Parcelamento sem juros está na cultura do brasileiro, dizem shoppings

Os brasileiros que frequentam shoppings preferem passar a compra no cartão de crédito do que pagar no débito ou Pix. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers). O estudo mapeou o comportamento da população que frequenta os shoppings e destacou a importância do cartão de crédito para a população e para os lojistas.

Perfil de consumo nos shoppings

74% dos frequentadores de shoppings preferem pagar com o cartão de crédito. Em segundo lugar vem o cartão de débito (63%), seguido por Pix (52%) e dinheiro (45%). Seja no parcelado sem juros ou não, o cartão de crédito é um dos mais importantes meios de pagamento para o setor e "representa por boa parte do faturamento dos shoppings", diz Glauco Humai, presidente da Abrasce.

Cartão de crédito é o meio o mais usado por consumidores nas faixas entre 30 a 44 anos (77%) e de 45 a 59 anos (78%). O estudo levou em consideração 4.300 frequentadores de shoppings com mais de 17 anos de todo o Brasil, no período de fevereiro a março deste ano.

Quanto maior a renda, maior o uso do cartão. Dentre a população que ganha entre 6 e 10 salários mínimos, 81% prefere esse meio de pagamento. Dentre os que recebem entre 10 e 15 salários, o número sobe para 86%.

Parcelamento da compra no cartão faz parte da cultura do brasileiro e isso "alavancou o varejo". Segundo o presidente da Abrasce, a modalidade impulsiona o setor, caiu no gosto dos consumidores e possibilita que as pessoas comprem o que não têm condições de pagar à vista. "Não se pode extinguir uma ferramenta que é útil de um dia para o outro sem uma opção justa para a população", diz.

O consumidor brasileiro é muito acostumado a comprar por meio do parcelamento sem juros. Isso já está na cultura do brasileiro. Em geral, ao entrar numa loja para comprar uma geladeira, uma TV ou um celular, o brasileiro médio já solicita a modalidade.

Acabar com a modalidade seria ruim para o varejo em geral. As empresas e consumidores já entraram em um ponto de equilíbrio em relação a esse parcelamento. Seja as empresas financiando, seja aplicando o valor e recebendo o valor aplicado, é uma modalidade essencial para a população, até mesmo em função da elevada taxa de juros. Faço eco a outras entidades do varejo, de outros segmentos, que têm apontado essa dificuldade em se acabar com a modalidade.
Glauco Humai, presidente da Abrasce

O que os brasileiros mais compram

Fazer compras é o principal motivo para ir ao shopping. Dentre os entrevistados, 43% afirmaram que vão aos empreendimentos para comprarem novos itens, 31% pelo lazer, 21% pela alimentação e 5% pelos serviços em geral. O estudo levou em consideração 4.300 frequentadores de shoppings com mais de 17 anos de todo o Brasil, no período de fevereiro a março deste ano.

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Calçados e roupas são os itens mais consumidos. Enquanto 58% vão aos estabelecimentos para comprar sapatos, 54% querem adquirir novas peças de vestuário.

53% do público que frequenta shoppings é feminino. Já menos da metade (47%) são homens. Do total, 46% dos consumidores preferem comprar em centros comerciais por acharem seguro e 36% avaliam como um local prático para resolver as pendências da rotina.

75% dos entrevistados costumam pesquisar o preço na internet. Antes de comprar em uma loja física, as pessoas adquiriram o hábito de comparar os valores para escolher a opção que caiba no bolso.

Não se pode acabar com parcelamento sem juros ou com a opção de rotativo sem uma opção justa para a população, é necessário achar formas que solucionem essa questão dos juros absurdos.

Glauco Humai, presidente da Abrasce

Entenda a discussão

Recentemente, presidente do BC falou em "disciplinar" parcelamento. Roberto Campos Neto levantou a possibilidade de se criar uma tarifa para desincentivar o parcelamento sem juros no cartão de crédito. A modalidade é apontada pelos bancos como responsável pelas altas taxas, que chegaram em agosto a 445,7% ao ano.

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A possibilidade de acabar a modalidade de parcelamento sem juros abriu uma discussão entre grandes bancos, varejo e fintechs. Associações do setor de comércio e serviços defendem a modalidade de pagamento. As entidades se uniram para pedir que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não deixe que os bancos acabem com o parcelamento sem juros. Além da Abrasel, integram a campanha a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços), Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção e a CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas).

Projeto de Lei aprovado pelo Senado estabelece limite para as taxas de juros do rotativo do cartão. Pelo texto, a taxa de juros máxima fica limitada a 100%. Ou seja: a dívida pode no máximo dobrar no período de um ano. O texto, porém, não trata do fim do parcelamento de compras sem juros. Durante a tramitação do projeto, interlocutores do setor bancário procuraram parlamentares para negociar mudanças relacionadas aos juros de compras parceladas. A pressão, contudo, não surtiu efeito e os relatores da Câmara e Senado não trataram do tema na proposta.

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