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Produtor cria patê para aumentar renda e cortar desperdício de palmito

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

19/03/2013 06h00

Uma empresa de Santa Catarina que produz palmito em conserva conseguiu aumentar em 200% sua rentabilidade ao dar nova utilidade às partes menos nobres do alimento. A Natupalm, localizada em Porto Belo (a 70 km de Florianópolis), desenvolveu e patenteou o patê de palmito, que já é comercializado em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

A novidade chegou às prateleiras em meados de 2012 e está disponível em três sabores: ervas finas, presunto e tomate seco.

Além do patê, a empresa trabalha com a criação do hambúrguer de palmito, ainda sem data prevista para o lançamento.

Gloria Fantini, engenheira de alimentos e sócia da empresa, diz que a criação dos produtos veio da necessidade de aumentar a rentabilidade do palmito picado, que corresponde a 60% da produção.

De acordo com a empreendedora, o palmito picado é menos macio e possui valor baixo de mercado.

A Natupalm vende palmito em tolete, em rodela e picado, obtidos de palmeira real e de pupunha cultivados. A empresa tem plantações próprias, mas também compra de terceiros, que, assim como ela, só trabalham com o cultivo.

Produto surgiu de parceria com universidade

O patê é resultado de uma parceira com a Universidade Federal de Santa Catarina e de anos de pesquisa. “A parceria começou em 2006 e deu origem a um creme de palmito. Não conseguimos chegar a um produto ideal que pudesse ser comercializado e, em 2008, abandonamos o projeto. Quando me formei em engenharia de alimentos, em 2010, retomei a pesquisa e cheguei ao patê”, declara.

Como pedir uma patente

  • 1

    O que é

    Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de uso. Dá o direito de impedir terceiros de produzir, usar, vender ou importar o objeto de sua patente. Terceiros podem fazer uso da invenção somente com a permissão do titular (licença).

  • 2

    Pedido no INPI

    O pedido de patente pode ser feito na sede do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) no Rio de Janeiro, em um dos escritórios do INPI nas outras capitais do Brasil ou, ainda, enviado pelos Correios.

  • 3

    Pagamento

    O pedido custa R$ 95 para pessoas físicas, microempreendedores individuais, microempresas, empresas de pequeno porte, cooperativas, instituições de ensino e pesquisa e entidades sem fins lucrativos. Nos demais casos, custa R$ 235.

  • 4

    Documentos

    O pedido de patente deve ser acompanhado de um relatório descritivo, das reivindicações que caracterizam as peculiaridades do invento, de desenhos do produto, de um resumo e do comprovante de pagamento.

  • 5

    Análise

    O pedido de patente demora de cinco a seis anos para ser analisado. Enquanto isso, os empresários recebem um protocolo que já dá segurança quanto à exclusividade do produto. A patente de invenção tem validade de 20 anos e a patente de modelo de utilidade tem validade de 15 anos.

    Apesar do aumento do faturamento da empresa com o novo produto, o negócio principal da Natupalm continua sendo o palmito em conserva.

    A empresa produz 60 mil vidros por mês de palmito e 25 mil vidros mensais de patê.

    O objetivo da companhia, no entanto, é conseguir aumentar a produção do patê para atender ao mercado nacional e também exportar.

    Com o novo produto, a empresa está expandindo seu mercado e conquistando um público mais especializado.

    Por isso, a marca está passando por uma reformulação e terá nova identidade visual, novas embalagens e chegará a novos pontos de venda, como empórios de produtos premium, dentro dos próximos meses.

    Inovação pode ocorrer em qualquer área da empresa

    Carolina Dentice, consultora do Sebrae-SC (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresa de Santa Catarina) e proprietária do Dita Estúdio de Branding e Design, diz que a inovação deve estar presente não só no desenvolvimento de um produto, mas em toda a estratégia da empresa.

    “Inovar abre mercados, permite atingir novos públicos e aumenta a exposição dos produtos anteriores. É importante que a imagem da empresa e dos produtos esteja alinhada a essa nova realidade”, declara.

    Patentear a inovação, assim como fez a Natupalm, é uma maneira de a empresa se resguardar e evitar o uso indevido por terceiros.

    “É uma proteção para o empresário e serve de argumento de venda, pois comprova para o cliente que se trata de um produto exclusivo”, diz a consultora.

    Ela indica que o empreendedor que deseja inovar faça uma avaliação do potencial interno da empresa, incluindo maquinário e inteligência de equipe.

    Também é necessário fazer uma revisão dos processos e dos materiais utilizados, escutar os funcionários que estão na operação e os clientes.

    Além disso, segundo a consultora, é essencial para a saúde da empresa manter contato com o mercado e continuar sempre se aprimorando e participando de cursos e eventos.

    “O empresário precisa entender que a inovação faz parte do dia a dia da empresa, não é necessário um setor específico para pensar sobre isso. A inovação pode ocorrer em qualquer setor e em qualquer momento da empresa”, afirma.