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Minoritários da OGX fracassam em plano de participar do conselho

12/09/2013 20h20

RIO DE JANEIRO, 12 Set (Reuters) - Acionistas minoritários da petroleira OGX fracassaram, nesta quinta-feira, no plano de participar do Conselho Fiscal da companhia, em assembleia geral extraordinária que deixou ainda mais conflituosa a relação entre controladores e minoritários.

Faltou quorum para votar a participação do representante dos acionistas Willian Magalhães no Conselho Fiscal da OGX, disseram acionistas presentes ao evento, realizado na sede da empresa.

A OGX, por sua vez, conseguiu eleger três novos membros para seu Conselho de Administração, que estava desfalcado.

Já insatisfeitos pela grave crise financeira que se abateu sobre a OGX, com resultados bem diferentes do que havia sido prometido pela empresa, os acionistas também se irritaram com a votação de conselheiros eleitos na assembleia.

"Vamos pedir a nulidade desta assembleia. O Júlio (Klein), que já é conselheiro da OSX (empresa de construção naval do grupo EBX), simplesmente não estava presente, não pôde ser arguido por nós e foi aprovado mesmo assim, mesmo diante do conflito de interesse", afirmou o engenheiro Henrique Nunes, que representa um grupo de 50 detentores de ações.

Julio Alfredo Klein Junior foi indicado por Eike Batista para assumir uma das vagas do Conselho de Administração da empresa.

"Não pode o mesmo conselheiro da OSX ser da OGX, uma empresa passa dinheiro para outra", completou outro acionista, Aurélio Valporto, economista que também tentará na Justiça para tentar anular a eleição dos conselheiros.

Segundo eles, a eleição de um segundo membro do Conselho, Pedro Borba, de última hora, também prejudica a ação dos minoritários. "Não tivemos acesso nem ao currículo dele."

O presidente da OGX, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, também foi eleito na assembleia como membro independente do Conselho de Administração.

Os acionistas ouvidos pela agência de notícias Reuters já previam dificuldades para obter representatividade na companhia.

"Muito difícil reunir 2% do capital da empresa", afirmou Valporto, referindo-se ao mínimo necessário para a votar a proposta.

Procurada, a assessoria de imprensa da OGX não foi encontrada para comentar o assunto.

Eike mantém questionamento

A eleição dos conselheiros foi realizada num momento em que o controlador da empresa mantém o questionamento ao exercício da opção que o obriga a injetar até US$ 1 bilhão na petroleira, que atravessa uma crise financeira.

A OGX exerceu a opção, conhecida como "put", com objetivo de obter imediatamente US$ 100 milhões do US$ 1 bilhão prometido pelo empresário.

A derrocada da OGX, que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de Eike, ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira.

No início de julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos antes consideradas promissoras.

Com situação crítica de caixa e fracasso em sua campanha exploratória até o momento, em agosto a OGX desistiu de adquirir nove dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de R$ 280 milhões ao governo por direitos exploratórios.

A petroleira --com uma dívida acima de US$ 4 bilhões, a maioria em bônus no exterior-- espera completar a venda de uma fatia em blocos de petróleo que possui para a malaia Petronas, para conseguir um alívio no caixa.

A Petronas, porém, aguarda a conclusão da reestruturação da dívida da OGX para dar prosseguimento ao negócio de US$ 850 milhões com a petroleira brasileira.

(Reportagem de Sabrina Lorenzi)