BC reduziu intervenção no mercado de câmbio; o que isso significa para o dólar?
SÃO PAULO - Ainda antes de toda a agitação política da última semana, o mercado já estava atento aos movimentos do Banco Central em relação ao dólar.
Isso porque muitos investidores estavam preocupados que o BC poderia reduzir a rolagem dos chamados swaps cambiais (contratos de dólar no mercado futuro). O que de fato ocorreu na quinta-feira (17). Mas você sabe o que isso significa para o mercado de câmbio?
Em resumo, a ideia é que a quantidade de dólares no mercado será reduzida daqui para frente, o que tende a representar uma alta da moeda norte-americana ante o real.
O swap cambial funciona como uma venda de dólar no mercado futuro e serve para dar "hedge" (ou proteção) para empresas e investidores, ajudando a evitar oscilações mais fortes das cotações.
Estes contratos têm o potencial de tentar impedir pressões de alta da moeda norte-americana no mercado à vista. Nos últimos meses, o BC vinha rolando todos os vencimentos de swaps cambiais no mercado de derivativos, ou seja, emitindo novos contratos na mesma proporção daqueles que estavam vencendo.
Taxa de juros nos EUA
Nesta sexta-feira (18), o dólar segue em queda mesmo com o BC tendo reduzido em mais de 60% o volume de swaps cambiais para hoje. O lote foi diminuído de 9.600 para 3.600. Caso mantenha o ritmo até o fim deste mês, a autoridade resgatará cerca de 75% do total, segundo a LCA Consultores.
A redução, segundo o BC, reflete o entendimento de que o atual ambiente internacional permite rever suas posições em swaps.
Uma fonte da autoridade monetária disse à agência de notícias Reuters que a decisão foi tomada após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mostrar-se mais propenso a manter as taxas de juros baixas na quarta-feira.
Atualmente, o BC administra estoque correspondente a cerca de US$ 110 bilhões em swaps, que oferecem aos investidores proteção contra a alta do dólar, distribuídos em diversos vencimentos no primeiro dia útil de cada mês.
O BC diz que a atuação tem como objetivo oferecer proteção cambial aos agentes e moderar a oscilação no câmbio. Alguns analistas, porém, criticam a estratégia, que tende a gerar custos para o BC quando a moeda norte-americana sobe.
No ano passado, as operações custaram ao BC cerca de R$ 100 bilhões pelo critério de competência, segundo dados do próprio BC.
Mudança no câmbio
O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos e iniciou o mês de março indicando que faria o mesmo com os vencimentos de abril. No entanto, no dia 4 de março, o BC vendeu apenas parcialmente a oferta de swaps em leilão diário para rolagem, quando o dólar desabava frente ao real.
A atuação levantou dúvidas sobre as intenções do BC, com alguns analistas sugerindo que a autoridade monetária gostaria de estabelecer um piso para a divisa.
No entanto, o BC voltou a vender a oferta integral de 9.600 contratos nos leilões seguintes, indicando que ainda poderia rolar integralmente o lote que vence em abril.
Após registrar em 2015 a maior alta anual em 13 anos, o dólar mudou de direção neste ano e passou a recuar firmemente em relação ao real.
O movimento foi influenciado pelos mercados externos, onde sinais de desaceleração econômica vêm alimentando expectativas de que a política monetária dos principais bancos centrais deve continuar expansionista.
Além disso, a perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo vem desempenhando papel importante na queda do dólar.
Muitos investidores acreditam que a eventual mudança de governo ajudaria o país a recuperar sua credibilidade entre agentes financeiros, embora alguns ressaltem que as turbulências políticas alimentam as incertezas.
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