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Banco de crédito estuda agências com cafeteria e unidade móvel na praia

Divulgação
Imagem: Divulgação

Roger Marzochi

Colaboração para o UOL, de São Paulo

18/05/2017 04h00

A cooperativa de crédito Unicred (de Paraná e Santa Catarina) planeja lançar até o fim deste ano uma agência bancária que vai funcionar também como cafeteria. Em até dois anos, a cooperativa espera contar ainda com uma agência móvel, que circulará nas praias dos dois Estados durante o verão. Também deve percorrer cidades onde ocorrem eventos do setor de saúde.

Os projetos podem ser ampliados para outros locais do país no futuro. A cooperativa tem 236 agências e 183 mil clientes no Brasil. No Paraná e Santa Catarina são 63 agências, com 67 mil clientes.

Pesquisa divulgada pela Febraban na semana passada mostra que o mobile banking (por celular) tornou-se o canal preferido dos brasileiros em 2016 e foi responsável por 34% das operações (eram 20% no ano anterior), seguido pelo internet banking (por computador), com 23%.

“O modelo ortodoxo, com ampla infraestrutura e muitos caixas, mudou. As agências serão menores, mas integradas à rotina dos cooperados. Eles dificilmente se deslocam para uma agência apenas para resolver assuntos financeiros”, diz Luis Schuler, diretor de operações da central da Unicred. O novo conceito de agência cafeteria foi inspirado no banco americano Capital One, segundo ele.

Nas agências com cafeterias do Capital One, o cliente pode degustar um café enquanto aprende formas de administrar suas finanças, além de tirar dúvidas com os gerentes sobre seus investimentos.

"O número de agências será reduzido no futuro, e as que ficarem precisam se adequar a um novo público", diz Roger Pires Müller, cofundador da Ilegra, consultoria e integradora de sistemas de Porto Alegre, que está desenhando a agência do futuro da Unicred.

Bancos estudam como maximizar o uso da agência

Agências grandes, com amplos estacionamentos, estão dando espaço para empreendimentos imobiliários, nos quais a agência em si será redefinida em um espaço menor.

“Hoje é muito custoso deixar agência subtilizada em um terreno nobre da cidade”, afirma Álvaro Taiar, sócio da consultoria americana PricewaterhouseCoopers, que estuda a remodelagem de agências bancárias no Brasil.

Grandes agências também podem criar espaços para oferecer computadores com acesso à internet para a população e áreas de palestras sobre produtos financeiros e economia.

“Sobrou espaço na agência? Vamos fazer cafetaria, sala de treinamento de serviços financeiros, lan house. Isso está sendo estudado pelos bancos para maximizar o uso da agência”, afirma Taiar.

Japan House e Starbucks em espaço de agências do Bradesco

O Bradesco é um exemplo de uso da infraestrutura para outras finalidades. Dentro de uma agência na Avenida Paulista, em São Paulo, foi criado o Centro Cultural Japan House, inaugurado no final de abril, em um acordo com o governo do Japão. O espaço de outra agência na Paulista foi locado pela Starbucks para a instalação de uma franquia da cafeteria americana.

Centro Cultural Japonês Japan House foi instalado em espaço de agência bancária do Bradesco  - Eduardo Gomes/Divulgação - Eduardo Gomes/Divulgação
Em espaço de agência do Bradesco em São Paulo foi instalado o Japan House
Imagem: Eduardo Gomes/Divulgação

Apesar disso, o número de agências do banco vem crescendo: 5.112 agências hoje contra 3.162 em 2007. “Muitas já estão sendo adaptadas dentro do novo modelo de negócio, mais compacto, com espaços menores e com equipes especializadas focadas cada vez mais para os negócios”, diz Aurélio Guido Pagani, diretor executivo do Bradesco. Para ele, o formato físico é ainda importante no Brasil, pois nem todos têm acesso às novas tecnologias.

José Roberto Machado Filho, diretor executivo do Santander, diz que o banco já está se adequando à nova realidade: planeja criar o conceito de agência como um market place, compartilhando o espaço com parceiros, para atuar junto aos clientes. A instituição não revela quais seriam esses parceiros.

O Santander também apresenta crescimento no número de agências. Em 2015, o banco possuía 2.263 agências e 1.176 Postos de Atendimento Bancário (PABs). Em 2004, eram 1.888 agências e PABs. “Num país com as dimensões do nosso, a presença física é e continuará sendo relevante.”

Menos agências, mais tecnologia

Ricardo Munhoz, diretor de mercado da Atos no Brasil, integradora de sistemas francesa, diz que haverá uma queda no número de agências no país e, as que forem remodeladas, terão um alto padrão tecnológico. 

“A agência do futuro é aquela que vai complementar o banco digital. Ela não terá como finalidade pagar contas, mas orientar o cliente em produtos complexos, como investimentos.”

A Atos fez parte da remodelagem das agências do banco ING na Bélgica, em 2016. O banco faz reconhecimento facial do cliente, assim que ele entra na agência. A informação é enviada para o gerente em seu relógio inteligente, que pode dar continuidade às dúvidas que o cliente teve em suas consultas no meio digital em mesas interativas.

“Esse movimento é muito rápido na Europa, cujos bancos estão reduzindo drasticamente suas agências. Mas esse é um conceito que estamos começando a apresentar aos bancos brasileiros”, diz.

No Reino Unido, nos últimos dois anos, mais de mil agências foram fechadas em decorrência do uso cada vez maior do celular nas operações financeiras. O HSBC liderou o movimento: 321 agências fechadas no período; outras 62 devem fechar em 2017.

“As agências, no entanto, não vão acabar”, afirma Eduardo Diniz, professor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP. Segundo ele, 11% dos empréstimos precisam ter ativos em patrimônio, conta na qual entra a rede de agências. “Mas o desenho das agências será diferente, com áreas menores, uso intenso de tecnologia e poucos funcionários.”

Empresa mostra como agência bancária será montada no futuro

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