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Analistas comentam a queda de 0,5% do PIB no 3º trimestre

03/12/2013 10h24

SÃO PAULO, 3 Dez (Reuters) - A economia brasileira encolheu no terceiro trimestre deste ano, primeiro resultado negativo e o pior em mais de quatro anos, afetada sobretudo pela queda dos investimentos.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 0,5% entre julho e setembro quando comparado com o segundo trimestre, o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,6%, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na comparação com igual período de 2012, a atividade no trimestre passado cresceu 2,2%.

Veja a seguir comentários de analistas e economistas sobre os números do PIB.

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  • Raphael Salimena/UOL

Enestor dos Santos, economista, BBVA

"Todo mundo já sabia que seria um número negativo, e foi pior do que estávamos esperando. Assistimos nas últimas semanas a um aumento do pessimismo com relação ao país, e esse dado vai contribuir para isso. Aumenta muito a possibilidade de que tenhamos uma última alta da Selic em janeiro, mas não descartaria que nem houvesse alta em janeiro."

Alexandre Schwartsman, sócio-diretor da Schwartsman & Associados e ex-diretor do BC

"No geral, os dados do terceiro trimestre reforçam a percepção de que o fraco crescimento da produção não é um traço cíclico, mas sim o resultado de baixo potencial de crescimento.

"Dito isso, a não por outra série de revisões, parece improvável que o crescimento do PIB possa alcançar 2,5% como atualmente mostrado na pesquisa Focus. Para conseguir isso, o crescimento do PIB no último trimestre teria que alcançar 1,6% (6,5% anualizado). Assim, um número em torno de 2,3% (ou ainda marginalmente mais baixo) parece mais provável."

Humberto Barbato, presidente da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica)

"A queda do PIB não surpreende a indústria e demonstra que, infelizmente, também em 2013 teremos, mais uma vez, um crescimento pífio. Este resultado é insuficiente para um país que tem as carências de infraestrutura como o Brasil.

"Isto já se tornou crônico, o que mostra o esgotamento do modelo econômico brasileiro de 2009 para cá (...) Não há qualquer sinal de melhora para o horizonte do setor industrial, que caminha para uma semi-estagnação, devendo apresentar crescimento desprezível. Para melhorar a capacidade de competição da economia brasileira, é necessário atacar entraves que há anos são empurrados com a barriga, como a burocracia do Estado, a pesada carga tributária e a persistente guerra fiscal. Porém, tais desafios normalmente não são enfrentados em um ano eleitoral."

Cesário Ramalho, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira)

"O recuo no PIB agropecuário reflete o cenário de preços deprimidos e mercados frágeis, diante da pressão de grandes safras de laranja e café no terceiro trimestre. O Brasil é maior produtor mundial destas duas commodities. É uma questão de mercado e excesso de produção. Outra coisa que causa impacto negativo é a questão do milho, que teve uma safra recorde no ano passado, mas agora chega a ser vendido abaixo do custo de produção"

Rafael Bacciotti, economista, Tendências Consultoria

"O desempenho da agropecuária veio abaixo do esperado, mostrando um cenário de pouco mais de acomodação no ritmo de crescimento. Na indústria houve surpresa positiva, basicamente pela extrativa. Mas serviços acabou surpreendendo para baixo.

Mantemos visão de crescimento oscilando em patamares mais baixos. Nossa projeção para este ano sofre ligeira correção e de 2,4 por cento deve ser revista para algo como 2,2 por cento por conta desse resultado do terceiro trimestre. Para 2014 não altera a perspectiva de 2,1 por cento."

Flávio Serrano, economista sênior, Espírito Santo Investment Bank

"A maior surpresa foi a desaceleração mais intensa de serviços, porque o consumo das famílias continuou forte. Em linhas gerais, a despeito das mudanças metodológicas, temos a confirmação de PIB fraco. Olhando pela ótica da demanda, vemos claramente que está ficando mais evidente a questão da diferença entre oferta e demanda.

Mostra que não conseguimos crescer embora existam diversas medidas para estimular o consumo. O resultado prático é déficit em conta corrente e mais inflação, como consequência de um desequilíbrio macroeconômico de pouca produção para muito consumo. O quarto trimestre começa fraco, e o crescimento no ano deve ficar mais próximo de 2,2 a 2,3 por cento do que os 2,5 por conta que tínhamos antes."

André Perfeito, economista-chefe, Gradual Investimentos

"Os números do PIB mostram que a política monetária está tendo alguns efeitos na economia. Vale destacar que uma das coisas que mais caiu foram os gastos de capital, que é o grande desafio do governo. Esses são dois fatores que pesaram bastante.

O desafio é ver os investimentos se recuperarem mais e melhorar a situação das importações. Vou revisar minhas projeções para o próximo ano um pouco para baixo, de 2,7 por cento para talvez 2,4 ou 2,5 por cento."

Paulo Petrassi, economista, Leme Investimentos

"Os números foram fracos, mas não afetarão muito o mercado, a desconfiança no mercado é mais na situação fiscal. O mercado estava esperando um resultado fraco.

A alta da popularidade da Dilma é ruim porque a deixa muito confortável para continuar a fazer mais do que está fazendo, que é dizer nada. Quanto mais sobe (a popularidade), menos as taxas de juros vão aumentar. A inflação já está alta infelizmente. Veremos um banco central que está limitado em seus esforços de levar a inflação para o centro da meta.