Reestruturação de carreira militar provoca divisão entre cúpula e base
A divulgação da proposta em estudo pelo governo de reestruturação da carreira militar gerou inquietação na tropa e obrigou o presidente Jair Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas a agir para acalmar os ânimos dos militares de patentes inferiores, que se sentiram prejudicados. O texto deve ser apresentado ao Congresso até amanhã no mesmo pacote da reforma da Previdência da categoria.
Durante o fim de semana circularam por grupos de WhatsApp de militares várias versões da proposta. A temperatura das discussões se elevou porque uma delas sugere a criação de gratificações somente para oficiais de alta patente pela participação em cursos de habilitação militar, sem contemplar sargentos e suboficiais.
"Um general praticamente dobra o salário. Aí, vocês vão olhar o porcentual dos demais... Deixaram na mão dos generais, e eles decidiram", escreveu um suboficial em um dos grupos aos quais o jornal "O Estado de São Paulo" teve acesso.
O Ministério da Defesa precisou se mobilizar ontem para negar que apenas a alta cúpula será atendida. O próprio presidente utilizou seu Twitter no domingo para tentar acalmar a tropa. "Possíveis benefícios, ou sacrifícios, serão divididos entre todos, sem distinção de postos ou graduações", escreveu.
A reestruturação da carreira --com reajustes, aumento no bônus para ir para reserva e incremento das gratificações por qualificações-- é uma exigência dos militares para serem incluídos na reforma da Previdência.
Bombeiro
Dois integrantes do Alto Comando do Exército, os generais Ramos Baptista, comandante militar do Sudeste, e Geraldo Miotto, comandante militar do Sul, também foram para o Twitter atuar como bombeiros.
"É importante destacar que as distorções e inverdades que estão sendo divulgadas nos grupos de WhatsApp são, na maioria, em relação ao Plano de Reestruturação da Carreira Militar, que está buscando melhorias para as Praças e para os Oficiais! Exército único e indivisível!!!", publicou o general Ramos.
"Não vão conseguir nos dividir!!! Estamos juntos na mesma trincheira !!!", reforçou o general Miotto, às 6h57, antes de o expediente começar.
O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, também entrou no circuito. Ele convocou os comandantes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para uma reunião, ainda pela manhã dessa segunda-feira (18) em seu gabinete. Discutiram a estratégia de atuação para reduzir a temperatura na caserna.
Pelo país afora, comandantes de tropas foram orientados a se reunir com os graduados e reiterar o discurso que jamais agiram em benefício de uns em detrimento de outros.
Subtenente do Exército, o deputado Hélio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos parlamentares mais próximos de Bolsonaro, gravou um vídeo dizendo que esteve no Ministério da Defesa por mais de três horas: "Jair Bolsonaro vai atualizar a proposta e vamos sair ganhando".
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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