Habemus, sim, empreendedoras muito inovadoras!
Incomoda-me, no dia Internacional da Mulher, homenagens e lembranças que costumam nos colocar em papéis mais tradicionais relacionados somente a estética, moda, saúde, bem-estar, casa e família.
Não que se neguem essas facetas, mas no mundo e na sociedade brasileira atual, alcançaram-se outras áreas também.
Sabe-se que a mulher brasileira, na média, tem mais anos de estudo do que o homem (7,4 para 7,0). Ela está ocupando mais vagas no ensino superior do que os rapazes.
E 38% dos lares são chefiados por mulheres –dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2011– , que também avançaram na atividade empreendedora: 45% dos empreendedores individuais são mulheres, segundo o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Elas representam, segundo a pesquisa de monitoramento global de empreendedorismo GEM (Global Entrepreneurship Monitor), 48,6% dos empreendedores iniciais e 43% dos empreendedores estabelecidos.
Por conta do papel exercido nas famílias e na sociedade, se inclinam mais para empreender em áreas nas quais possuem familiaridade: alimentação, estética, beleza, confecção e moda.
Mesmo que empreenda nesses setores mais tradicionais, não quer dizer que a agregação de inovação não seja possível. De fato, é mais difícil se diferenciar nos setores em que tantas pessoas empreendem.
Entretanto, a inovação sempre é possível. Por isso que algumas empreendedoras se tornaram referência na sua área de atividade.
Desculpe-me por destacar apenas algumas delas. Primeiramente pelo espaço, e segundo porque não conheço todas as inovações introduzidas pelas empreendedoras brasileiras.
Vejamos. Na alimentação: quer sobremesa mais tradicional do que brigadeiro? Aprendemos a fazê-lo desde muito cedo, só que a receita sempre se repete. Será? Juliana Motter começou a se incomodar com a mesmice dos brigadeiros e teve, então, a ideia de criar opções.
Exigente com os ingredientes e o paladar, inovou ao oferecer brigadeiros gourmet. Logo, nasceu a Maria Brigadeiro.
Confecção: ressalto a empreendedora Maysa Motta Gadelha, premiada várias vezes. O último foi o Prêmio Claudia 2012 pelo seu envolvimento com o algodão naturalmente colorido.
Há mais de 12 anos procurava um produto inovador, localizando o algodão naturalmente colorido desenvolvido pela Embrapa de Campina Grande.
Ela puxou toda uma cadeia produtiva que vai da agricultura familiar, à produção de tecido e malha, confecção e artesãos que produzem os detalhes que dão um toque diferente e regional às peças produzidas.
Ela dirige a Coopnatural, com 88 agricultores, 22 famílias de artesãos e 29 cooperados. Recentemente foi inaugurada uma escola de costura, serigrafia e artesanato, com objetivo de capacitar a mão de obra da região, dedicando-se, assim, ao desenvolvimento local.
Em perfumaria e cosméticos, primeiramente, cito o caso da empresa mineira Kapeh Cosméticos, que recebeu o Prêmio Nacional de Inovação de 2011, na categoria competitividade, pelo desenvolvimento de uma linha de cosméticos à base de café e, depois, um perfume utilizando a flor do café.
A empreendedora, Vanessa Villela, bioquímica, perseguiu a ideia de utilizar o fruto, e agora a flor, para desenvolver uma linha inovadora de produtos.
Outra inovadora nesse setor é a empreendedora Cristiana Arcangeli, criadora da categoria dos “aliméticos”: fusão de alimentos com cosméticos.
Na visão de inovação, propõe que se construa a beleza de dentro do corpo para fora.
Ou seja, o produto contém substâncias bioativas que agiriam nas células do corpo, produzindo os alegados efeitos de funcionamento corporal adequado e os resultados de embelezamento.
Os salões de cabeleireiros são um dos negócios mais comuns, sobretudo entre mulheres. Porém, a fundadora da rede de salões Beleza Natural, Zica, conseguiu inovar. Graças a uma luta de dez anos na busca de conhecimento e de experimentações, mesmo sem ser química, obteve um produto único, patenteando-o no Inpi.
O seu super-relaxante para cabelos crespos consegue tratar os fios dando-lhes naturalidade, brilho e balanço, agregando autoestima a um enorme segmento de clientes.
A empresária, juntamente com seu marido, e também o seu irmão Rogério e Leila Velez (sua noiva na época), fundaram o primeiro salão, aplicando conceitos usados nas redes de restaurantes McDonald´s: dividiram o atendimento da cliente em estações de trabalho.
Outras inovações se sucederam ao longo do tempo.
Desse modo, fica o recado à mulher que deseja empreender: confie na sua capacidade de criar e examine atentamente quais seriam as necessidades de seus clientes, teste e analise os resultados, e persiga uma solução diferente de modo que surpreenda. Persista.
Como você viu, mesmo nas atividades mais tradicionais, é possível agregar inovação. E ainda acredite que possa avançar em setores não tão tradicionalmente femininos.
Afinal, com mais educação e preparação, dedicação e sensibilidade para lidar com pessoas, a inovação poderá ser sua marca em outras atividades também.
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