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Economia chama atenção pela ausência na eleição à Casa Branca

28/01/2015 14h41

Washington, 28 Jan 2016 (AFP) - A corrida para as eleições presidenciais dos Estados Unidos de novembro toma forma. Crescem os ataques pessoais, as discussões sobre imigração e a inquietude pela segurança. Mas algo se destaca pela ausência: discutir sobre a economia.

Tanto no campo republicano como no democrata, a situação da maior economia do mundo é, naturalmente, mencionada. Mas as referências a ela nos debates foram apenas frases para os meios de comunicação e para as redes sociais, sem gerar discussões sérias.

A resposta para essa reticência em abordar uma questão que foi crucial nas eleições anteriores parece estar no bom momento da economia americana.

"A economia está razoavelmente bem embora não esteja espetacularmente bem", disse Joseph Gagnon do Peterson Institute for International Economics.

"Os Estados Unidos estão indo muito bem, de modo que os republicanos não encontram um ponto fraco para atacar, mas, ao mesmo tempo, não está tão bem a ponto de os democratas poderem se orgulhar", explicou.

O desemprego caiu à metade desde o seu teto em 2009 e se encontra em 5%; nível próximo ao pleno emprego. A economia cresce a um ritmo modesto e o déficit do governo diminuiu.

Por isso, o presidente Barack Obama disse que os votantes devem favorecer o candidato de seu Partido Democrata.

- Salários ainda baixos -Não há dúvida de que a crise econômica das últimas duas eleições presidenciais - especialmente a que deu em 2008 p primeiro mandato a Obama - foi superada. Isso complica o lado republicano, caso queiram atrair votos criticando a gestão econômica de Obama.

Os republicanos buscam explorar a fragilidade da recuperação econômica e, especialmente, o fato dela não ter beneficiado a todos.

Para os republicanos, disse Lawrence Mishel do Economic Policy Institute, "não há um alvo fácil enquanto há um sentimento generalizado de que as pessoas (...) realmente não se beneficiaram com a recuperação da economia".

O que incomoda os eleitores dos dois partidos é o fraco crescimento dos salários e seu reduzido poder de compra.

O candidato republicano Ted Cruz está buscando tirar partido com esse tema.

"Ao se ganhar dinheiro em Washington ou perto de Washington, as coisas vão bem. Os milionários e os multimilionários estão indo muito bem com Obama", disse.

Segundo as pesquisas, Cruz está em segundo, atrás do magnata Donald Trump, a corrida para a nomeação do candidato republicano.

Outro aspirante republicano, Marco Rubio, sentenciou: "a economia não está gerando empregos que paguem o suficiente"

Ainda assim, os republicanos, eternos defensores da liberdade econômica e de menores impostos, não estão muito à vontade para transformar os salários em um assunto político. A maioria deles opõe-se, por exemplo, a aumentar o salário mínimo; uma das causas preferidas dos democratas.

Os republicanos tentam de mitigar a vitória de Obama na redução do desemprego. Afirmam que ainda é muito elevado o número de americanos que deixaram o mercado de trabalho; que em termos de percentual da população se mantém nos níveis mais altos em quatro décadas.

Este tema foi levantado pelo democrata Bernie Sanders, que defende que o desemprego real é de 10%, se for incluída a quantidade de pessoas forçadas a trabalhar em tempo parcial.

Outros assuntos são preocupações em comum para aspirantes dos dois partidos, o complica tomar uma posição.

Hillary Clinton, favorita para a candidatura democrata, e Trump se opõem ao Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP) concluído no ano passado por Obama, criando a maior zona de livre comércio do mundo, com 12 países.

Clinton e Trump também se opõem a que as companhias americanas transfiram seus domicílios fiscais a outros países, para pagar menos impostos.

Os candidatos se limitam a criticar e reclamar, sem oferecer alternativas concretas.

"Os impostos são muito altos, os salários são muito altos. Não vamos poder competir com o resto do mundo", disse Trump.

Barry Bosworth, do centro de estudos Brookings Institution, acredita que as propostas específicas demorarão várias semanas ou meses para emergir.

"Nenhum dos partidos tem grandes ideias sobre como enfrentar a questão do emprego e o crescimento dos salários; algo que parece ser a preocupação dominante dos eleitores", disse Bosworth.

Esses temas serão debatidos quando os partidos tiverem escolhido seus candidatos para novembro e os eleitores começarem a prestar mais atenção às discussões.