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Sócios de Robert De Niro ganham bilhões com hotéis boutique em Manhattan

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Imagem: Reprodução

Nadja Brandt e Devon Pendleton

10/04/2015 12h25

(Bloomberg) - Ira Drukier e Richard Born estavam entediados. Há três décadas, diante de uma crise de meia-idade adiantada, eles decidiram largar suas carreiras de Engenharia e Medicina e seguir os passos de seus pais no ramo imobiliário.

A decisão valeu a pena. Os sócios, que cresceram no Queens, ficaram bilionários transformando os modestos ativos imobiliários de suas famílias em um império hoteleiro que inclui algumas das opções mais elegantes de Nova York. Com 24 propriedades, entre elas o Bowery e o Ludlow, eles são os maiores donos de hotéis boutique na cidade. Eles também controlam 12 edifícios comerciais e residenciais.

Drukier e Born tendem a se concentrar na compra de projetos que precisem de muitas reformas. Eles dirigem os imóveis através de sua empresa de gestão, a BD Hotels, e contratam diferentes equipes de arquitetos e designers para cada edifício, a depender da vizinhança e da história de cada um.

"A natureza estética do negócio dos hotéis evoluiu lentamente - eu compararia com as calças jeans -", disse Drukier, 69, em entrevista por telefone. "Com o tempo, eles ficaram estilizados e passaram a atender a um grupo muito específico de pessoas. Os hotéis são mais do que uma cama e um chuveiro com água quente".

Drukier e Born, 57, estão lucrando com a demanda por hotéis boutique, que tem sido um dos segmentos de crescimento mais acelerado no setor hoteleiro, de acordo com Nikhil Bhalla, analista da FBR Co., em Arlington, Virgínia.

Manhattan e Brooklyn

A dupla tem três hotéis em construção: dois em Manhattan e um em Williamsburg, um bairro do Brooklyn. Eles expandiram para a Califórnia em junho, quando pagaram US$ 30 milhões pelo Cecil Hotel, no centro de Los Angeles, um imóvel dilapidado e associado a assassinos em série e suicídios.

Drukier e Born têm participações em mais de duas dúzias de imóveis hoteleiros, como o Greenwich Hotel, do qual também é dono o ator Robert De Niro, e o Mercer, no SoHo, que é dirigido por eles em parceria com André Balazs.

Suas posses estão avaliadas em cerca de US$ 2 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg que incluem a tarifa dos quartos, os níveis de ocupação e as taxas de capitalização prevalecentes na cidade de Nova York. Eles são donos de 40 por cento a 70 por cento dos seus hotéis.

Mudança

Drukier e Born abandonaram suas carreiras para entrar no setor imobiliário em meados da década de 1980. Born ligou para Drukier, que ele conhecia graças ao relacionamento entre seus pais, depois de ouvir que ele tinha abandonado seu antigo emprego, e, em um almoço, eles decidiram estabelecer uma parceira. Utilizando dinheiro da segunda carreira de Born como corretor de imóveis comerciais e as economias de Drukier da época em que ele trabalhava em uma divisão da Microwave Semiconductor Corp., eles compraram um hotel Howard Johnson no aeroporto de Newark. Eles venderam o imóvel em 2013 por cerca de US$ 28,5 milhões, segundo estimativas da empresa de pesquisa imobiliária Real Capital Analytics Inc.

Hoje, seus hotéis pontilham bairros que costumavam ser sujos e agora estão na moda, e o interior dos edifícios combina com os arredores. Os quartos do Bowery, no Lower East Side, têm janelas de estilo fabril que vão do chão até o teto e tapetes turcos Oushak. No Jane, no West Village, os quartos são chamados de camarotes, uma homenagem à história do edifício como hotel de marinheiros.

De Niro disse em uma entrevista por telefone que trabalhou de perto com Drukier para elaborar "cada detalhe" do Greenwich Hotel, de 88 quartos, para ajudar a implementar atributos incomuns, como uma piscina construída com vigas de uma casa de fazenda japonesa com séculos de antiguidade.

Foco principal

O principal foco de Drukier e Born continua sendo Manhattan, um mercado onde os preços dos ativos e as taxas de capitalização, uma medida do yield dos investimentos que cai quando os preços sobem, tendem a ter um rendimento superior às operações hoteleiras. Os investidores que comprem seus hotéis poderiam transformar alguns em apartamentos, uma possibilidade que ajudou a alimentar a valorização, disse Drukier.

Born, cuja filha trabalha com ele, e Drukier disseram que gostariam de legar seu império à próxima geração. Se isso não der certo, eles disseram que prefeririam vender todas as posses de forma coletiva em vez de individualmente.

"Vender uma propriedade não mudará em nada nosso estilo de vida", disse Born. "Eu preferiria vender todas e ir para uma ilha em algum lugar".