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Amazon recruta pesquisadores para criar robôs empacotadores

Joshua Brustein

27/07/2017 13h50

(Bloomberg) -- Dezesseis equipes de pesquisadores em robótica viajarão ao Japão nesta semana para ajudar a Amazon.com a solucionar seu problema de armazenamento. A empresa tem uma frota de robôs que circulam por suas instalações coletando itens para os pedidos, mas precisa de seres humanos para o último passo: pegar itens com formatos diversos e empacotar os itens certos nas embalagens adequadas para o envio.

Este é um exemplo clássico de uma atividade simples e quase automática para as pessoas que continua sendo impossível para os robôs. A partir desta quinta-feira, a empresa realiza o Amazon Robotics Challenge, o terceiro concurso anual para robôs que superem esses limites.

Especialistas em robótica acadêmica e comercial têm trabalhado muito para solucionar o chamado desafio da "escolha", e a Amazon está tentando canalizar essa energia para suas necessidades específicas. Em uma parte do concurso, as equipes enchem uma prateleira com itens aleatórios fornecidos pela Amazon - uma taça de champanhe, um rolo de fita adesiva, tesouras, um livro infantil intitulado "Robots, Robots Everywhere" - e seus robôs retiram produtos específicos e os embalam em caixas que representam pedidos fictícios da Amazon. Em outra parte, os robôs pegam itens de um conjunto e colocam em prateleiras semelhantes às dos depósitos da Amazon, lembrando-se do lugar de cada um. Há de cerca de US$ 250.000 em prêmios em jogo, incluindo US$ 80.000 para o primeiro colocado.

Desconfiança

Diretamente, a Amazon não ganha nada com isso. Mas sua equipe de robótica poderia aprender técnicas ou até mesmo ganhar colegas - a companhia já contratou participantes de concursos anteriores. De forma mais geral, ter robôs capazes de realizar as tarefas do desafio seria um grande passo rumo aos depósitos totalmente autônomos que, em teoria, poderiam ser mais rápidos e baratos e funcionar 24 horas por dia.

Isso traz perguntas incômodas sobre o futuro dos trabalhadores de depósitos. Em maio, 949.000 pessoas trabalhavam no setor de depósitos e armazenamento nos EUA e ganhavam em média pouco menos de US$ 20 por hora, segundo o Escritório de Estatísticas de Trabalho. O número de trabalhadores desse setor cresceu 43 por cento nos últimos dez anos e os salários têm acompanhado a inflação, apesar da primeira onda de automação. Os otimistas afirmam que mais automação gera mais crescimento e cria empregos melhores em outra parte. Os pessimistas basicamente projetam que a inteligência artificial provocará um apocalipse econômico.

Outro grupo que desconfia do interesse da Amazon nesse campo são os trabalhadores de empresas de robótica menores. A Amazon poderia ser um cliente rentável no futuro por causa da sua ampla rede de depósitos. É claro, ela também é concorrente. Em privado, startups reclamam que a Amazon utiliza o concurso para terceirizar o desenvolvimento de forma barata. Em um mercado onde o Google pagou US$ 120 milhões a um único engenheiro para ajudar a desenvolver veículos automatizados, US$ 250.000 por qualquer informação utilizável sobre robôs automatizados para depósitos basicamente não é nada. Trabalhar - ainda que indiretamente - por menos da tarifa do mercado para uma das empresas mais valiosas do mundo, afirmam, é uma loucura.

Ainda não se sabe se a Amazon conseguirá aproveitar o concurso para superar outras empresas que estão tentando resolver problemas similares. A companhia não incorporou nada do concurso a suas operações, segundo Ashley Robinson, porta-voz da Amazon. Kris Hauser, docente que assessora a equipe de alunos da Universidade Duke neste ano, diz que ainda faltam anos para termos depósitos com robôs totalmente autônomos. Segundo ele, as diretrizes da Amazon evitam que acadêmicos como ele fiquem excessivamente teóricos.

"[O concurso] nos força a analisar esses problemas do ponto de vista de uma tecnologia possivelmente comercial", disse ele. "Quando tentamos colocar produtos de pesquisa no mundo real, muitas vezes ficamos surpresos ao ver como eles funcionam mal."

Para entrar em contato com o repórter: Joshua Brustein em Nova York, jbrustein@bloomberg.net.

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