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Pessimista em suas previsões, BCE quer fazer mais pela zona do euro

03/09/2015 18h35

Frankfurt am Main, 3 Set 2015 (AFP) - O Banco Central Europeu (BCE) reduziu nesta quinta-feira suas previsões de inflação e crescimento na zona do euro para 2015, 2016 e 2017, e se declarou disposto, "se for necessário", a acrescentar sua ação em matéria de política monetária.

O BCE celebrou nesta quarta e na quinta-feira sua reunião de política monetária em um contexto de incertezas na China e a recente valorização do euro.

A reunião do BCE aconteceu um dia depois do Fundo Monetário Internacional (FMI), preocupado por uma economia mundial abalada pela desaceleração chinesa, pediu na quarta-feira que todos os bancos centrais para manter políticas monetárias flexíveis.

Nas esperadas previsões nesta quinta-feira de seus economistas, o BCE prevê uma alta de preços de 0,1% em 2015, 1,1% em 2016 e 1,7% em 2017, contra +0,3%, +1,5% e +1,8% respectivamente em sua estimativa anterior.

Em coletiva de imprensa, o presidente do BCE, Mario Draghi, advertiu que a inflação na zona do euro pode entrar em território negativo nos próximos meses, mas que isso seria um fenômeno temporário.

"Podemos ver os dados de inflação negativa nos próximos meses, que se deverão essencialmente a efeitos temporários vinculados ao preço do petróleo, que continua em torno dos 50 dólares o barril", declarou Draghi.

Por outro lado, o BCE espera um crescimento na zona do euro de 1,4% neste ano (contra 1,5% das previsões anteriores), de 1,7% em 2016 (contra 1,9%) e 1,8% em 2017 (2%).

"Não há limites"Diante dessas perspectivas de inflação muito baixa e fraco crescimento na região, Draghi assegurou que "não há limites" para a instituição em sua atuação em matéria de política monetária, salvo os impostos por seu mandato, que, por exemplo, impede financiar diretamente os Estados-membros.

"Não há especialmente limites na capacidade do BCE para ampliar o âmbito de sua política monetária", disse Draghi, que lembrou que o atual programa de compra de dívida da instituição pode ser estendido "se necessário".

"Ainda não estamos estamos nessa situação", ressaltou Draghi, afirmando que a possibilidade de ampliar o programa (conhecido como Quantitative Easing, QE) "não foi debatido" pelo conselho de governadores do BCE, explicou.

Apesar da prudência, os mercados receberam positivamente as palavras de Draghi, com altas na maioria das bolsas europeias.

Para reativar a dinâmica inflacionária e estimular a atividade na zona do euro, o BCE já implementou um amplo plano de compra de ativos, e adquire mensalmente desde março cerca de 60 bilhões de euros de dívidas, principalmente públicas. Espera ter chegado a 1,14 trilhão no total em setembro de 2016, até quando em princípio o programa seria estendido.

A ampliação do programa, contudo, está longe de ser uma certeza. "Não acordamos todo dia de manhã olhando os indicadores econômicos para decidir se paramos ou ampliamos o QE. Temos uma perspectiva de longo prazo", explicou na semana passada Benoît Coeuré, membro do diretório do BCE.

"Só nos sentiríamos obrigados a atuar se houvesse uma mudança fundamental na situação econômica ou se a política monetária estivesse seriamente alterada pelos acontecimentos nos mercados".

Como era esperado, o BCE manteve sem alteração, nesta quinta-feira, sua taxa de juros em 0,05%, um nível historicamente baixo no que se encontra desde setembro de 2014.

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