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Venda de usados do maior avião do mundo prejudica planos da Airbus

Bogdan Cristel/Reuters
Imagem: Bogdan Cristel/Reuters

Andrea Rothman e Richard Weiss

08/06/2015 13h04

(Bloomberg) - A Airbus Group SE enfrentará um novo desafio para revigorar as vendas do seu principal modelo, o superjumbo A380, porque aviões usados estão chegando ao mercado.

A Malaysia Airlines Bhd. disse em 2 de junho que gostaria de vender dois dos seus seis aviões A380, cujas entregas começaram há três anos. Além disso, duas aeronaves construídas para a empresa aérea falida Skymark Airlines Inc. estão procurando novos donos.

A Thai Airways International PCL também poderia tentar vender alguns dos seus seis aviões, todos eles com menos de três anos, disseram fontes do setor.

Há quase três anos a Airbus não conquista uma empresa aérea como cliente para o maior jato comercial do mundo, e a companhia precisa vender cerca de 30 unidades por ano só para estar equilibrada.

Além de aviões considerados excessivos para os requisitos, alguns contratos de leasing das aeronaves A380 mais antigas vão chegar ao fim, e cinco modelos usados pela Singapore Airlines Ltd., a primeira operadora do modelo, estão sendo oferecidos a outras empresas aéreas por companhias de gestão de ativos.

O A380, que segundo seus vendedores tem capacidade para 540 passageiros em três classes, costuma ser grande demais para as rotas, exceto para as mais densas ou para aquelas em que as operadoras colocam mais passageiros em menos voos ou são obrigadas a fazê-lo devido à falta de slots nos aeroportos.

O diretor operacional da Airbus, John Leahy, disse que os A380 usados serão atraentes para clientes que de outra forma optariam por um avião menor e mais barato, como o 777, da Boeing Co., porque eles estarão disponíveis por tarifas semelhantes.

Emirates

Apenas a Emirates, que pediu 140 superjumbos para alimentar o tráfego intercontinental que passa por seu centro de operações em Dubai, fez do maior avião comercial do mundo uma parte central de sua frota, em vez de um elemento minoritário utilizado para cobrir destinos de alto perfil.

É provável que haja A380 usados disponíveis por uma fração do preço de lista da aeronave, de US$ 428 milhões. Porém, sem uma sequência de vendas novas, a Airbus enfrentará espaços de produção vazios a partir de 2018.

A Malaysia Air está tentando reduzir sua frota depois que o CEO Christoph Müller disse, em 1º de junho, que a operadora está "tecnicamente falida".

Os aviões da Skymark, cuja entrega estava programada para o ano passado, precisam de um novo operador depois que a empresa aérea japonesa com descontos declarou falência em janeiro.

Singapore

Os aviões da Singapore estão sendo comercializados pela Doric e pela empresa alemã gerente de ativos Dr. Peters Group, que administram os aviões para os investidores que os adquiriram da empresa aérea em contratos de compra com cláusula de arrendamento.

O CEO da Doric, Bernd Reber, disse que existem "vários candidatos para os aviões", atraídos tanto pelas tarifas competitivas quanto pelos termos mais curtos de arrendamento que estão disponíveis.

Os operadores das aeronaves A380 usadas se beneficiarão do fato de que empresas aéreas como a Singapore geralmente as usaram em rotas longas e acumularam um número relativamente baixo de ciclos de voo, disse Robert Mann, presidente da RW Mann Co. em Port Washington, Nova York, e ex-diretor de frota da American Airlines.

Não obstante, os aviões A380 costumam ser sujeitos a um nível relativamente alto de personalização - como convém a seu status de modelos principais de empresas aéreas -, o que pode complicar a colocação dos modelos usados.

Além dos aviões mais antigos, vinte A380 novos pedidos pela Amedeo em fevereiro de 2014 continuam sem usuário final.

A Amedeo também poderia entrar no mercado em busca de A380 cujos contratos de arrendamento já venceram, disse seu fundador, Mark Lapidus, em resposta por e-mail a perguntas.

O CEO da Dr. Peters, Anselm Gehling, disse que sua empresa está trabalhando com a Amedeo e a Doric para combinar a experiência mútua com o modelo e possivelmente "unir" os esforços de recomercialização. A Airbus também criou uma equipe para ajudar com isso, disse ele.