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Opiniões sobre troca de ministros: improviso, lugar comum e gasto ilimitado

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Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

18/12/2015 20h13

O Palácio do Planalto confirmou nesta sexta-feira a indicação de Nelson Barbosa para assumir o Ministério da Fazenda, no lugar do ministro Joaquim Levy, que deixa o governo. O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Valdir Simão, será o novo ministro do Planejamento.

"A presidenta agradece a dedicação do ministro Joaquim Levy, que teve papel fundamental no enfrentamento da crise econômica", disse Dilma Rousseff em nota.

Veja abaixo comentários de especialistas e políticos, feitos à agência de notícias Reuters, sobre a mudança no comando da equipe econômica.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investments

"A saída (de Levy) era esperada. O Levy foi trazido para tentar salvar o grau de investimento do Brasil. Mas ele não conseguiu, não por sua culpa, mas devido a tudo, especialmente um ambiente político desafiador."

"Ela (Dilma Rousseff) está improvisando ao escolher o Barbosa. Nenhum economista iria aceitar ingressar em um governo que não tem clareza se irá sobreviver. Ela tinha que achar uma solução interna. Uma vez que a situação política for definida, ela pode pensar em outra pessoa. Eu não vejo Barbosa como uma escolha definitiva." 

"O mercado vai avaliar negativamente, porque Barbosa é visto como mais leniente, menos radical... Mas o ajuste fiscal forte que os mercados querem, de 2% do PIB, é simplesmente inviável na situação política que estamos hoje."

Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores

"Foi uma escolha excelente. Trata-se de um ministro experiente, com reconhecidas qualidades técnicas, habilidade política e sempre aberto ao diálogo. Minha expectativa é de que, sob a orientação da presidenta, sinalize para a população e para o empresariado medidas para a retomada do crescimento econômico, com inclusão social, geração de empregos, sustentabilidade, investimentos em infraestrutura e inflação sob controle."

Paulo Rabello de Castro, sócio da agência SR Rating

"O governo está deixando mais claro que prefere partir de zero de credibilidade em política econômica para um número negativo. Houve um embate entre o ministro super gastador e outro ajustador e o primeiro ganhou a queda de braço. Nossa trilha é o gasto ilimitado." 

Senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), presidente da Comissão Mista de Orçamento

"Não tenho facilidade de achar isso uma saída que agradará as diversas correntes de pensamento da área econômica. Se ela (Dilma) vai fazer a política dos que pensam absolutamente iguais, não vai ter a ousadia necessária para tentar sair dessa crise. Eu realmente me surpreendi. Achei que ela não iria cair no lugar comum. Nelson Barbosa é pessoa muito equilibrada, muito eficiente, mas hoje não é só isso que estamos precisando. Vamos torcer para que ele acerte na direção."

Deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)

"Saída de Joaquim Levy é uma grande perda para o nosso país. Estamos agora nas mãos de economistas atrasados e irresponsáveis."

Deputada Maria do Rosário (PT-RS)

"A semana chega ao fim com mudança positiva no Ministério da Fazenda. Nelson Barbosa possui mais proximidade com programa eleito nas urnas do que o Joaquim Levy."

Neil Shearing, economista-chefe de Mercados Emergentes da Capital Economics 

"A confirmação de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pediu demissão não é nenhuma surpresa --por algum tempo tem sido uma questão de quando, em vez de se Levy iria deixar o cargo. No entanto, o crescente sentimento de disfunção no coração do governo irá perturbar os mercados. Achamos que sela outra subida das taxas de juros no próximo mês."

Alberto Ramos, diretor de Pesquisa Econômica para América Latina do Goldman Sachs 

"Os mercados vão reagir de forma negativa por causa da grande reputação do ministro (Levy) e também por medo de que o substituto do Levy vá sinalizar uma volta ao populismo fiscal, ou heterodoxia. Em vez de buscar um esforço de consolidação fiscal, o fiscal será usado como instrumento para sobrevivência política, dado o processo de impeachment. Levy foi ineficiente, incapaz de implementar sua visão fiscal, mas ele estava tentando. O medo é que vai haver menos tentativa e eventualmente uma volta para o lado heterodoxo."

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating

"O mercado deve ficar azedo na segunda-feira por essa postura (do ministro Nelson Barbosa) mais flexível aos interesses do governo, mais expansionista. Não é nada saudável neste momento que a gente precisa de pulso firme e mais austeridade. Acho que o governo avaliou que já que perdemos o grau de investimento e vai ser difícil recuperar tão cedo, decidiu fazer o que queria fazer desde o início, que é seguir para o lado mais expansionista."

Denise Pavarina, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima)

“O Brasil passa por um momento desafiador. Já mantemos uma agenda conjunta com o Ministério da Fazenda que busca aumentar a participação das fontes privadas de financiamento na nossa economia e seguiremos apoiando todas as iniciativas de política econômica que contribuam para a estabilidade que o mercado precisa para crescer.”

(Com Reuters)