Analistas recomendam ações de empresas de consumo; veja lista

No ano passado, ações de empresas voltadas para o consumo doméstico foram o destaque da Bolsa de Valores brasileira. No início deste ano, os especialistas do setor financeiro continuam mantendo suas apostas neste segmento da economia.

O motivo principal: as grandes empresas exportadoras (que já brilharam na Bovespa em outros anos) enfrentam um duro cenário externo: a China anda crescendo fortemente, mas em um ritmo um pouco menos acelerado; os EUA lutando para firmar a recuperação dos últimos meses, e a Europa ainda no atoleiro da crise econômica.

“No mercado acionário incluímos na carteira sugerida de fevereiro os papéis das empresas Natura, Ambev e Pão de Açúcar por serem voltados para o mercado interno e de caráter não cíclico [venda de produtos de consumo constante], já que permanece a perspectiva de volatilidade no curto prazo pela influência do cenário externo”, apontam os analistas Priscila Tambelli e Thiago Gramari, em relatório da BB Investimentos deste mês.

A frase sintetiza o cenário desenhado por outros especialistas do setor financeiro, que antecipam um mês complicado para a Bolsa de Valores em fevereiro.

Tanto no Brasil quanto no exterior as empresas começam a divulgar os seus resultados (os balanços corporativos) relativos ao ano passado. A divulgação diária de lucros e prejuízos é a receita para dias instáveis no mercado de ações.

Boa parte dos papéis sugeridos neste mês, portanto, são de empresas com potencial de crescimento constante e que não acompanham muito fielmente as altas e baixas do Ibovespa, o indicador da Bolsa brasileira mais citado na imprensa e acompanhado pelos investidores.

O analista Clodoir Viera, da corretora Souza Barros, por exemplo, destaca as ações da CCR (concessionária de rodovias) porque a empresa tem seu negócio firmemente vinculado à atividade econômica nacional. O tráfego de caminhões, junto com a produção de papelão ondulado, é sempre citado como um indicadores mais significativos para perceber o ritmo de crescimento econômico.

A exceção é a Vale, que “manda” nos rumos do índice Ibovespa junto com os papéis da Petrobras, devido ao seu grande peso na composição desse indicador (que reúne os papéis mais negociados pelos investidores).

A ação preferencial da mineradora continua na lista das ações mais recomendadas devido à expectativa dos analistas de que a procura do minério de ferro pela China (maior cliente da gigante brasileira) vai manter os preços em alta.

O levantamento do UOL foi feito a partir das listas de ações sugeridas por 12 corretoras de valores (responsáveis pela negociação desses papéis na Bolsa de Valores).

As ações de Ambev, CCR, Lojas Renner, Pão de Açúcar, não por coincidência, empresas ligadas ao segmento de consumo doméstico, estiveram entre as mais mencionadas nestas listas. Os papéis de Vale e Ultrapar também bastante citadas.

Os papéis da mineradora, se consideradas as menções somadas de ações preferenciais e ordinárias, foram os mais sugeridos, com quatro “votos” para as primeiras (que dão prioridade no pagamento de lucros da empresa) e três “votos” para a segunda (que concedem direito de voto ao acionista nas assembleias da empresa).

Outras ações que tiveram pelo menos três citações foram: Anhanguera ON, Bradesco PN, Br Foods ON, Duratex ON, Gerdau PN, Localiza ON, Marco Polo PN, Petrobras PN e Totvs ON.

Foram consultadas as seguintes corretoras: Concórdia, Fator, Geração Futuro, Geral Investimentos, Planner, Souza Barros, TOV, Walpires e XP Investimentos, além das corretoras do Banco do Brasil, Bradesco e HSBC.