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Argentina usa mochila que transforma gases de vaca em combustível de carro

Do UOL, em São Paulo

23/04/2014 19h26

Pesquisadores da Argentina desenvolveram um projeto para coletar, purificar e comprimir o gás metano produzido pelas vacas e transformá-lo em energia. Os animais soltam gases por causa da digestão. A pesquisa é do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta).

Essa alternativa poderia ser usada como fonte de calor, para fazer funcionar aparelhos domésticos --uma geladeira, por exemplo-- ou como biocombustível para carros. Ao mesmo tempo, o projeto busca uma utilidade para os gases emitidos pelos bois e vacas, que figuram entre os principais vilões do efeito estufa. 

Segundo estimativas das Nações Unidas, cerca de um sétimo das emissões de gases-estufa do planeta provém do setor agrícola. A maior fonte é o metano emitido pelos animais (39% dos gases agrícolas). Essas emissões subiram 11% entre 2001 e 2011.

Gases de uma vaca fazem geladeira de 100 litros funcionar por um dia

O principal público-alvo dessa pesquisa são os produtores rurais, que, muitas vezes, ficam em locais onde a energia convencional não chega. 

"Uma vaca emite cerca de 300 litros de metano por dia, que podem ser usados para colocar em funcionamento uma geladeira de 100 litros de capacidade, a uma temperatura entre 2ºC e 6ºC por um dia inteiro", afirma o pesquisador Ricardo Bualo.

Segundo divulgado no site do Inta, o coordenador do projeto, Guillermo Berra, diz que  "a quantidade de gases coletados varia de acordo com o alimento ingerido e com o tamanho do animal; uma vaca adulta emite cerca de 1.200 litros por dia, dos quais entre 250 e 300 são metano".

Os pesquisadores sugerem uma forma barata e prática de capturar os gases: uma espécie de mochila usada pela vaca, com um tubo inserido no tubo digestivo para coletar o gás.

Projeto não causa danos aos animais, diz veterinário

O projeto recebeu críticas de pessoas e organizações em defesa dos direitos dos animais.

O coordenador do grupo e veterinário Guillermo Berra afirma que o projeto não causa danos aos bois e vacas. Segundo ele, a coleta dos gases é feita por meio de um tubo de 2 milímetros de diâmetro, colocado no animal com uso de anestesia local. A mochila usada nas costas do bicho deve ter, no máximo, 500 gramas, declara Berra.

"Esses animais levam uma vida semelhante à do resto do grupo: consomem seus alimentos, se movimentam e têm suas crias".

(Com AFP)