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Educacionais afundam e Vale tem pior mês desde 2008; apenas 8 ações sobem na semana

27/11/2015 14h16

SÃO PAULO - O Ibovespa volta a cair forte nesta sexta-feira (27) depois de alívio na véspera, pressionado por ventos negativos na China, que ajudam a puxar para baixo papéis de peso do índice ligados a commodities, com Vale e Petrobras, além das siderúrgicas. 

As ações do setor de educação também seguem derrocada na Bolsa afetadas por notícia de que o MEC (Ministério da Educação) pagará apenas 60% do saldo dos títulos do Fies às instituições de ensino em novembro. 

Já os bancos voltam a cair depois de respiro na véspera, puxados por questões internas que ainda trazem dúvidas ao mercado, após prisão do líder do governo no Senado, Delcidio Amaral, e do controlador do BTG Pactual, André Esteves. Pelo terceiro dia as units do BTG recuam, acumulando no período queda de 25%.

Destaques da semana
Na semana, foram apenas 8 das 64 ações que fazem parte do índice registrando desempenho positivo, com destaque para as companhias de papel e celulose Suzano (SUZB5) e Fibria (FIBR3), que fecharam estes cinco pregões com ganhos de 7,75% e 5,97%, respectivamente, cotadas a R$ 19,18 e R$ 57,13.

Já na ponta negativa, a liderança ficou com a Bradespra (BRAP4), que vem sofrendo com as recentes notícias que estão afetando a Vale, na qual ela tem grande exposição. A Holding fechou com perdas de 16,42%, a R$ 5,55. Na sequência ficaram as companhais educacionais, que afundaram nos dois últmos pregões após rumores envolvendo o Fies. A Estácio teve perdas de 15,25%, para R$ 14,01, enquanto a Kroton recuou 13,00%, a R$ 9,30.

Para conferir o desempenho de todas as ações acesse a ferramenta de altas e baixas do InfoMoney, clicando aqui.

Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 9,33, -3,81%; PETR4, R$ 7,60, -4,04%)
As ações da Petrobras seguiram em queda livre. Em três dias, os papéis caíram cerca de 9%. Contribuiu para a pressão nas ações a queda dos preços do petróleo. O petróleo WTI recuava 2,21%, a US$ 42,09 o barril,  em meio às preocupações sobre a China e expectativa de aumento na oferta da commodity. O mercado reage à possibilidade da Líbia aumentar aumentar a produção de petróleo e sinais de esfriamento das tensões entre a Rússia e a Turquia. 

Vale ( VALE3, R$ 13,30, -6,27% ;  VALE5, R$ 11,08, -5,78% ) 
OS papéis da Vale também afundaram hoje diante das preocupações sobre a China - principal destino das exportações da mineradora. Investigações conduzidas pelas autoridades reguladoras do mercado de capitais chinês em duas das maiores corretoras do país levaram a Bolsa de Xangai a fechar hoje em queda de quase 6%. Prejudicou também os negócios a queda dos lucros das indústrias do País, de 4,6% em outubro. 

Em meio a esse cenário externo adverso e ainda sofrendo os reflexos da tragédia em Mariana, as ações da mineradora acumulavam em novembro queda de 18,32% - caminhando para o seu pior mês desde outubro de 2008 - no pior momento da crise subprime -,  quando caíram 20,09% . 

Para tentar conter a aversão do mercado e esclarecer as medidas que estão sendo tomadas, a Vale realizou nesta manhã uma coletiva de imprensa, no Rio de Janeiro. A companhia anunciou que vai criar, junto com a BHP, um fundo para recuperar o Rio Doce. A empresa disse ainda que faz  investigações internas, independentes, sobre o acidente e que dentro de alguns meses terá o laudo das  investigações. 

No radar da empresa, os governos federal e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo vão entrar com uma ação conjunta contra as empresas Vale e BHP  para que assumam todos os custos da reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG).  A intenção, segundo uma fonte do Planalto, é unificar a reparação de danos em uma ação única para torná-la mais forte.  

Educação
As ações de educação voltaram a cair forte na Bolsa, afetadas por notícia de que o MEC (Ministério da Educação) pagará apenas 60% do saldo dos títulos do Fies às instituições de ensino em novembro.

Ontem, o  vice-presidente financeiro da Kroton, Frederico Brito e Abreu, até tentou acalmar o mercado, mas as ações da empresa seguem em forte baixa hoje, acumulando nos 2 dias desvalorização de 11%. Mas entre as educacionais a Estácio é a que mais cai nesses dois dias, acumulando baixa de 14%. Hoje, todas as empresas expostas ao programa de financiamento estudantil do governo recuaram:  Kroton ( KROT3 , R$ 9,30, -2,11%), Estácio ( ESTC3 , R$ 14,01, -7,16%), Anima ( ANIM3 , R$ 12,20, -0,89%) e Ser Educacional ( SEER3 , R$ 8,50, -5,66%). 

Brito e Abreu, da Kroton, disse que a  diminuição do repasse do governo para as empresas educacionais está relacionada com a sazonalidade e já estava prevista em portaria publicada no ano passado. 

"Não é uma pedalada, não é um atraso. Ela aconteceu no mês passado, vai acontecer neste mês e provavelmente será regularizada", disse. "Quando o sistema prevê que a recompra do mês seguinte é menor, a recompra é reduzida pelo valor previsto pelo mês seguinte. Como a expectativa deste mês é menor em 40%, a recompra será de 60%. A diferença será compensada posteriormente."

JBS (JBSS3, R$ 13,46, -0,15%)
As ações da JBS viraram para queda durante a tarde, depois de buscarem recuperar parte das perdas de ontem nesta manhã. A empresa é impactada por notícias de que o TCU (Tribunal de Contas da União) vê indícios de favorecimento de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à JBS.  

Bancos
Os bancos enfrentaram um dia de baixa após registrarem uma recuperação na véspera. Na quarta-feira (27), as instituições financeiras tiveram forte queda em meio à prisão do sócio do BTG Pactual, André Esteves, no âmbito da Operação Lava Jato. Nesta sexta, as ações do Bradesco (BBDC4, R$ 21,55, -3,67%) , Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,29, -3,14%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,57, -2,65%) têm baixa.

Enquanto isso, o BTG tem o terceiro dia de queda, com baixa de 2,11%, a R$ 23,20, acumulando baixa de quase 25% em três dias. Em entrevista ao jornal Valor Econômico hoje, o presidente interino do BTG, Persio Arida, afirmou que o banco não pode ser implicado na Lava Jato e que certamente o banco não estaria à venda. "Os s ócios estão juntos e tocando o banco normalmente, mesmo tendo Esteves como a face mais emblemática da instituição", afirmou.

Tereos (TERI3, R$ 20,51, -20,81)
A Tereos registrou o segundo dia de forte queda após realizar o grupamento de suas ações na proporção de 50 para 1. Com as perdas de cerca de 9% da vésepra, os papéis da companhia acumulam desvalorização de quase 30% em apenas dois pregões.