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Fed aumentaria taxas de juros em meados do ano mesmo com inflação baixa

Craig Torres e Catarina Saraiva

27/01/2015 11h55

(Bloomberg) - As autoridades da Reserva Federal vão ver além da inflação baixa e manter o foco no aumento das taxas de juros no meio do ano, segundo a previsão de uma estreita maioria dos economistas consultados pela Bloomberg News em relação à reunião desta semana.

Cerca de 45 por cento dos 53 economistas consultados na pesquisa disseram que o banco central aumentará a taxa de empréstimos de referência em junho. Seis por cento disse que será em julho, e 30 por cento disse que o Fed esperará até setembro para fazer o primeiro aumento desde 2006. No mês passado, as autoridades do Fed disseram que esperam elevar a taxa neste ano.

"A economia está dando cada vez mais sinais de que já não está em modo de crise", disse John Ryding, economista-chefe da RDQ Economics em Nova York, quem prevê um aumento em junho. "A inflação baixa deve-se principalmente aos preços do petróleo" e isso "será bom para a economia dos EUA".

O Comitê Federal de Mercado Aberto, que estabelece políticas econômicas, será desafiado em sua primeira reunião de 2015, que ocorrerá hoje e amanhã em Washington, pelos relatórios que contrastam o desempenho estimulante da economia dos EUA com uma perspectiva mundial que tem piorado desde a reunião de dezembro.

Na semana passada, o Banco Central Europeu anunciou que gastaria 60 bilhões de euros (US$ 68 bilhões) por mês a partir de março na compra de dívidas para defender-se da ameaça da deflação - um declínio prejudicial e generalizado dos preços - na zona do euro.

O euro se enfraqueceu quase 3 por cento frente ao dólar desde a decisão, tomada pelo BCE no dia 22 de janeiro. Isso pode gerar ventos contrários para o crescimento dos EUA, pois torna suas exportações mais caras. Os economistas na pesquisa disseram que o Fed minimizará o impacto do fortalecimento do dólar.

Dólar forte

Uns 28 participantes da pesquisa, 53 por cento dos consultados, disseram que a valorização do dólar frente a outras moedas de importância não faz diferença para o momento em que ocorrerá o primeiro aumento das taxas.

De forma similar, 66 por cento disse que a decisão do BCE de iniciar um programa de flexibilização quantitativa de pelo menos 1,1 trilhão de euros não faz diferença para o momento em que o Fed implemente o primeiro aumento das taxas.

A taxa de desemprego dos EUA foi de 5,6 por cento em dezembro, nível próximo da estimativa de pleno emprego dos banqueiros centrais, de 5,2 por cento a 5,5 por cento.

Os preços do petróleo caíram cerca de 20 por cento desde a última reunião das autoridades do Fed, em 17 de dezembro, e os economistas estão elevando suas estimativas de crescimento para este ano, já que os preços mais baixos da gasolina possibilitam que as famílias tenham mais dinheiro para gastar em outras coisas.

Outra pesquisa mostra que os prognosticadores esperam que o crescimento econômico dos EUA seja de 3,2 por cento neste ano, de acordo com a mediana das estimativas, em comparação com a avaliação de 2,9 por cento no mês passado.

Inflação baixa

Em dezembro, os banqueiros centrais dos EUA projetaram uma expansão de 2,6 por cento a 3 por cento para este ano, com uma alta da inflação de apenas 1 por cento a 1,6 por cento, medida pelo índice de preços das despesas do consumo pessoal.

A presidente do Fed, Janet Yellen, disse na coletiva de imprensa após a reunião de dezembro que os banqueiros centrais teriam que ter um "grau razoável de confiança" em que a inflação voltaria à meta de 2 por cento com o tempo, para começarem a elevar as taxas de juros. Ela também disse que não haveria mudanças, pelo menos nas próximas duas reuniões, ou não antes do final de abril.

Os economistas se mostraram divididos quanto ao ritmo de ajuste.

Cerca de 34 por cento disse que a taxa de empréstimos de referência estaria entre 0,75 por cento e 1 por cento no final de 2015, e 32 por cento disse que estaria entre 0,5 por cento e 0,75 por cento.

Título em inglês: 'Fed Seen Raising Rates Midyear Even With Low Inflation: Economy'

Para entrar em contato com os repórteres: Craig Torres, em Washington, ctorres3@bloomberg.net; Catarina Saraiva, em Washington, asaraiva5@bloomberg.net