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"É possível ser bem sucedido na carreira sem virar chefe", diz especialista

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

10/12/2013 06h00

“É possível ser bem sucedido na carreira sem se tornar chefe”, é o que diz Yuri Trafane, professor de gestão e sócio diretor da Ynner, empresa de consultoria e treinamento. De acordo com ele, há empresas que oferecem a possibilidade de crescer profissionalmente sem liderar.

“Por exemplo, um cientista que continua fazendo pesquisa em vez de liderar pesquisadores, um engenheiro que assume a responsabilidade técnica por projetos mais sofisticados ou um vendedor que negocia com clientes mais importantes sem ter que liderar uma equipe.”

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Segundo Trafani, a maioria das pessoas acredita que o crescimento profissional está diretamente ligado à promoção para cargos de liderança e esse trajeto é quase obrigatório entre os colaboradores.

“Por outro lado, o que se nota no mercado atual é que muitos profissionais não almejam liderar e não se sentem confortáveis com isso, mas são movidos pela remuneração”, diz.

Para Luiz Pagnez, headhunter do site Recrutando.com, a definição de sucesso varia muito de pessoa para pessoa. “Se o sucesso está ligado ao reconhecimento financeiro e status, alcançar posições de gestão e chefia será importante.”

Entretanto, para outros profissionais o sucesso não está associado necessariamente a uma posição hierárquica na empresa e sim ao sentimento de realização profissional.

“[O sucesso] pode estar relacionado à liberdade de fazer o que gosta e ser reconhecido pelo seu grupo social como uma referência naquele assunto, um mestre, um especialista, por exemplo.”

Nesse cenário, o profissional pode se tornar um um consultor técnico, que vende seus serviços especializados para as empresas, sem ter vínculo com elas.

“A vantagem é continuar fazendo o que gosta sem ter que assumir um papel de chefe ou líder. Mas é preciso assumir uma postura de empresário, correr atrás dos clientes e se sujeitar à instabilidade do mercado e das receitas”, diz Trafani.

Liderar ou não, eis a questão

Para o funcionário, a escolha é decisiva. Se ele assume uma posição de líder e depois tenta retornar para o cargo antes ocupado, pode comprometer sua carreira.

“Se o profissional continuar na liderança sem gostar daquele papel, ele não terá sucesso. Se retroceder, haverá uma marca profunda no currículo, pois sair da gerência para compor novamente a equipe seria dar um passo para trás”, afirma Trafani.

A solução, segundo o especialista, pode estar em um teste prático que poderá poupar tanto a empresa como o funcionário de uma experiência desgastante. "A empresa pode oferecer ao profissional a chance de vivenciar pequenas experiências de líder. Assim é possível provar essa liderança sem precisar exercê-la de forma irreversível.”

Para a empresa, a escolha errada da liderança também tem resultados ruins. “Perde um ótimo profissional na equipe e ganha um mau gerente”, afirma o especialista.

Recusar cargo de chefia pode quebrar confiança

Segundo Pagnez, outro ponto que deve ser levado em consideração é que, geralmente, quando a empresa oferece uma posição de chefia para um profissional, além das habilidades  técnicas e comportamentais exigidas, existe a questão da confiança.

“Estão te oferecendo o cargo porque confiam em você. Ao recusar o convite, poderá passar a impressão que ‘está deixando a empresa na mão’ e pode haver uma quebra de confiança.”

Neste caso, explica o headhunter, o profissional precisa dialogar e explorar alternativas sem deixar transparecer que aquele convite não é interessante para ele.