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AIE vê segurança em petróleo ameaçada por cortes de custos

Sharon Cho e Serene Cheong

23/03/2016 15h02

(Bloomberg) -- Um choque do petróleo pode ser sentido em breve porque a queda de preços do barril reduziu os investimentos que resultariam em oferta futura do combustível, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Cortes "históricos" nos investimentos aumentam as chances de surpresas com a segurança em petróleo em um "futuro não muito distante", disse o chefe da divisão de Indústria e Mercados de Petróleo da AIE, Neil Atkinson, em Cingapura na quarta-feira. São necessários aproximadamente US$ 300 bilhões para sustentar o atual nível de produção e países como EUA, Canadá, Brasil e México estão enfrentando dificuldades para manter os investimentos, ele disse.

"Precisamos de muitos investimentos só para nos mantermos estáveis", afirmou Atkinson durante o evento de lançamento da SIEW 2016. "Há perigo porque estamos chegando a um ponto no qual mal investimos em exploração. Se os investimentos não forem retomados em 2017 e 2018, poderemos ver uma disparada dos preços do petróleo porque a oferta não poderá suprir a demanda."

A ConocoPhillips, a Chevron e a BP estão entre as empresas que cancelaram mais de US$ 100 bilhões em investimentos, demitiram dezenas de milhares de funcionários, baixaram dividendos e venderam ativos, em resposta à queda da cotação do barril para menos de US$ 30, o menor nível em 12 anos. Desde meados de fevereiro, o barril se recuperou para aproximadamente US$ 41 e Atkinson disse que talvez o pior tenha passado, uma vez que o preço encontrou um piso "por enquanto". A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros produtores, incluindo a Rússia, planejam um encontro em Doha no mês que vem para discutir limites à produção para reduzir o excesso de oferta global.

Sem impacto

"O encontro pode acontecer ou não", disse Atkinson. O encontro é visto como um gesto para mostrar que existe estabilidade e o impacto que terá sobre a estrutura de oferta será "nenhum mesmo", declarou Atkinson, que espera que o preço médio do barril neste ano fique entre US$ 35 e US$ 40.

O petróleo do tipo West Texas Intermediate para entrega em maio chegou a cair 58 centavos para US$ 40,87 na Bolsa Mercantil de Nova York e era negociado por US$ 41,01 às 18:36 em Cingapura. Os preços vêm recuando há dois anos e podem ter atingido o piso, à medida que a redução da oferta de países não integrantes da Opep e disputas dentro do grupo diminuem o excedente global, afirmou a AIE no relatório mensal ao mercado divulgado em 11 de março.

"É preciso investir grandes somas de dinheiro apenas para manter a produção existente e, para expandir a produção para suprir o crescimento da demanda que estamos projetando, o dinheiro tem de vir de algum lugar e o que vemos são grandes cortes", disse Atkinson em uma entrevista separada durante o evento. A AIE foi criada após a crise do petróleo de 1973-1974, inicialmente para ajudar os países a coordenar uma resposta coletiva a grandes distúrbios na oferta do combustível, de acordo com o website da agência.

Título em inglês: Oil Security Seen at Risk by IEA on 'Historic' Spending Cuts

Para entrar em contato com os repórteres: Sharon Cho em Cingapura, ccho28@bloomberg.net; Serene Cheong em Cingapura, scheong20@bloomberg.net Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto, tmarotto1@bloomberg.net Patricia Xavier