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Lira diz que Guedes tem que se submeter a Ciro Nogueira: 'Hierarquização'

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) - Michel Jesus/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) Imagem: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

15/02/2022 09h44Atualizada em 15/02/2022 09h49

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve se submeter ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que é também o presidente do PP.

"As pessoas me perguntam se houve uma superposição do ministro Ciro sobre o ministro Guedes. Não. Todo governo tem que ter uma hierarquização: o presidente da República, o ministro da Casa Civil e depois os outros ministros", disse ele em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Lira continuou, dizendo que seria ruim sem a coordenação da Casa Civil. "Tem que ter quem fale pelo governo. O ministro da Economia tem que ser ouvido, é figura-chave com relação aos projetos econômicos, mas ele não pode ter a palavra final se o governo vai querer fazer política de saneamento. Isso aí é governo", afirmou.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) editou um decreto que amplia o poder da pasta de Nogueira, dando a ela o poder de dar a palavra final em impasses entre os ministérios. Antes, Bolsonaro já havia cedido o controle da execução do Orçamento da União à Casa Civil, atribuição que era do ministério de Guedes.

A medida chega em um momento de acirramento da disputa entre as equipes de Guedes e auxiliares palacianos e representa uma tentativa de Bolsonaro de ganhar mais apoio político em ano eleitoral, com o objetivo de fazer frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pesquisas de opinião mostram que o atual chefe do Executivo está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do petista.

ICMS sobre os combustíveis

Na mesma entrevista, Lira também falou sobre os projetos para reduzir o preço dos combustíveis, dizendo que a PEC sugerida pelo governo para diminuir o imposto sobre a gasolina poderia afetar o câmbio, o que fez com que perdesse força na Casa. O foco dos parlamentares agora é sobre o projeto que altera o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) desses produtos.

"A turma da Economia tem dito que esse desarranjo das PECs pode desarranjar o dólar e os juros e aí a gente viu com mais cuidado", disse. "Não temos interesse nenhum em atrapalhar o caminho involutivo que o dólar está tendo e que a inflação terá".

Ele continuou, dizendo que a questão do ICMS "está mais clara". "Os governadores estão com mais dinheiro do que precisam por causa do excesso de arrecadação do ICMS e todos querendo dar aumento para servidores públicos. O governo federal não pode e não vai dar aumento".

Legalização dos jogos de azar pode ser votada antes do Carnaval

O parlamentar também falou sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil, projeto que tem forte oposição da bancada evangélica. Segundo Lira, a proposta pode ser votada antes do Carnaval.

"A bancada evangélica fez apelos para não votar no sistema remoto. Após o Carnaval, voltaremos ao sistema presencial, mas podemos votar o projeto antes", disse.

Ele defendeu a regularização para que os jogos sejam tributados. "Os jogos existem no Brasil, sob os olhos de todos, e não pagam um real sequer de imposto. Patrocinam da seleção brasileira ao time mais humilde, tem 800 mil máquinas de bingo funcionando no país. Não estamos inventando o que não existe, a ideia é regulamentar para que deixe recursos no Brasil e gere empregos."

*Com Reuters