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Empresa paga royalties para artistas criarem peças recicladas

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

19/11/2012 06h00

A empresa Toda Bossa Slow Design encontrou uma forma de tornar viável a produção de peças decorativas feitas de materiais sustentáveis ou reciclados assinadas por artistas. Eles criam os modelos exclusivos vendidos pelo site da empresa em troca de royalties.

O modelo do negócio é um sistema colaborativo que reúne mais de 120 artistas, entre ilustradores, arquitetos e designers, dispostos a desenvolver peças decorativas e brindes. Por meio do site todabossa.com, artistas interessados em participar das coleções enviam seu portfólio e passam por uma avaliação.

O trabalho deles passa por uma curadoria e os selecionados ganham a oportunidade de criar desenhos e ilustrações para estampar os produtos da empresa. 

A produção dos materiais que darão suporte às peças artísticas também pode ser feita por meio de colaboração. A Cooperativa de Mulheres Costureiras do Complexo do Alemão, por exemplo, já costurou almofadas para uma linha de decoração da empresa.

Iniciativa mostra potencial lucrativo

A ideia nasceu quando as empresárias Flávia Portela, 27, e Iara Ferreira, 29, cursavam o último ano da faculdade de publicidade e propaganda e já mostra potencial lucrativo. Em 2011, faturou R$ 87 mil.

“Depois de identificar que a colaboração, a arte e a sustentabilidade seriam a base do negócio, passamos a estudar o comportamento do mercado e as possibilidades de expansão da marca”, afirma Portela. 

Ainda em estágio inicial -- o negócio está em processo de incubação pelo Instituto Gênesis da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) -- a ideia já foi reconhecida internacionalmente. A Toda Bossa representou o Brasil na Semana Global de Empreendedorismo, em Copenhague, na Dinamarca. O feito foi alcançado após as empreendedoras vencerem a etapa brasileira da Creative Business Cup (Copa de Economia Criativa), em outubro.

Segundo Portela, que representou a empresa na Dinamarca, participar da premiação foi uma grande responsabilidade. “Saber que passamos pela avaliação de nomes experientes no mercado e de profissionais que têm contato com as novidades da economia criativa é fantástico”, diz.

Formação do preço foi maior dificuldade inicial

A sócia e artista plástica Iara Ferreira conta que alguns erros foram cometidos até a empresa começar a ter resultados positivos. A maior dificuldade foi calcular o preço de venda das peças. Segundo ela, logo no início foi experimentada uma precificação mais cara e segmentada, o que não trouxe retornos satisfatórios.

A experiência, porém, serviu para que os preços ficassem mais acessíveis já na coleção seguinte. Hoje, a empresária diz que a precificação da marca está cada vez mais acertada. “Isso só foi possível depois da fase de testes e a comprovação de que não existe receita para o bolo ficar gostoso. É imprescindível experimentar.”

Incubação ajuda empresa a avançar

O processo de incubação pelo qual a empresa passa também tem participação no avanço do negócio. As empresárias receberam suporte em diversas áreas da gestão, como planejamento, marketing e vendas, além de poderem trocar experiências e desenvolver parcerias com outras empresas incubadas.

Como resultado, a Toda Bossa conseguiu acelerar as vendas e trabalhar a estratégia da marca de maneira mais inteligente. “A incubação é como um carimbo atestando a qualidade do negócio. Acreditamos que a incubadora funciona como uma vitrine da empresa para o mundo”, declara a sócia Flávia Portela.