IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Natal chegou mais cedo na Argentina e Macri deve pedir "apenas" dois presentes

24/11/2015 15h24

SÃO PAULO - Para a consultoria britânica Ashmore, o Natal chegou mais cedo na Argentina, com a eleição de um presidente pró-mercado, Mauricio Macri, o que representa uma virada após 12 anos de era Kirchner. A consultoria aponta a era Kirchner como populista, que levou a uma grande perda de oportunidades, ineficiências, aumentando as divisões políticas e os desequilíbrios econômicos.

Porém, Macri deverá ter uma lista de pedidos só dele, afirma a consultoria, com dois pedidos no topo dela para agilizar a capacidade da realização de uma mudança efetiva no país. São elas: poder e crescimento.

A presidência de Macri começa com minoria no parlamento e sem muito espaço para estimular a economia. Para a Ashmore, o risco é que Macri se torna para a Argentina o que o ex-presidente Vicente Fox foi para o México entre 2000 e 2003, uma ineficaz rajada de ar fresco. Então, o que Macri pode fazer?

Primeiro, ele deve estabelecer uma base de poder, aproximando-se das províncias e todo o espectro político para construir uma coalizão viável, particularmente chegando aos peronistas dissidentes e moderados, incluindo partidários do ex-chefe de gabinete Sergio Massa, que ficou em terceiro lugar na corrida presidencial. Em segundo lugar, ele deve acabar com a ameaça provável da oposição linha-dura ligada aos peronistas 'Kirchneristas'. Este deve provavelmente ser melhor alcançado através de investigações anti-corrupção, afirma a consultoria

O desafio do crescimento econômico é igualmente grave. A demanda agregada foi muito estimulada durante anos na Argentina. Isto significa que Macri terá de concentrar a atenção sobre o lado da oferta da economia, diz a Ashmore. Os investidores devem, portanto, esperar um maior foco no Estado de direito, melhores políticas microeconômicas, bem como as políticas que buscam incentivar o IED (Investimento Estrangeiro Direto), incluindo a possibilidade de privatização de alguns ativos e uma maior abertura no setor da energia.

Macri também terá que fazer um maior uso da política fiscal. Uma das "guarnições de prata" da administração Kirchner foi a sua falta de vontade obstinada de negociar com os credores, uma política que efetivamente limita o gasto fiscal, mantendo Argentina fora dos mercados de dívida. Desde que a economia tenha níveis relativamente baixos de dívida, Macri tem alguma liberdade para confiar mais na política fiscal para facilitar a transição para a estabilidade macroeconômica. Mas, a fim de fazer isso, ele então tem que encontrar uma solução para isso com urgência. Finalmente, ele deve ter que atrair capital de volta para Argentina para ajudar a reconstruir as reservas e voltar a injetar dinamismo no setor privado, que está em enorme necessidade de novos investimentos.