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'Cartório' de animais vira franquia e registra até cacatua de Chiquinho Scarpa

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

17/12/2012 06h00

Condessa Filomena Leopoldina Sofia Scarpa. Este é o nome que consta na certidão de nascimento da cacatua do playboy Chiquinho Scarpa. Sim, a ave tem um documento com autenticação em cartório. E proporcionar este luxo aos apaixonados por bichos de estimação é o negócio do empresário Flávio Lopes, 65, que espera fechar o ano faturando R$ 9 milhões.

O registro dos nomes de animais domésticos é o carro-chefe da Seu Pet com Sobrenome. Mas a empresa também vende serviços de emissão de atestados de casamento, óbito e batismo dos bichinhos, todos com fé pública, e assessoria para elaboração de testamentos. O preço médio é de R$ 150 por documento e de R$ 5.000 para os testamentos. 

O negócio encontrou um nicho tão amplo, que virou uma rede de franquias e já conta com 40 franqueados. Segundo estudo da consultoria em varejo GS&MD – Gouvêa de Souza, existem quase 50 milhões de animais de estimação no país, praticamente um para cada quatro brasileiros. Os gastos com os pets devem movimentar R$ 12,7 bilhões até o fim de 2012, aumento real – descontada a inflação no período– de 8,5% em relação ao ano anterior (R$ 11,3 bilhões).

Nascido em uma família de cartorários, Lopes nunca teve antes contato com o setor pet. A ideia do negócio surgiu ao perceber que os proprietários de animais tratam seus bichinhos como verdadeiros filhos.

A experiência com registros públicos o ajudou a desenvolver o projeto. “Hoje, tudo o que os humanos têm, os pets também têm. Só faltava um documento para gravar que o animal é um filho”, afirma.

Scarpa, ao tomar conhecimento do serviço, achou interessante e, segundo ele, “por absoluta falta do que fazer”, decidiu registrar o nome de sua cacatua, que até cartão de visitas com o brasão da família já possuía.

Site virou franquia

O negócio começou em 2011. Inicialmente, os pedidos de documentos eram feitos apenas pela internet. O público-alvo era de proprietários de animais domésticos das classes A e B. Mas o serviço teve aceitação também de consumidores de classes sociais com menor poder aquisitivo.

RAIO-X DA FRANQUIA

Investimento inicialA partir de R$ 13,4 mil (inclusos instação + taxa de franquia + capital de giro)
Faturamento médio mensalNão informado
Área física demandadaQuatro metros quadrados
RoyaltiesNão cobra
Taxa de propagandaNão cobra
Prazo para retorno do investimentoDe seis a 12 meses

Um ano depois, o empreendedor decidiu expandir a empresa no formato de franquias. Foram criados quiosques de atendimento para ajudar na divulgação da marca e alcançar clientes sem acesso ou intimidade com a web.

Segundo o empresário, os quiosques são mais indicados para locais onde as pessoas normalmente passeiam com seus pets, como parques e praias. Também é possível oferecer o serviço em complemento a outros negócios, como em pet shops ou clínicas veterinárias.

“O franqueado preenche o formulário do pedido e envia para a central. Enviamos a certidão de volta para ele ou direto para o dono do pet via correio”, diz. Cerca de 3.700 animais são registrados mensalmente pela empresa.

Documentos são inteiramente afetivos

De acordo com Lopes, as certidões são totalmente afetivas e não têm nenhuma relação com registro de pedigree, reconhecimento da raça de um animal, ou com o Registro Geral de Animais, exigido por algumas prefeituras para controle de zoonoses. “Não temos preconceito. Registramos desde o vira-latas até o animal de linhagem pura”, declara.

Embora o documento tenha uma função meramente simbólica, ele também pode ser usado como prova de posse do animal. Se o casal proprietário do pet resolver se divorciar, por exemplo, o registro pode facilitar a decisão de quem ficará a guarda. “Não vendemos o serviço com esse intuito, mas acaba sendo útil para evitar discussões sobre quem ficará com o bichinho”, afirma o empresário.