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Empreendedor precisa saber sensibilizar o público, como uma obra de arte

Marco Roza

Colunista do UOL

22/07/2015 06h00

Tem gente que se intitula artista, até ter que suportar o descrédito do público que não percebe arte alguma no que ele ou ela expõe, escreve ou compõe. Porque é muito difícil a gente captar e dar consistência a uma obra que possa ser percebida como arte, a ponto de se vincular profundamente com as emoções e com a alma das pessoas que interagem com a obra.

Talvez seja por isso que muitos negócios “dão com os burros n’água”, mesmo após investimentos corajosos em prédios, escritórios ou salas; em estoques, publicidade e campanhas de marketing.

Falta, quem sabe, a essência artística que transformaria as mercadorias ou serviços finais em obras de arte capazes de suprir as necessidades dos consumidores. E, especialmente, determinantes a ponto de complementar suas almas, interagir e excitar seus hábitos culturais, emocionais e suas vivências sociais.

Por isso, não basta que a gente decrete para os amigos, conhecidos e parentes que está abrindo uma empresa que tem a excelência da arte como parte de seu DNA. Porque é uma tarefa dificílima e que distingue, na maioria das vezes, as organizações que sobrevivem das que fecham suas portas em dois ou três anos.

Empreender com arte é estar absolutamente envolvido em toda a cadeia e em todas as nuances produtivas.

É conhecer, em detalhes, como funcionam e agem os fabricantes, fornecedores e distribuidores dos produtos com os quais você, por exemplo, abastecerá sua loja. E, de quebra, monitorar os hábitos e expectativas de sua clientela.

Ou, se é distribuidor, ter a exata noção das necessidades do fabricante, do comprador e do cliente final. E de todos os obstáculos e facilidades logísticas que eventualmente surjam no meio do caminho entre a mercadoria e a prateleira da loja ou a casa do freguês.

Ou seja, empreender com arte é mergulhar, profundamente, em todos os detalhes que possibilitam atender o cliente final com aparente naturalidade, mas com aquele algo a mais que confirma o acerto da decisão do freguês de ter escolhido sua loja, transportadora, fábrica ou escritório para concretizar suas vontades ou necessidades.

Conhecer só uma parte, ou seja, ser um excelente lojista, e se descuidar da cadeia produtiva nos seus múltiplos detalhes, corre-se o risco (que muitos nem sequer percebem) de ter uma empresa bonitinha mas que parece ordinária, ou na melhor das hipóteses, uma empresa comum, aos olhos sempre críticos e cada vez mais treinados dos consumidores.

Consumidores esses que estão antenados, muito bem informados e cultos. Que buscam, a cada compra, exercitar, com prazer, seu onipresente poder de compra.