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Gávea tem interesse em ativos da Petrobras, diz Amaury Bier

Francisco Marcelino e Cristiane Lucchesi

07/07/2015 12h25

(Bloomberg) - A Gávea Investimento, administradora de recursos controlada pelo JPMorgan Chase, tem interesse em ativos colocados à venda pela Petrobras.

A Gávea, fundada pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, avalia parcerias com outros investidores para comprar os ativos, disse o CEO Amaury Bier. Empresas em que a Gávea tem uma participação, como a Comgás, também poderiam ter interesse nos ativos, disse ele. Bier não quis dizer quais ativos despertaram o interesse da Gávea, que administra recursos de US$ 5,5 bilhões.

"A nova diretoria da Petrobras está fazendo um bom trabalho, com o foco na exploração e na venda de ativos que não são estratégicos", disse Bier em uma entrevista no dia 2 de julho, em São Paulo.

A Petrobras está cortando investimentos e vendendo ativos para se concentrar em exploração e produção em meio ao maior escândalo de corrupção do país e à queda nos preços do petróleo. A petrolífera mais endividada do mundo pretende vender US$ 15,1 bilhões em ativos neste ano e no próximo. Na semana passada, a Petrobras anunciou a possível abertura de capital da BR Distribuidora.

Esse IPO "com certeza" chamaria a atenção dos investidores, embora o sucesso dependa do preço, disse Bier, sem revelar se a Gávea quer participar da operação.

A Gávea tem uma participação indireta na Comgás. A administradora detém 13% da Cosan, que controla a Cosan SA Indústria e Comércio, maior acionista da Comgás.

"A Cosan está sempre atenta às oportunidades do mercado, mas no momento não há nada determinado. Com relação à Comgás, especificamente, não existe nenhuma negociação para compra de ativos da Petrobras", disse a Comgás em um comunicado enviado por e-mail.

A Petrobras não quis comentar.

Oportunidades de compra

A "delicada" situação brasileira, com a queda da confiança empresarial e o "esfacelamento" da base aliada da presidente Dilma Rousseff, está criando oportunidades de compra, disse Bier. Entre essas, estão as empresas listadas na bolsa.

As companhias de capital aberto "têm preços mais realistas do que as de capital fechado", disse Bier. Segundo ele, está no "DNA" da Gávea comprar participações minoritárias, participar do conselho de administração e ajudar a empresa a evoluir.

A situação econômica brasileira continua "muito delicada", disse Bier, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda de 1999 a 2002, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora o governo tenha um plano ambicioso de corte de gastos para ajustar as contas públicas, isso não é suficiente para restaurar a credibilidade e talvez nem seja factível, disse ele.

"A recuperação econômica depende de um ambiente de confiança e os empresários estão muito insatisfeitos agora", disse Bier. "Estamos quase precisando adicionar antidepressivo na água de torneira".