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Entrevista: baixo crescimento do Brasil é ameaça no longo prazo, diz S&P

Walter Brandimarte

28/03/2014 14h47

COSTA DO SAUÍPE, Bahia, 28 Mar (Reuters) - A classificação de crédito do Brasil pode ser ameaçada novamente se a economia do país continuar a crescer a um ritmo lento nos próximos cinco anos, disseram analistas da Standard & Poor's depois que a agência rebaixou o país nesta semana.

Embora a S&P tenha destacado que o grau de investimento do Brasil não corra riscos por enquanto, os analistas alertaram sobre o declínio nas expectativas de crescimento.

"É impressionante como o consenso sobre a tendência de crescimento no Brasil está caindo rapidamente e ninguém percebe o quanto isso é problemático", afirmou o analista da S&P Sebastian Briozzo à agência de notícias Reuters, às margens de reunião promovida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento na Costa do Sauípe, Bahia.

"Se você cresce a 2% por cinco anos, vamos ver quanto isso é sustentável", acrescentou.

Acreditava-se que o crescimento potencial do Brasil --taxa em que a economia consegue se expandir sem desencadear inflação-- estava em mais de 4% há apenas quatro anos. Agora, muitos economistas estimam menos de 3%.

Crescimento mais lento "torna tudo mais difícil" pois corrói a receita do governo, reduzindo a margem para políticas para estimular a economia ou reagir a choques, disse Briozzo. No caso do Brasil, grandes despesas fixas relacionadas a dívida, salários e pagamentos de pensão ampliam o problema.

"A falta de flexibilidade é crucial para nós. Não vemos perspectivas de melhora", afirmou Briozzo, citando uma das principais razões que levaram a S&P a cortar a classificação de crédito do país para "BBB-" nesta semana.

Ele afirmou que o lado fiscal é claramente o "elo mais fraco" no Brasil, mas a S&P também baseou a decisão em "sinais mistos de política" do governo sobre como melhorar a performance fiscal antes das eleições presidenciais em outubro.

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