendo que a empresa nasceu para gerar empregos.

Nós movimentamos 600 pessoas por mês nesses últimos três anos, e isso me deixa muito feliz. Todos nós, independente de partidos, temos que lutar para sair dessa crise.

A senhora falou que é uma crise ética, econômica e política. Pode explicar melhor?

A ética é a Lava Jato, que mexeu com todo mundo, com empresários, com pessoas físicas. Trouxe à tona o que estava debaixo do tapete de muitos países, não podemos falar mal só do Brasil.

A crise é política porque vemos essa divisão, essa raiva, esse ódio que um tem do outro, que não é bom para ninguém. As pessoas não passarem o Natal com a família porque são de partidos diferentes, é uma coisa que na minha cabeça é difícil de aceitar. Para mim, isso é uma crise política de raivas, de xingamentos.

Nós só temos que ter como partido o Brasil. Aí vemos a classe política desacreditada. Isso não é bom para nenhum país. O meu propósito é a sociedade civil parar de reclamar e assumir o seu papel político, que não é partidário, mas é político. A crise política está aí, essa divisão, se eu gosto de um e detesto outro.

Em sua casa enfrentou essa divisão?

Não enfrentei na minha casa nem em um grupo de 25 mil mulheres [grupo Mulheres do Brasil, liderado por Luiza Trajano], porque somos totalmente apartidárias.

Lógico que você percebe no olhar ou em alguma coisa que algumas pessoas não gostam, mas nós respeitamos demais a democracia. E democracia é você ser de um lado ou de outro, e você respeitar a mim e eu te respeitar. Você não pode não gostar de mim porque eu tenho um ponto de vista que é contrário ao seu e vice-versa.

A senhora está otimista em relação ao governo?

Os outros me acham otimista. Eu sou de soluções, é bem diferente. Tanto é que Magazine Luiza sempre teve solução em crise, mesmo que a solução não fosse aquela que o mercado queria, mas a gente estava buscando. Criamos loja virtual, demos premiação para vendedor, trabalhamos vendedor como empreendedor, há equipes que ganham, todos, participação nos resultados, trabalhamos causas sociais.

Espero que a sociedade civil pare de reclamar e de falar mal de político e assuma, com consistência, sem esquerda e sem direita, ter o Brasil como partido, e estou trabalhando muito isso para nos tornarmos protagonistas e parar de reclamar. Acredito que, só quando a sociedade entender para onde queremos ir e parar de ficar falando mal, vai dar certo. Não sou otimista, estou trabalhando para a solução, porque não adianta ficar sem solução.

Ódio não é bom para ninguém

Tivemos muito tempo de escravidão, precisamos das cotas

UOL - O que a senhora pensa a respeito das cotas?

Luiza Helena Trajano - Antigamente, falar de cotas tinha uma conotação ruim. Quando você entende que cota é um processo transitório para acertar uma desigualdade, você passa a entender o que é cota.

Hoje nós temos 7% de mulheres em conselhos [de empresas]. Se você tirar as donas e filhas de donas, como eu, cai para 4%. Está provado que os países que colocaram cotas para mulheres nos conselhos aumentaram seu PIB [Produto Interno Bruto] e o lucro. O que estamos lutando é para termos 30%, 40%. Como está, levará cem anos para ter 20% ou 30%.

E não estou lutando por mim, porque sou dona, vou estar no meu conselho. Estou lutando pela executiva que trabalhou, que pode trocar experiência hoje, mas é o homem que vai para os conselhos [de empresas], e a mulher tem que guardar essa experiência na gaveta. Não queremos tirar os homens, queremos ter 30% de mulheres.

Cota é um processo transitório. Tivemos o maior tempo de escravidão do mundo, e 20 anos depois as pessoas estavam nas ruas sem casa, sem comida, sem oportunidade de escola. Como você vai tirar essa diferença se você não tiver cotas. Vai levar muitos anos.

O Magazine Luiza já era havia 12 anos uma das melhores empresas para se trabalhar até que veio a cota para deficiente. Fiquei com muita vergonha porque, mesmo uma empresa que era das melhores, nunca tinha olhado para isso. Na hora, assumo, fiquei com vergonha. Apostamos nisso. Naquele momento, eu vi o valor da cota, reconhecendo que precisei de cota para ver isso. E comecei a defender as bandeiras de cota.

Há mulheres que dizem que não devem nada ao feminismo. A senhora considera que o feminismo teve importância na sua história?

Primeiro vamos explicar o que é ser feminista, porque acho que isso é muito mal explicado. Feminista é quando você defende direitos iguais para todos. Acho que a mulher, o homem, o gay, todos têm direito de ser o que são. Eu sou feminista.

Agora vamos falar do feminino. Sempre lutei muito para ser feminina na minha administração. Ainda hoje sou a única mulher no meio de muitos homens. Imagine quando eu cheguei a São Paulo, nova, falando porrrta, porrrrteira [com sotaque do interior], sendo do interior com muito orgulho.

Por intuição, até hoje não uso calças para trabalhar. Não porque acho ruim, mas porque queria muito ser feminina. Sempre chorei quando quis chorar, sempre falei que não sabia quando eu queria, sempre falei que estava intuindo quando intuía.

Por um período, foi mais difícil porque era uma época de reengenharia, uma época de práticas muito masculinas, e eu estava no contraponto. Por outro lado, era uma empresa muito mecânica. Quando falava de pessoas, no varejo principalmente, falavam que eu era piegas, que era coisa do interior, é mimimi, não ia durar nada.

Mas me mantive firme. Sou totalmente feminina para administrar, mas há uma coisa que me ajudou muito com os homens. Primeiro, como eu trafego na área feminina, não há uma competição. Segundo, tenho muito respeito pelo masculino. Muitas vezes na empresa eu falava que estava intuindo, e as pessoas nem davam bola. Agora, quando eu falo, todo mundo para.

Acredito que muita coisa que eu fiz foi porque era feminina, fui protagonista feminina de uma transformação da empresa, mas com muito respeito à força masculina, e isso que é importante.

Qual a sua opinião a respeito de desempenho das mulheres na política?

Há algumas deputadas e políticas mulheres a quem a gente deve muito porque sempre estiveram defendendo causa. Mas precisamos ter mais número de mulheres e estamos trabalhando para isso. Por isso que a cota de mulheres nos partidos não pode acabar. Tem que ter cotas e tem que ter verbas para mulheres nos partidos.

Por que é tão difícil acabar com a violência contra a mulher?

Porque ninguém falava nela. Porque você acha que a violência está longe de você. A mulher também se sentia culpada e não denunciava. Uma gerente do Magazine de Campinas foi morta com 37 anos com o filho do lado. E eu entrei muito profundamente na dor da mãe e pensei que, se eu tivesse lançado uma campanha antes, talvez pudesse ter evitado.

Imediatamente fui para os canais internos e externos do Magazine Luiza e lancei, além de uma linha de denúncia sobre violação de princípios éticos que já tenho há muito tempo, uma de mulher.

E você ficaria impressionada com os casos que estamos salvando. Os veículos de comunicação começaram a divulgar [o tema da violência]. Esse mundo não é só dos pobres. Ele é muito da mulher negra, mas também é de todos, é de secretárias, de gente que não falava porque tinha vergonha, porque sempre comentavam: "o que será que ela fez?".

Não importa o que ela fez. O homem faz o que acha que deve: não dá mesada, tira os filhos, mas o direito à vida está na Constituição. Uma mulher não pode ser morta pelo companheiro a cada duas horas neste país e nós ficarmos quietas.

Reforma da Previdência não resolve tudo, mas destrava país

Corrupto também é quem compra contrabando e sem nota

UOL - O Brasil está menos corrupto?

Luiza Helena Trajano - Não é que esteja menos corrupto, mas as pessoas estão pensando até dez vezes antes de fazer qualquer coisa porque sabem que a população não aceita. Mas as pessoas precisam entender que corrupto não é só político. É você comprar sem nota, comprar de contrabando, aceitar algo sem nota porque é mais barata. Nesse aspecto, ainda acho que temos muito a crescer.

Corrupto é quem aceita uma coisa sem nota porque é mais barato, corrupto é comprar algo falsificado. Isso tudo vem da educação, e o processo educativo do país precisa ser enfrentado.

Como o Brasil voltará a gerar emprego?

Lutei muito pela reforma trabalhista. Eu a estudei por dez anos, escutei os dois lados e tive a certeza de que ela não ia prejudicar de jeito nenhum o trabalhador. Acredito muito no discernimento do trabalhador porque as oito horas por dia continuaram. Se ele quisesse trabalhar dez horas, ele podia. Se trabalhava no domingo, tirava dois dias.

Eu sabia que era uma transformação democrática. Era respeitar a vontade do trabalhador, lógico que dentro de um consenso, com 13º salário, oito horas por semana, nada de tirar isso. Mas a relação precisava ser mudada.

Quanto à reforma da Previdência, eu ainda não me aprofundei como fiz com a outra. Estou defendendo muito a mulher e o homem rural porque eu tenho fazenda, e eles com 60 ou 65 anos são muito mais idosos do que aqui [trabalhador urbano].

A questão da diferença entre homem e mulher também precisa ser vista porque a mulher tem a maternidade. Mas acho que não deve ser grande a diferença.

Mas respondendo à sua pergunta, neste momento, se não destravar a reforma da Previdência nada vai andar no país. Nem estou falando que ela é a grande solução, mas, se não abrir essa porta agora, você vai continuar com os quartos fechados.

É preciso abrir essa porta para que venham depois as outras reformas. O juro alto atrapalha, o imposto do jeito que está. O que quero dizer é que parece que a reforma da Previdência vai salvar tudo. Não sou tão gabaritada para falar se isso está certo ou errado. Fico muito atenta, principalmente ao trabalhador rural e à camada mais simples da população.

Agora, se não abrir essa porta, não vai destravar nada para a frente. Nesse momento, temos que nos juntar para fazer o melhor e rápido porque está demorando muito. Isso virou um mito, ou faz isso ou nada vai para a frente.

As reformas juntas vão levar o Brasil a alavancar o emprego?

Se conseguir a da Previdência, isso dará um fôlego para fazer as outras reformas de que precisamos. A trabalhista já foi e tomara que não retroaja. Mas há a reforma tributária, a burocracia do país, há um mundo de coisas a serem feitas.

O que a senhora espera do Brasil em 2019?

Espero que destrave a porta agora. Que entrem num acordo, porque democracia é isso. As pessoas do Congresso têm que lutar para que todos sejam mais bem servidos, sem interesse pessoal, mas com interesse no Brasil. E que destrave essa porta imediatamente para depois destravar as outras. É isso que eu espero. Posso estar enganada, mas sinto que sem destravar essa porta não vai continuar tendo luz na sala.

Mulher tem vergonha de falar de violência doméstica

O Magazine Luiza é assim:

  • Fundação

    1957

  • Funcionários

    27 mil

  • Clientes

    18,2 milhões

  • Unidades de atendimento

    960 lojas físicas, site e aplicativo

  • Faturamento

    R$ 18,9 bilhões (2018)

  • Lucro líquido

    R$ 597,4 milhões (2018)

Parte dos Correios deveria ser privatizada

UOL - Quais as dificuldades que o varejo tem em relação à logística?

Luiza Helena Trajano - É um país muito grande e, por isso, é muito difícil. Ainda que tenhamos transportes como as rodovias, é apenas um sistema de transporte. Temos rodovias no interior do Norte e Nordeste que são muito difíceis. Há também os Correios, que para mim é o maior distribuir do Brasil, ainda precisando de muita coisa para dar certo. Os Correios vão a qualquer lugar deste Brasil, mas precisa ser um órgão que realmente funcione, digitalize, e compre avião [para distribuição].

É melhor manter os Correios com o setor público ou privatizar?

Acredito que a parte de transporte tem de privatizar. Poderia funcionar como o Banco do Brasil, que consegue prestar um serviço sendo um tanto do governo e um tanto de fora. Não defendo a privatização da área de correspondências, a parte popular, mas apenas a parte de logística. Sou totalmente a favor de criar o Correio Logística e privatizar.

Ele tem um valor de distribuição logística impressionante. Sou a favor de pegar o Correio na parte logística e profissionalizar e não vejo outra forma senão dividindo um pouco esse pacote.

Estamos vivendo um ano conturbado em relação à educação. O que a senhora acha que temos que fazer para melhorar a educação no país?

Os programas não são ruins, as pessoas que trabalham no MEC [Ministério da Educação] não são ruins, mas uma área não conversa com a outra e, a cada quatro anos, temos um ministro diferente. Nós não temos um plano a ser cumprido independentemente de quem está lá. Há muita gente boa, há muita reforma boa e muito professor maravilhoso.

Mas não existe uma meta do Brasil em dizer que queremos estar entre os dez melhores na educação em cinco anos, como há nas empresas. Não existe uma medição, não há um programa. Há muita gente boa, mas que não se conversa.

Aí a cada quatro anos entra um ministro, quando não é em menos tempo. Temos que ter um plano de educação, não apenas metodologia. O que precisa é, ao mesmo tempo, ter avaliação de professores. Aqui na empresa quem é melhor ganha mais, quem consegue mais resultado. Falta isso, faltam incentivo com medição e uma meta de onde queremos chegar.

É difícil administrar uma empresa familiar?

Sempre acreditei em empresa familiar. A empresa familiar tem de ser profissional. Nunca ninguém entrou aqui de cima para baixo. Somos poucos, venho de uma família pequena. Eu entrei de baixo, não entrei como a herdeira. Meu filho trabalhou oito anos fora. Quando ele entrou, teve que respeitar meus sobrinhos que estão aqui, que entraram de baixo, tinham horário.

Uma empresa familiar dura, e a Bolsa está vendo isso. Mas a empresa familiar não pode ser cabide de empregos de filhos de sócios. Ser dono é diferente de ser executivo.

É muito importante a empresa familiar, eu acredito muito nela, mas ela tem que ter coragem de tomar algumas medidas e, às vezes, o pai, para não prejudicar um, coloca os três filhos no mesmo nível sendo que um tem mais facilidade para ser gestor, os outros dois podem sem muito bons donos, mas eles talvez não sejam bons gestores.

É preferível ser bom dono, participar do conselho da família, do que ficar em gestão. Mas está provado no mundo inteiro que as empresas que estão durando mais são empresas de família, quem têm dono, mas com um nível profissional. É difícil porque no domingo você almoça com a família.

Qual o futuro do varejo quando falamos de tecnologia?

Queremos sair de uma empresa com pontos físicos e uma área digital (há seis anos trabalhamos nisso) para uma empresa digital com pontos físicos e calor humano. Acreditamos que ponto físico não vai morrer, ele vai se transformar em outras coisas. Ele é mais entretenimento, é acolhimento para o cliente que está precisando de alguma coisa ou que está tendo dúvidas e é também o lugar para você retirar o produto.

O ponto físico passa a ser um lugar onde a pessoa se sente bem, tem um café, um pão de queijo porque nós somos da região de Minas, tem entretenimento para as crianças. Acredito que ele vá mudando de figura, mas não acredito de jeito nenhum que o físico vai morrer.

O que agrada mais o consumidor?

Preço é uma coisa que o consumidor vê, mas eu nunca acreditei que o preço é que segura a venda. O que segura é atendimento, é ser tratado como único. Ele realmente quer ser atendido na hora que precisa reclamar, isso dá fidelidade. Agora, o preço ainda é uma coisa importante, mas eu nunca acreditei que o preço sozinho mantivesse um carisma, uma marca. Tanto é importante que durante muitos anos assumi o SAC [Serviço de Atendimento ao Consumidor] da empresa. Se você se dispõe a falar com o consumidor, ele te respeita muito.

E o que desagrada?

Hoje ele está se sentido muito desagradado e se vê no direito de reclamar. O que mais desagrada é quando ele é discriminado. E isso é muito sério, quando ele não é respeitado nas suas reivindicações, principalmente no varejo após a compra.

Qual é a fórmula para transformar uma rede de lojas em Franca em uma das maiores redes de varejo do país?

Não existe fórmula nenhuma. O que posso dizer quando as pessoas perguntam "onde você errou?", eu falo "onde eu acertei". Porque onde eu errei para mim é um exercício diário: aceitar e direcionar os erros, mas continuo errando muito. Primeiro, venho de uma família para a qual o trabalho é sagrado. Há um respeito total à instituição.

Nunca misturamos o nosso dinheiro com o dinheiro da empresa. Nunca compramos nada esperando o Magazine. Segundo, acho que como gostamos muito da instituição, nunca pensamos a curto prazo. E uma coisa muito importante, que parece retórica, é quando digo que o propósito da companhia sempre foi muito forte.

As pessoas estão em primeiro lugar dentro da empresa. Alguns falam que não vou dar conta, que cresceu muito. Primeiro, tínhamos 2.000 funcionários, chegamos a 10 mil e estamos agora com 30 mil.

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