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Penhor de joia de família paga menos juros que empréstimo em banco

Funcionário da Caixa Econômica Federal avalia joia em agência de penhor na cidade de São Paulo - Leandro Moraes/UOL
Funcionário da Caixa Econômica Federal avalia joia em agência de penhor na cidade de São Paulo Imagem: Leandro Moraes/UOL

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

19/04/2013 06h00

Com o financiamento da casa própria atrasado, o securitário Edson Maximo decidiu pegar um empréstimo para quitar algumas parcelas. Juntou anéis, brincos e correntes da família e levou até uma agência da Caixa Econômica Federal. Penhorou as joias e saiu de lá com R$ 1.000.

Foi a primeira vez que Maximo usou o penhor. "Analisando as opções, achei que o penhor era a forma mais rápida e menos burocrática de pegar crédito", diz. "Um empréstimo tradicional teria uma taxa maior." A taxa obtida por Maximo, por um empréstimo de três meses, é de 1,5% ao mês.

Para efeito de comparação, numa linha de empréstimo pessoal tradicional, a taxa média cobrada pelos bancos atualmente é de 2,91% mensais, segundo os dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A pedido do UOL, um economista comparou os juros do penhor com outros tipos de financiamento, como crédito consignado, cheque especial e cartão de crédito. O penhor é o que paga menos juros.

COMO FUNCIONA O PENHOR

O QUE PODE SER PENHORADOMetais nobres, diamantes, joias em ouro e prata, canetas, relógios e prataria (como baixelas). 
AVALIAÇÃOO bem é avaliado e o banco empresta, geralmente, de 10% a 85% do valor de avaliação. Em casos especiais, de clientes com bom histórico de crédito, o banco pode emprestar até 130% do valor de avaliação. 
PAGAMENTOTradicional: pagamento feito em parcela única, com prazo máximo de 180 dias. O valor mínimo do empréstimo é de R$ 50.
Parcelado: pagamento mensal, com prazo que varia 2 a 60 meses (5 anos). O valor mínimo da parcela é de R$ 50.
 
JUROSDe 1,5% (modelo tradicional) a 1,7% ao mês (parcelado) 
SEGUROEm caso de roubo, furto ou extravio do bem, o valor a ser ressarcido é de 1,5 vez o valor de avaliação, atualizado pela poupança. 
  • Fonte: Caixa Econômica Federal

Juros variam de 1,5% a 1,7% ao mês

Assim como Máximo, muitos consumidores têm sido atraídos pelas facilidades do penhor nos últimos meses. No ano passado, R$ 8,7 bilhões foram emprestados pela Caixa Econômica Federal nesta modalidade. O valor representou um aumento de 25% na comparação com 2011. A expectativa é que a modalidade tenha um aumento de 40% em 2013.

"Muitas pessoas desconheciam o penhor e hoje existe mais divulgação sobre o produto. Além disso, com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, mais gente passou a ter condições de comprar bens que, depois, podem ser penhorados", diz Kátia Loureiro Torres, superintendente nacional de pessoa física da Caixa.

O banco penhora joias em outro e prata, pérolas, diamantes, relógios, canetas e utensílios de prata (como baixelas). Além dos juros mais baixos do que aqueles cobrados em outras linhas de crédito, outras facilidades têm atraído os consumidores.

Os juros de 1,5% são cobrados quando o pagamento é feito de uma só vez, num prazo máximo de 180 dias (seis meses).

Desde dezembro de 2012, porém, a Caixa passou a oferecer também o penhor parcelado, que permite que o valor emprestado seja pago em até cinco anos. Nesse caso, a taxa mensal é de 1,7%.

Em todos as situações, o cliente pode pegar o bem de volta a qualquer momento, contanto que pague a dívida. Os juros, nesse caso, são cobrados proporcionalmente ao tempo em que o serviço foi usado.

Quem tem nome sujo também pode usar penhor

Outra vantagem do penhor é falta de burocracia. Não é preciso ser cliente da Caixa nem de qualquer outro banco. Mesmo quem tem o nome sujo pode penhorar bens. A facilidade existe porque o bem penhorado é a garantia do empréstimo.

Caso o valor não seja pago no fim do contrato, o consumidor pode renovar o empréstimo quantas vezes quiser. Mas, se não pagar a mensalidade nem fizer a renovação, o bem pode ser leiloado depois de 30 dias do vencimento.

Segundo a Caixa, porém, menos de 2% dos bens penhorados vão a leilão.

Valor sentimental da joia não é considerado

Os bens precisam passar por uma avaliação prévia de um funcionário da Caixa antes de serem penhorados. O banco empresta de 10% a 85% do valor de avaliação do bem. Apenas em casos muito especiais, de clientes que têm bom histórico de crédito, o empréstimo pode ser de até 130% do valor do bem.

O valor de avaliação considera apenas o peso e qualidade do material. O trabalho de um designer ou o valor sentimental de uma joia de família, por exemplo, não são considerados para se determinar o montante a ser emprestado.

O banco detém o monopólio do produto no Brasil. O serviço é oferecido em 479 agências espalhadas pelo país.