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Preço do minério afunda com aumento de oferta, demanda fraca

Ranjeetha Pakiam e Jasmine Ng

25/11/2015 15h57

(Bloomberg) -- O minério de ferro tomou mais uma surra. Os preços afundaram para o nível mais baixo em seis anos com cortes na produção das usinas chinesas prejudicando a demanda, ao passo que a oferta de baixo custo das maiores companhias mineradoras se expande. A coisa pode piorar.

"O problema fundamental para o minério de ferro é o excesso de oferta: os pesos-pesados do minério de ferro superestimaram o apetite da China", disse Gavin Wendt, diretor e fundador da MineLife Pty em Sidney depois que os preços caíram na terça- feira para o nível mais baixo desde que os dados diários começaram a ser registrados em 2009. "Uma maior fraqueza dos preços é inevitável".

A commodity tem sido afetada neste ano pela crescente produção das maiores companhias mineradoras, como a BHP Billiton, a Rio Tinto e a Vale, e pela demanda cambaleante por aço na China, onde as usinas respondem por metade da produção global. O Goldman Sachs disse na semana passada que o mercado global tem um excesso de oferta e que o consumo de aço na China continua sendo fraco. As usinas estão lutando contra uma queda brusca dos preços que corroeu as margens de lucro.

"Estamos passando por um momento muito difícil", disse Philip Kirchlechner, diretor da Iron Ore Research Pty. "Sempre se projetou que o minério voltaria a cair para a faixa dos US$ 40, mas não durante um período prolongado", disse Kirchlechner, ex-diretor de marketing da Fortescue Metals Group.

Ponto crítico

O minério com 62 por cento de conteúdo entregue a Qingdao caiu 1,9 por cento na terça-feira, para US$43,89 por tonelada seca, segundo a Metal Bulletin. A commodity se encaminha para o terceiro recuo anual, e a última queda eclipsou o valor mínimo anterior de US$ 44,59, atingido em julho.

A indústria do aço na China está chegando a um ponto crítico, segundo Andy Xie, um economista independente que é baixista há anos e antecipa uma queda para menos de US$ 40 antes do final do ano. As usinas terão que cortar a produção, disse Xie, ex-economista-chefe do Morgan Stanley para a região Ásia- Pacífico.

A produção de aço bruto na China cairá 23 milhões de toneladas, para 783 milhões de toneladas no ano que vem, segundo a China Iron & Steel Association. No mês passado, a associação líder do setor no país informou perdas maiores e observou que embora as taxas oficiais de juros na China tenham sido cortadas, as usinas enfrentavam custos mais altos de financiamento.

As maiores companhias mineradoras estão apostando que uma produção mais elevada lhes permitirá diminuir custos e aumentar a participação no mercado, ao passo que fornecedores menos eficientes estão sendo pressionados. Andrew Harding, CEO da Rio para o minério de ferro e a Austrália, disse neste mês que a empresa continuará defendendo a participação no mercado e que se reduzisse a produção, os volumes simplesmente seriam tomados por rivais menos eficientes.

Kirchlechner disse que a chegada do inverno na China poderia trazer certo alívio para os preços, já que os produtores locais de minério são obrigados a reduzir a oferta, o que estimula um crescimento da demanda por carregamentos do exterior.

"Com frequência, quando começa a fazer frio no norte, as minas domésticas na China fecham porque está gelado e se torna difícil processar o minério", disse Kirchlechner. "Portanto, nesse caso, as usinas têm que voltar a recorrer às importações. Neste momento, muitas das usinas se mostram relutantes em se comprometer com importações de grande tonelagem".

Título em inglês: Iron Ore Rout Deepens as Rising Supply, Weaker Demand Feed Glut

Para entrar em contato com os repórteres: Ranjeetha Pakiam em Cingapura, rpakiam@bloomberg.net; Jasmine Ng em Cingapura, jng299@bloomberg.net Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto, tmarotto1@bloomberg.net Patricia Xavier