Como proteger seu patrimônio da turbulência global a curto ou longo prazo
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As Bolsas de Valores do mundo têm passado por forte volatilidade desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou seu tarifas sobre importações de mais de 180 países e recebeu retaliação da China.
Desde o dia do "tarifaço", 2 de abril, até ontem, a Bolsa dos EUA caiu 12,1%, quando medida pelo indicador S&P 500.
Diante disso, o que fazer para proteger seu patrimônio? A resposta é que depende do prazo em que você pretende deixar o dinheiro aplicado e também do risco que você está disposto a correr.
Na coluna de hoje eu explico os caminhos mais indicados para quem quer proteger seu dinheiro a curto ou longo prazo e também para aqueles que aceitam correr algum nível de risco.
O que aconteceu?
A Bolsa dos EUA já vinha caindo desde meados de fevereiro, mas acentuou fortemente a queda depois do tarifaço de Trump, seguido de retaliação da China.
Com isso, em 2025, o S&P 500 acumulou uma queda de 17,4% até o dia 8 de abril. No mesmo período, o dólar caiu 3%.
Do ponto de vista de quem mora no Brasil (e está sujeito tanto à variação das ações quanto à do dólar), um investimento nesse índice da Bolsa americana resultou em uma queda de 20% desde o início do ano até o dia 8. Já a Bolsa brasileira acumulou um ganho de 3% no período.
Muitos influenciadores, em cenários de crise interna ou externa, recomendam investir nos EUA para proteger o patrimônio. O que eles não falam é que esse tipo de estratégia, embora tenha chance de trazer um resultado excelente, também tem um risco alto, como se vê nos dados acima.
Como se proteger a curto prazo
Se você quer proteger seu patrimônio a curto prazo, seja devido a uma crise no Brasil ou no mundo, a opção de investir no exterior deve estar totalmente descartada.
A curto prazo, ainda mais em momentos de turbulência global, a previsibilidade é muito baixa. Se você precisar resgatar o dinheiro daqui a uma semana, um mês, seis meses ou um ano, existe uma chance razoável tanto de ganhar dinheiro quanto de perder. Pode ser interessante para quem quer especular, não para quem quer se proteger.
Em qualquer cenário econômico, com crise ou sem crise, a forma mais segura para investir a curto prazo é em aplicações pós-fixadas com liquidez diária. O título que melhor cumpre essa função é o Tesouro Selic, que faz parte do Tesouro Direto e é a opção mais segura que existe no país.
Outras opções são CDBs, LCAs e LCIs pós-fixados, ou seja, aqueles cuja rentabilidade é definida como uma porcentagem do CDI. Com esses investimentos, é possível ter um retorno um pouco maior do que no Tesouro Selic, mas o risco é maior. Para estar protegido com esses papéis, nunca ultrapasse o limite de R$ 250 mil por banco emissor. Caso a instituição financeira quebre, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) lhe paga o que for do seu direito, até esse valor limite.
Como se proteger a médio prazo
Quando você tem certeza de que não vai precisar resgatar o dinheiro em menos de seis meses, existem outras opções além do Tesouro Selic e dos títulos privados (CDB, LCA e LCI) com liquidez diária.
Em prazos a partir de seis meses já existem CDBs, LCAs e LCIs sem liquidez, que em geral rendem um pouco mais.
Se você tiver ainda mais tempo para manter o dinheiro aplicado, o Tesouro Direto oferece mais opções além do Tesouro Selic. Por exemplo, o Tesouro IPCA com vencimento em 2029. No mercado secundário (fora do site do Tesouro Direto), é possível investir também em um Tesouro IPCA que vence em 2026.
Apenas lembre-se de que esses títulos só garantem uma rentabilidade positiva se você aguardar até o vencimento. Caso não tenha certeza de que pode esperar, é melhor ficar no Tesouro Selic, para garantir.
Como se proteger a longo prazo
Se você deixar o dinheiro aplicado por mais de cinco anos e quer o menor risco possível, o Tesouro Direto continua sendo a melhor opção por ser a mais segura.
Caso deseje uma rentabilidade um pouco mais alta, mas ainda quer ficar em aplicações de risco baixo, pode ir para um CDB, LCA ou LCI, desde que permaneça dentro do limite de R$ 250 por banco emissor e de R$ 1 milhão no total.
O investimento no exterior como forma de proteger o patrimônio só é válido para quem aceita algum grau de risco, mesmo a longo prazo.
Isso porque só vale a pena investir nos EUA se for em renda variável. Conforme mostrei na minha coluna recentemente, nos últimos 20 anos, o Tesouro Direto superou, com enorme vantagem, o investimento em renda fixa americana, mesmo considerando a variação cambial.
Sendo assim, ao investir nos EUA você estará correndo os riscos da renda variável. Embora nos últimos anos a Bolsa americana tem gerado resultados excelentes para quem ganha e gasta em reais, nem sempre é assim.
Por exemplo, de 2000 a 2010, o índice S&P 500, da Bolsa americana, acumulou uma queda de 23,9%, enquanto dólar desceu 2,7%. Assim, o brasileiro que aplicou nesse índice teve uma perda de mais de 26%, sem contar a inflação. Em uma aplicação que rendesse 100% do CDI, o rendimento teria sido de 344%.
Se escolher investir no exterior, esteja ciente de que pode passar por esse tipo de situação.
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